Publicado 23/05/2023 16:25
Brasília - É falso um vídeo que usa supostas imagens de exames para afirmar que as vacinas contra a covid-19 causam trombose venosa profunda. O conteúdo usa como referência um brasileiro que se apresenta como biólogo e que teria visto coágulos "maciços" no sistema vascular de imunizados através de uma máquina inventada por ele, mas não há registros oficiais comprovando o fato.
A universidade onde afirma ter estudado informou que ele não concluiu o curso de Ciências Biológicas. Já o equipamento foi criado para detecção de dor e não para analisar outros problemas de saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Fiocruz afirmam que casos de trombose em vacinados contra a covid-19 são raros; as duas entidades atestam que os benefícios da vacinação superam os riscos.
Conteúdo investigado: Vídeo que afirma que exames termográficos mostram que vacinados contra a covid-19 desenvolvem trombose e ficam assintomáticos mesmo com a suposta presença de coágulos sanguíneos "maciços" no organismo.
Onde foi publicado: Twitter e Telegram.
Conclusão do Comprova: É falso um tuíte que afirma que um suposto cientista brasileiro teria detectado trombose venosa profunda em pacientes vacinados contra a covid-19. O texto diz que a suposta trombose seria visível em imagens geradas por um aparelho criado pelo próprio cientista, Felipe Reitz. Porém, o equipamento em questão utilizaria imagens termográficas (que medem temperatura em locais do corpo) para identificar dor, não para detectar coágulos sanguíneos.
Felipe Reitz, segundo a plataforma Lattes, estudou Biologia e Relações Internacionais, além de se identificar como inventor e "consultor da Nova Era". Conforme a Universidade Federal de Santa Catarina, ele ingressou no curso de Ciências Biológicas em 1991, mas nunca concluiu a graduação.
Ele é o criador de um equipamento que mediria níveis de dor chamado de "Reitz Scan", que teve financiamento do governo de Santa Catarina e foi apresentado ao Ministério da Saúde em 2018. Não há informações oficiais de que a máquina seja capaz de identificar coágulos sanguíneos ou qualquer outra condição de saúde além de dor.
O vídeo que acompanha a postagem desinformativa no Twitter foi originalmente publicado por Greg Reese no Instagram e traduzido pelo perfil investigado. Reese é editor de uma publicação americana conhecida por disseminar conteúdos desinformativos.
Ele utiliza imagens retiradas de um vídeo no YouTube de 23 de agosto de 2022 em que Reitz é entrevistado, em inglês, por uma médica estadunidense. Nessa entrevista, o brasileiro diz ter imagens que mostram coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas assintomáticas e danos que seriam provocados pelo “óxido de grafeno” presente nas vacinas. Como já foi desmentido diversas vezes, não há grafeno nos imunizantes contra a covid-19.
No perfil do Facebook de Reitz, é possível notar que ele publica constantemente conteúdos antivacina, principalmente ligados à vacinação contra a covid-19. Ele classifica a imunização em massa contra o coronavírus como um "experimento biológico". Para Felipe Reitz, as vacinas foram criadas para matar, o que não é verdade.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Fiocruz já atestaram que, apesar de terem sido relatados, casos de trombose venosa em vacinados são raros, com registros entre 0,2 e 3 casos para cada 100 mil doses aplicadas. Os benefícios das vacinas superam os riscos relacionados ao uso desses produtos. Assim, os imunizantes são considerados seguros e seguem sendo recomendados.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O vídeo legendado e postado no canal do Telegram foi visto 33 mil vezes até o dia 16 de maio de 2022. No Twitter, o mesmo conteúdo teve 33,8 mil visualizações.
Como verificamos: A partir da informação de que todas as vacinas contra a covid-19 aplicadas no Brasil tiveram o aval da Anvisa e que o diagnóstico de trombose por causa do imunizante é considerado raro, o Comprova buscou saber quem era Felipe Reitz, o homem apresentado pela peça de desinformação como o "biólogo" que disse ter diagnosticado pacientes com grandes coágulos sanguíneos.
A partir de um print retirado do vídeo, com a imagem de Felipe Reitz, o Comprova utilizou o aplicativo PimEyes para pesquisar fotos semelhantes e concluiu que o homem apresentado na desinformação era um empresário que atualmente trabalha como consultor. Entramos em contato com Reitz pelo Facebook e pelo LinkedIn, mas não houve resposta.
