Ex-procurador da Lava Jato foi cassado por unanimidade pelo TSE, no dia 16 de maioLula Marques/ Agência Brasil
Publicado 07/06/2023 09:30
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No último dia oficial como deputado federal, Deltan Dallagnol (Podemos-PR) permaneceu a maior parte do tempo isolado, contemplativo e acolhido por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Apenas a presidente do Podemos, Renata Abreu, estava no gabinete do ex-coordenador da Lava Jato, localizado no 7º andar do Anexo 4, quando o jurista recebeu a notícia da confirmação da cassação pela Mesa Diretora da Câmara.
Por volta das 19h desta terça-feira, 6, Dallagnol desceu para o plenário da Câmara. Na tribuna, Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) discursava em defesa do colega cassado. Ali, Deltan foi abraçado por Adriana Ventura (SP) e Marcel van Hattem (RS), ambos parlamentares do Novo.
O ex-procurador da Lava Jato foi cassado por unanimidade pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no dia 16 de maio. Segundo a Corte, Dallagnol antecipou a saída do Ministério Público Federal (MPF) para evitar eventuais procedimentos administrativos disciplinares (PADs) e contornar, assim, a Lei da Ficha Limpa. Naquele dia, Van Hattem e quatro deputados bolsonaristas que visitaram o deputado cassado no gabinete para manifestar solidariedade. "Nunca vi o Deltan assim", disse, na ocasião.
Nesta terça-feira, 6, Dallagnol passou boa parte do tempo observando os discursos solidários dos poucos colegas presentes. A reportagem identificou que foram nove deputados bolsonaristas apoiando. A assessoria dele fazia lives gravando as falas dos colegas como as do próprio Deltan. A que teve o maior número de visualizações foi durante a entrevista dada à imprensa na frente do seu gabinete, por volta das 18h30 - 13 mil pessoas assistiram. Os emojis mais usados pela audiência eram os de choro e de coração.
A última live foi o "ato final" no plenário. Já com o ambiente vazio, ele posou para fotos, fez um último registro com quatro de seus assessores e perguntou para a funcionária se deveria fazer uma transmissão. "Acho que seria uma boa para falar com as pessoas", disse o deputado, que logo foi gravar. A reportagem acompanhou a fala por alguns minutos. O pico encontrado foi de 4,9 mil espectadores simultâneos. Ele repetiu parte das declarações de mais cedo.
Terminada a live, Dallagnol ainda falou para o Estadão. Ele afirmou se sentir "indignado". "O sistema corrupto (está) reocupando as posições de poder, de domínio. Isso nos deixa indignados", disse. Ele foi o último parlamentar a deixar o plenário da Casa, já por volta das 21h. "A gente é um país em que está acontecendo uma inversão de valor. A gente é um país da integridade", afirmou. "E o que a gente vê é um grande retrocesso."
Dois petistas criticaram a Lava Jato na frente de Deltan após a confirmação da cassação: Pedro Uczai (SC) e Bohn Gass (RS). "O lavajatismo destruiu o Brasil. Quantas empresas foram destruídas?", questionou o deputado gaúcho. Ao Estadão, Dallagnol rebateu: "Vejo com naturalidade eles tentando atacar a Lava Jato porque é o eterno bode na sala dos petistas, do presidente Lula. A Lava Jato provou a grande corrupção petista".
Nos últimos minutos, restou tempo para poucas coisas. O ex-deputado voltou para o gabinete com o resto da equipe para a última atividade. Saíram da Câmara às 22h para um jantar juntos - os assessores levavam malas.
 
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