Publicado 12/05/2023 21:17
São Paulo, 12 - A Polícia Federal fez buscas nesta quinta-feira (11) na casa do ex-chefe do Gabinete de Documentação Histórica da Presidência da República Marcelo da Silva Vieira, no Rio, em operação que investiga a entrada ilegal no Brasil de joias sauditas durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). Capitão de corveta da reserva, Vieira era responsável por classificar os presentes recebidos pelo então presidente. Os agentes apreenderam o aparelho celular do militar.
Na operação desta quinta, os policiais buscavam documentos na investigação sobre o caso das joias, revelado pelo Estadão. Até ser demitido, em janeiro, Vieira tinha a função de indicar se os presentes que Bolsonaro ganhava deveriam ficar com ele ou ser destinados ao acervo da União.
Em outubro de 2021, a Receita apreendeu, no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, um conjunto de colar, anel, relógio e brincos de diamantes avaliados em R$ 16,5 milhões. Os itens estavam com a comitiva do então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e seriam presente da Arábia Saudita para Bolsonaro e para a então primeira-dama Michelle. Com o pacote retido por falta de declaração, o governo deu início a uma série de tentativas para reaver os bens.
Ofício
Vieira depôs à PF há um mês sobre as joias e implicou Bolsonaro e o então ajudante de ordens da Presidência, tenente-coronel Mauro Cid, na ofensiva para recuperá-las. Segundo Vieira, Cid pediu que ele fizesse um ofício solicitando à alfândega o envio das joias ao acervo presidencial.
O capitão afirmou que não executou a tarefa porque estava além de suas funções. Ao explicar a situação para Bolsonaro, Vieira disse ter ouvido: "Ok, obrigado".
O advogado Eduardo Kunt, que representa o capitão, criticou a operação desta quinta-feira. "Estou surpreso com a violação do direito de Vieira, depois que ele prestou depoimento e foi colaborativo."
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