Contatamos a Universidade Federal de Santa Catarina, para saber se ele havia se formado em Biologia e a Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) a respeito da formação em Relações Internacionais. Também pesquisamos a origem da informação e das imagens que supostamente demonstrariam a trombose. Encontramos uma entrevista de Felipe Reitz com uma médica norte-americana no YouTube publicada em agosto de 2022 em que ambos falam sobre o assunto. Para saber sobre a máquina termográfica de diagnóstico citada, buscamos registros do equipamento no Inmetro e na Anvisa (por se tratar de aparelho de uso médico).
Quem é Felipe Reitz
Onde foi publicado: Twitter e Telegram.
Conclusão do Comprova: É falso um tuíte que afirma que um suposto cientista brasileiro teria detectado trombose venosa profunda em pacientes vacinados contra a covid-19. O texto diz que a suposta trombose seria visível em imagens geradas por um aparelho criado pelo próprio cientista, Felipe Reitz. Porém, o equipamento em questão utilizaria imagens termográficas (que medem temperatura em locais do corpo) para identificar dor, não para detectar coágulos sanguíneos.
Felipe Reitz, segundo a plataforma Lattes, estudou Biologia e Relações Internacionais, além de se identificar como inventor e "consultor da Nova Era". Conforme a Universidade Federal de Santa Catarina, ele ingressou no curso de Ciências Biológicas em 1991, mas nunca concluiu a graduação.
Ele é o criador de um equipamento que mediria níveis de dor chamado de "Reitz Scan", que teve financiamento do governo de Santa Catarina e foi apresentado ao Ministério da Saúde em 2018. Não há informações oficiais de que a máquina seja capaz de identificar coágulos sanguíneos ou qualquer outra condição de saúde além de dor.
O vídeo que acompanha a postagem desinformativa no Twitter foi originalmente publicado por Greg Reese no Instagram e traduzido pelo perfil investigado. Reese é editor de uma publicação americana conhecida por disseminar conteúdos desinformativos.
Ele utiliza imagens retiradas de um vídeo no YouTube de 23 de agosto de 2022 em que Reitz é entrevistado, em inglês, por uma médica estadunidense. Nessa entrevista, o brasileiro diz ter imagens que mostram coágulos sanguíneos em pessoas vacinadas assintomáticas e danos que seriam provocados pelo “óxido de grafeno” presente nas vacinas. Como já foi desmentido diversas vezes, não há grafeno nos imunizantes contra a covid-19.
No perfil do Facebook de Reitz, é possível notar que ele publica constantemente conteúdos antivacina, principalmente ligados à vacinação contra a covid-19. Ele classifica a imunização em massa contra o coronavírus como um "experimento biológico". Para Felipe Reitz, as vacinas foram criadas para matar, o que não é verdade.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Fiocruz já atestaram que, apesar de terem sido relatados, casos de trombose venosa em vacinados são raros, com registros entre 0,2 e 3 casos para cada 100 mil doses aplicadas. Os benefícios das vacinas superam os riscos relacionados ao uso desses produtos. Assim, os imunizantes são considerados seguros e seguem sendo recomendados.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O vídeo legendado e postado no canal do Telegram foi visto 33 mil vezes até o dia 16 de maio de 2022. No Twitter, o mesmo conteúdo teve 33,8 mil visualizações.
Como verificamos: A partir da informação de que todas as vacinas contra a covid-19 aplicadas no Brasil tiveram o aval da Anvisa e que o diagnóstico de trombose por causa do imunizante é considerado raro, o Comprova buscou saber quem era Felipe Reitz, o homem apresentado pela peça de desinformação como o "biólogo" que disse ter diagnosticado pacientes com grandes coágulos sanguíneos.
A partir de um print retirado do vídeo, com a imagem de Felipe Reitz, o Comprova utilizou o aplicativo PimEyes para pesquisar fotos semelhantes e concluiu que o homem apresentado na desinformação era um empresário que atualmente trabalha como consultor. Entramos em contato com Reitz pelo Facebook e pelo LinkedIn, mas não houve resposta.
