São Paulo confirma o primeiro caso de contaminação por superfungo© CDC/Dr. Leanor Hailey/Direitos reservados
Publicado 08/06/2023 20:10 | Atualizado 08/06/2023 20:19
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São Paulo - São Paulo confirmou o primeiro caso de contaminação pelo superfungo Candida auris no Estado. A doença, registrada em 18 de maio, foi diagnosticada em um bebê prematuro que está internado no Hospital da Mulher da Universidade de Campinas (Unicamp), o Caism, no interior paulista. Em nota, o Caism informa que o bebê infectado apresenta boa evolução clínica, e algumas das fragilidades encontradas no seu estado de saúde estão relacionadas ao fato da criança ter nascido de forma prematura.
O hospital afirmou também que, até o momento, a contaminação pelo Candida auris não atingiu outros pacientes do hospital e que continua monitorando outros internados para se certificar de que não há mais infecções pelo superfungo na unidade.
De acordo com o hospital da Unicamp, foi adotada a metodologia de precaução de contato para todos que foram atendidos por médicos que lidaram com o caso. "Iniciar essa medida frente à simples hipótese de infecção ajuda a conter a disseminação de patógenos e a proteger pacientes e profissionais da saúde", afirmou o Caism.
Outras medidas de prevenção e controle da doença foram adotadas pelo hospital, como limpeza concorrente (na presença do paciente) do local de internação, no mínimo a cada três horas; desinfecção dos equipamentos médico-hospitalares; orientação às equipes sobre as técnicas adequadas de higienização das mãos e de paramentação e redução do número de visitas ao caso fonte.
O Caism informou que o caso já foi notificado às autoridades sanitárias, que o incluirão em seus próximos boletins sobre a Candida auris. Por meio de nota, a Secretaria de Saúde do Estado informou que o hospital implementou "todas as medidas de prevenção e controle" sobre a doença, e a Vigilância Sanitária monitora as estratégias que vêm sendo adotadas no local.
CARACTERÍSTICA. A Candida auris tem alta letalidade e capacidade de resistir aos remédios usados para combater o agente patológico. Há várias linhagens e algumas são imunes a todas as três classes de remédios existentes. Embora os meios de transmissão sejam incertos, a contaminação dentro de hospitais é um traço comum no histórico do superfungo.
No Brasil, onde o primeiro caso foi detectado em 2020, já foram registrados três surtos da doença: dois em Salvador, na Bahia, e um mais recente no Recife, em Pernambuco. Todos aconteceram dentro de unidades hospitalares. O terceiro surto foi o mais severo, atingindo 48 pessoas entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022.
Os casos voltaram a surgir este ano. No dia 11 de maio, a confirmação de um diagnóstico positivo para a doença levou o hospital estadual Miguel Arraes, da cidade de Paulista, na região metropolitana do Recife, a suspender o recebimento de novos pacientes na unidade.
Três dias depois, um paciente que estava internado em um hospital da capital pernambucana também foi contaminado. Somente a ala onde ele estava foi isolada.
De lá para cá, outras pessoas testaram positivo e fizeram o Estado nordestino somar, até quarta-feira, nove confirmações de contaminados para C. auris. A alta letalidade pode estar relacionada justamente ao fato de contaminar pacientes hospitalizados que já estão com a saúde fragilizada. Segundo agências de saúde como o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, do governo dos Estados Unidos (CDC, na sigla em inglês), a taxa de mortalidade dos infectados chega a 60%.
"Candida auris é uma espécie de cândida caracterizada pela sua notável resistência aos antifúngicos. É uma levedura resistente a muitas drogas", diz o infectologista Flávio Teles, coordenador do Comitê de Micologia da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), em um comentário gravado ao site da entidade "Essa espécie de cândida exige medidas rigorosas de controle porque é um agente de transmissão hospitalar e difícil de ser eliminado", afirma o especialista.
MEDIDAS. O CDC informa que as principais medidas de prevenção e controle contra a C.Auris são a higienização das mãos (usar luvas não é suficiente), limpeza e desinfecção do local onde o paciente está internado e dos equipamentos que estão sendo utilizados.
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