Ex-diretor-geral da PRF em depoimento à CPMI do GolpeLula Marques/Agência Brasil
Publicado 09/08/2023 09:35 | Atualizado 09/08/2023 11:06
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Preso nesta quarta-feira, 9, pela Polícia Federal (PF), Silvinei Vasques é um dos principais alvos da Operação Constituição Cidadã, que investiga o suposto uso da máquina pública para interferir no segundo turno das eleições de 2022. Aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF) já estava sendo investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) em razão da operação do órgão que obstruiu as estradas do Nordeste durante o turno eleitoral.

Paranaense, de 48 anos, Silvinei faz parte do quadro da PRF desde 1995. Em apenas um ano, entre 2007 e 2008, o servidor ocupou dois cargos de confiança na prefeitura do município de São José, quarta cidade mais populosa do estado, durante a adminstração do então prefeito Elias Fernando Melquíades (PSL).
Foi Secretário Municipal de Segurança Pública e depois comandou a pasta dos Transportes, além de ocupar outras posições de gerência, inclusive como superintendente da PRF em Santa Catarina. Antes de se tornar diretor, seu último posto foi como Superintendente da PRF no Rio de Janeiro, entre 2019 e 2021.
Em abril de 2021, Silvinei assumiu o posto de diretor-geral da PRF quando o então presidente Bolsonaro deu posse a Anderson Torres no Ministério da Justiça. O policial ficou 8 meses na posição e, durante esse tempo, chegou a fazer diversas publicações em sua conta pessoal com fotos com o ex-presidente durante eventos e com legendas em que continham agradecimentos ao governo e ao ex-chefe do Executivo pelos investimentos na instituição.

Silvinei nunca escondeu o apoio ao ex-presidente. Durante as eleições de 2022, o policial usou a conta para defender o voto em Bolsonaro. A publicação em formato de stories mostrava uma foto da bandeira do Brasil e a escrita: “Vote 22, Bolsonaro presidente”. A postagem foi apagada horas depois. O apoio político público fez com que o ex-diretor-geral da PRF passasse a ser investigado pela Justiça do Rio de Janeiro por improbidade administrativa.

Durante o segundo turno, sob liderança de Vasques, a Polícia Rodoviária Federal realizou mais de 500 operações nas estradas e rodovias. Durante o dia, eleitores denunciaram abordagens irregulares da corporação e a PRF foi acusada pelo PT de atuar para dificultar o voto de eleitores.
A justificativa era que seria preciso combater o transporte irregular de eleitores, principalmente no Nordeste, onde o então candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, tinha mais votos.
Posteriormente, como mostrou o Estadão, o cenário era outro: a estratégia do órgão foi selada em uma reunião no Palácio da Alvorada com coordenadores da campanha do então presidente Bolsonaro. Desde então, Vasques é investigado sobre essa ocorrência. Após ser exonerado do cargo em dezembro de 2022, e já alvo de investigações, Silvinei se aposentou.

Primeiro interrogado pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro, Vasques falou por 12h e negou que policiais da instituição tenham sido usados para boicotar ou dificultar o deslocamento de eleitores no dia da votação. O policial aposentado também tentou blindar o ex-presidente das acusações de uso da estrutura da PRF no pleito de 2022.

“Eu nunca utilizei do cargo para benefício eleitoral do presidente, se fosse assim nós teríamos que autorizar metade dos servidores públicos daquela época”, afirmou Silvinei em sua defesa. “As fotos que tenho com o presidente Bolsonaro foi porque ele deixou eu tirar e as fotos foram postadas na minha hora de folga”, prosseguiu. “Não seria eu que mudaria o resultado da eleição”, concluiu durante oitiva.

Após o depoimento, a senadora e relatora do colegiado, Eliziane Gama (PSD-MA), afirmou que vai incluir em seu relatório final a sugestão do PSOL de propor ao Ministério Público a abertura de uma notícia-crime contra Silvinei; O partido acusa o policial aposentado de mentir, durante oitiva à comissão, sobre o número de abordagens em estados do Nordeste na eleição de 2022.
Polêmica em processo envolvendo agressão de frentista
Antes de se envolver com a polêmica com o TSE por descumprir a decisão do Ministro Alexandre de Moraes, Vasques também esteve no centro de outra confusão envolvendo a agressão de um frentista de um posto de gasolina. No depoimento a vítima afirma que o agressor só parou para espancá-lo após funcionários do posto gritarem para parar.
"Diante da recusa do requerente (de lavar as viaturas) um dos policiais começou a espancá-lo, com a ajuda de um segundo policial, começou a desferir socos em seu abdômen e suas costas".
O trabalhador alegou na justiça do estado de Goiás ter sido espancado por policiais rodoviários por 'se recusar a lavar as viaturas da PRF'. A ação correu em âmbito estadual até 2012, até a primeira condenação, onde a União foi obrigada a pagar valor fixado em R$ 20 mil à vítima da violência policial.
A União pagou a indenização e cobrou o valor de Silvinei que recorreu então à Justiça de Santa Catarina, estado onde servidor fez carreira na PRF e chegou à superintendência da unidade regional em 2011.
O jornal 'Metrópoles' chegou a solicitar acesso aos processos envolvendo o servidor, mas foi informada que ações tem "acesso restrito pelo prazo máximo de 100 anos".
*Com informações do Estadão Conteúdo
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