Contatamos a Universidade Federal de Santa Catarina, para saber se ele havia se formado em Biologia e a Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul) a respeito da formação em Relações Internacionais. Também pesquisamos a origem da informação e das imagens que supostamente demonstrariam a trombose. Encontramos uma entrevista de Felipe Reitz com uma médica norte-americana no YouTube publicada em agosto de 2022 em que ambos falam sobre o assunto. Para saber sobre a máquina termográfica de diagnóstico citada, buscamos registros do equipamento no Inmetro e na Anvisa (por se tratar de aparelho de uso médico).
Quem é Felipe Reitz
Reitz diz no currículo Lattes que estudou biologia na Universidade Federal de Santa Catarina. A instituição afirma que ele ingressou no curso em 1991 mas não concluiu a graduação. Utilizado como fonte no conteúdo investigado, ele se apresenta no LinkedIn como um consultor empresarial. Seu trabalho atual listado na rede profissional é o de autônomo e "diretor consultivo para a Nova Era que se aproxima".
No perfil no LinkedIn, Reitz afirma acumular experiências nas áreas de gestão e relação com investidores. No currículo Lattes ele diz ser graduado em Relações Internacionais pela Universidade do Sul de Santa Catarina, em 2014. O Comprova fez contato com a instituição para confirmar a formação, mas não obteve retorno.
Consta, no Lattes, o título de seu trabalho de conclusão de curso: BRICS – Um comparativo sobre o desempenho econômico do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul no período 2002-2010.
Felipe Reitz foi fundador da Reitz Innovation, uma extinta empresa especializada em “Quantificação de Dor”. Também foi sócio-administrador da empresa Global Detecta Complementação Diagnóstica, de fabricação de equipamentos terapêuticos.
Nenhuma das empresas atuava no ramo da vacinação. Elas desenvolviam máquinas para diagnóstico médico. A Reitz Innovation, inclusive, apresentou seus equipamentos ao departamento médico do time de futebol do Avaí. O site do clube mostra o registro desta reunião. O encontro entre Felipe Reitz e representantes do Avaí ocorreu no ano de 2018.
As empresas de Felipe Reitz encerraram as atividades, de acordo com a Receita Federal, em agosto de 2022. Atualmente, ele consta como sócio de uma empresa de web design e processamento de dados.
A Anvisa informou que não encontrou registros de equipamentos termográficos referentes ao nome "Reitz Scan" ou "Felipe Reitz". Uma busca na base de dados do Inmetro por esses mesmos termos não retornou resultado.
Trombose e vacinas contra a covid-19
No perfil no LinkedIn, Reitz afirma acumular experiências nas áreas de gestão e relação com investidores. No currículo Lattes ele diz ser graduado em Relações Internacionais pela Universidade do Sul de Santa Catarina, em 2014. O Comprova fez contato com a instituição para confirmar a formação, mas não obteve retorno.
Consta, no Lattes, o título de seu trabalho de conclusão de curso: BRICS – Um comparativo sobre o desempenho econômico do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul no período 2002-2010.
Felipe Reitz foi fundador da Reitz Innovation, uma extinta empresa especializada em “Quantificação de Dor”. Também foi sócio-administrador da empresa Global Detecta Complementação Diagnóstica, de fabricação de equipamentos terapêuticos.
Nenhuma das empresas atuava no ramo da vacinação. Elas desenvolviam máquinas para diagnóstico médico. A Reitz Innovation, inclusive, apresentou seus equipamentos ao departamento médico do time de futebol do Avaí. O site do clube mostra o registro desta reunião. O encontro entre Felipe Reitz e representantes do Avaí ocorreu no ano de 2018.
As empresas de Felipe Reitz encerraram as atividades, de acordo com a Receita Federal, em agosto de 2022. Atualmente, ele consta como sócio de uma empresa de web design e processamento de dados.
A Anvisa informou que não encontrou registros de equipamentos termográficos referentes ao nome "Reitz Scan" ou "Felipe Reitz". Uma busca na base de dados do Inmetro por esses mesmos termos não retornou resultado.
Trombose e vacinas contra a covid-19
Uma edição do Comprova Explica esclareceu por que eventos adversos após a vacinação da covid-19 são raros e que os benefícios superam os riscos.
No fim de 2022, o Ministério da Saúde emitiu uma nota alterando as recomendações de uso das vacinas contra a covid-19 desenvolvidas com a tecnologia de vetor viral, como a da Oxford/AstraZeneca e a da Janssen. Ambos imunizantes passaram a ser indicados preferencialmente para pessoas com mais de 40 anos.
