Principal volume de chuva do ciclone e frente fria terão maior impacto especialmente neste sábado, 8Divulgação/Governo do Estado do Rio Grande do Sul
Publicado 08/07/2023 07:29
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O ciclone que atinge a região Sul do país neste fim de semana não deve ser tão forte quanto o que foi registrado em junho. Segundo previsão do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), o final de semana deve ser de grandes volumes de chuva no litoral da região Sul, próximo ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Segundo o meteorologista Olivio Bahia, do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), no caso deste ciclone, "a frente fria ajuda a provocar mais chuvas do que propriamente ventos", mas "a chuva preocupa".

"Alguns modelos de medidores superam 100 mm em menos de um dia e, isso, a depender de onde cai, na região de Porto Alegre, uma região de montanha, bastante povoada, pode provocar impacto."

Os ventos, conforme o especialista, também podem ter consequências, mas não da mesma forma que foi registrada no mês passado.

De acordo com Bahia, o principal volume de chuva trazido por este ciclone e pela frente fria terão maior impacto especialmente neste sábado, 8, quando regiões consideradas de risco devem ter mais atenção. Nesse período, ainda são esperadas "rajadas de vento de 70 km/h, o que pode provocar quedas de galhos, derrubadas de árvores e, muito provavelmente, a interrupção do sistema de energia".

Conforme o meteorologista , o que ajuda a medir o impacto de um ciclone é a intensidade e o local onde o núcleo dele é formado.

"O ciclone nada mais é do que uma área de baixa pressão. Se ele estiver muito próximo à costa, vai provocar mais impacto, porque estará ventando em uma área muito povoada. Se ele estiver no mar, o impacto é mais marítimo, então depende muito do posicionamento e da intensidade", explica. "O cuidado aumenta a depender de onde o sistema atua."
O registrado em junho, segundo ele, deve ter se formado no continente ou próximo à costa, por isso o impacto foi maior, provocando pontos de alagamento e mortes em diversos municípios.

Em vídeo publicado nas redes sociais nessa quinta-feira, 6, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul pediu que a população que mora em áreas de risco busquem abrigo para se proteger das chuvas intensas.

"Se você mora em áreas de risco, busque um local seguro. Vá para residência de familiares, de amigos, ou procure um dos abrigos oferecidos pela prefeitura do seu município. Faça a sua parte, porque Defesa Civil somos todos nós", afirmou o chefe da Casa Militar e coordenador da Defesa Civil, coronel Luciano Boeira.

Entre os lugares de risco estão áreas de morro, com encosta e montanhosas, que geralmente sofrem com grandes volumes de chuva. Além de buscar lugares seguros para se abrigar, o meteorologista alerta para ações a serem evitadas quando há chuvas com raios:
"A população deve evitar, por exemplo, usar o celular conectado ao cabo de energia e, se tiver telefone fixo, também evitar usar, porque uma descarga elétrica que caia por ali pode provocar um acidente e até levar a óbito", pontua. Ele ainda indica "evitar se abrigar embaixo de árvores e estruturas metálicas no momento da chuva e/ou vento, porque elas costumam atrair descargas elétricas."

Em relação ao mar, Bahia afirma que o ideal é não entrar na água, seguindo as orientações da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros. "Quem gosta de sair para velejar e pescar deve redobrar os cuidados, já que o tempo vai estar ventoso e as ondas devem superar os 3 metros de altura, principalmente em alto-mar."

Novo ciclone na próxima semana também impacta outras regiões
O impacto deste ciclone, segundo o meteorologista, deve terminar entre o final de sábado e o domingo, 9, quando dará uma "trégua". No entanto, ele alerta para a formação de uma nova frente fria e de um novo ciclone já no início da próxima semana. "O tempo fica bastante instável nos próximos dias, melhora um pouco e volta", afirma.

Até domingo, o ciclone "se afasta da costa, diminui a condição de chuva, mas, logo em seguida, no início de segunda para terça, começa o processo de formação de um novo sistema, ou seja, um novo ciclone e uma nova frente fria", explica.

Segundo Bahia, é comum que esse tipo de fenômeno seja registrado na região. "No Sul, o processo de formação de frentes é constante, ao longo do ano inteiro."

Este novo sistema também pode impactar outras regiões do país. "Deve derrubar as temperaturas não só no Sul, mas essa frente deve avançar e também em parte do Sudeste e do Centro-Oeste do Brasil", afirma.

Tragédia em junho
Um ciclone atingiu a região Sul do país no mês de junho, deixando 16 mortos e causando bloqueios em estradas. Fortes temporais e pontos de alagamento foram registrados em diversas cidades do Rio Grande do Sul.

No dia 15 do mês passado, após o ciclone deixar um rastro de destruição, o prefeito de Maquiné, no Litoral Norte do RS, João Marcos Bassani, fez um apelo nas redes sociais para que a população deixasse suas casas.

"Eu vou pedir a todos assim, ó, saiam das suas casas! Está enchendo! Não passa mais. No centro de Maquiné, a gente não está conseguindo sair de caminhão, não conseguimos chegar. O centro da cidade está tomado de água. O centro da cidade nunca esteve assim, pelo menos na história recente. A previsão se confirmou", disse ele em vídeo ao vivo transmitido durante a noite.

À época, a Defesa Civil alertou para chuvas intensas e volumosas com risco de enxurrada em algumas áreas.
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