Segundo a nota, houve relatos de casos de síndrome de trombose com trombocitopenia (STT) em pessoas que receberam esses imunizantes. Contudo, a incidência é pequena, estimada entre 0,2 e 3 casos por 100 mil doses aplicadas.
O documento diz ainda que, embora haja a possibilidade raríssima de eventos adversos graves, os benefícios da vacinação contra a covid-19 superam os riscos. “Diferentes publicações estimam entre 300 mil a 800 mil vidas salvas pela vacinação apenas no primeiro ano da campanha de vacinação.”
O que diz o responsável pela publicação: O Comprova tentou contato com perfil no Twitter que disseminou o conteúdo aqui investigado, mas ele não permite o envio de mensagens. Ao analisar o perfil no Twitter, Rumble e no Telegram, é possível ver que o usuário traduz e legenda diversos vídeos desinformativos originalmente publicados em inglês ou russo. Ele se identifica como tradutor.
O que podemos aprender com esta verificação: Conteúdos desinformativos com frequência utilizam imagens chocantes de exames médicos ou de pessoas doentes para captar a atenção do público e como supostas "provas" da afirmação feita. É importante saber a origem daquela imagem e se ela corresponde à informação que a acompanha. Outra pista de que a informação não é verdadeira é que o autor do suposto estudo e inventor da máquina que identifica trombose é brasileiro e não há nenhum registro sobre a descoberta dele na imprensa profissional brasileira. O que existe são registros dele e do equipamento em reportagens relacionadas à detecção e medição da dor.
Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Outras checagens sobre o tema: O Comprova já desmentiu inúmeros conteúdos que ligavam a vacinação contra a covid-19 aos mais diversos problemas de saúde, como Aids, câncer, danos genéticos, mortes em crianças, lesões nos órgãos e até “DNA alienígena”. A iniciativa também explicou por que eventos adversos após a vacinação da covid-19 são raros e que os benefícios superam os riscos.
No fim de 2022, o Ministério da Saúde emitiu uma nota alterando as recomendações de uso das vacinas contra a covid-19 desenvolvidas com a tecnologia de vetor viral, como a da Oxford/AstraZeneca e a da Janssen. Ambos imunizantes passaram a ser indicados preferencialmente para pessoas com mais de 40 anos.
Segundo a nota, houve relatos de casos de síndrome de trombose com trombocitopenia (STT) em pessoas que receberam esses imunizantes. Contudo, a incidência é pequena, estimada entre 0,2 e 3 casos por 100 mil doses aplicadas.
O documento diz ainda que, embora haja a possibilidade raríssima de eventos adversos graves, os benefícios da vacinação contra a covid-19 superam os riscos. “Diferentes publicações estimam entre 300 mil a 800 mil vidas salvas pela vacinação apenas no primeiro ano da campanha de vacinação.”
O que diz o responsável pela publicação: O Comprova tentou contato com perfil no Twitter que disseminou o conteúdo aqui investigado, mas ele não permite o envio de mensagens. Ao analisar o perfil no Twitter, Rumble e no Telegram, é possível ver que o usuário traduz e legenda diversos vídeos desinformativos originalmente publicados em inglês ou russo. Ele se identifica como tradutor.
O que podemos aprender com esta verificação: Conteúdos desinformativos com frequência utilizam imagens chocantes de exames médicos ou de pessoas doentes para captar a atenção do público e como supostas "provas" da afirmação feita. É importante saber a origem daquela imagem e se ela corresponde à informação que a acompanha. Outra pista de que a informação não é verdadeira é que o autor do suposto estudo e inventor da máquina que identifica trombose é brasileiro e não há nenhum registro sobre a descoberta dele na imprensa profissional brasileira. O que existe são registros dele e do equipamento em reportagens relacionadas à detecção e medição da dor.
Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Outras checagens sobre o tema: O Comprova já desmentiu inúmeros conteúdos que ligavam a vacinação contra a covid-19 aos mais diversos problemas de saúde, como Aids, câncer, danos genéticos, mortes em crianças, lesões nos órgãos e até “DNA alienígena”. A iniciativa também explicou por que eventos adversos após a vacinação da covid-19 são raros e que os benefícios superam os riscos.
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