O deputado Valmir Assunção disse que as acusações são infundadasZeca Ribeiro/Agência Câmara
Publicado 09/08/2023 18:05
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São Paulo - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ouviu nesta terça-feira, 8, três assentados sobre a atuação dos líderes do movimento. Uma das depoentes foi a ex-participante do Acampamento São João, Vanuza dos Santos de Souza, que acusou o MST de expulsá-la da própria casa no assentamento por não concordar com orientações e direcionamentos defendidos pelas lideranças sem-terra. Ela também citou pressão política em eleições.
Segundo Vanuza, o deputado Valmir Assunção (PT-BA) foi responsável por conceder a ela, há 16 anos, o lote no acampamento, para que pudesse construir a casa, posteriormente destruída. Ela acusou o parlamentar petista de ser o mandante da ação.
Durante o depoimento, Vanuza afirmou ter "vergonha" de estar na condição de depoente e que as declarações dela não tinham o objetivo "difamar o movimento". "Eu tive coragem de estar aqui não para difamar o movimento, e sim pela minha honra e pela minha honestidade. Eu só queria ser dona de mim. Eu só queria ter o direito de ir e voltar. Eu só queria ter o direito de dizer 'eu não aceito essa decisão do MST' porque vai de encontro com princípios de direitos humanos e constitucionais", disse.
Vanuza afirmou que a casa dela no assentamento, no sul da Bahia, foi destruída e ela e os filhos, espancados. Em um vídeo, a ex-participante do Acampamento São João mostrou a situação da residência após a suposta ação dos líderes do movimento: móveis, janelas e telhados quebrados e panelas e roupas espalhadas pelo chão.
Ela relatou que sofria pressão política no assentamento durante períodos eleitorais. "No assentamento ou você vota, ou você perde a terra. Eu fui para rua durante anos e anos para fazer campanha para Valmir Assunção", afirmou. "Os líderes do assentamento diziam que o nosso maior líder era Valmir Assunção "
No Twitter, Assunção negou as acusações, chamou a CPI do MST de "teatro de horrores" e afirmou que o colegiado é "um palanque bolsonarista que não ajuda em nada a reforma agrária". Nas redes sociais, ele se identifica como "militante do MST".
A ex-integrante do MST também rebateu comentários de que ela teria se alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Por sorte ou azar do Bolsonaro, eu nunca votei nele. Ele nunca teve meu voto", disse.
Na sessão de terça, também prestaram depoimento Benevaldo da Silva Gomes, ex-participante do acampamento Egídio Bruneto; e Elivaldo da Silva Costa, presidente do Projeto de Assentamento Rosa do Prado. A reunião foi marcada por discussões entre os parlamentares.
Depoimento de Rui Costa é anulado
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, e ex-governador da Bahia, foi convocado para prestar depoimento para o comissão nesta quarta-feira, 9. O requerimento, entretanto, foi anulado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a pedido do deputado federal Nilto Tatto (PT-SP).
A convocação de Rui Costa foi vista como uma derrota ao governo Lula. Em julho, a Coluna do Estadão mostrou que o Planalto teme o depoimento do ministro por causa do histórico conflituoso entre Rui e o movimento, que pode acabar municiando a oposição. A Bahia é palco de diversas invasões do MST e Rui não esconde, nem de correligionários do PT nem de aliados do Planalto, a falta de simpatia pelo movimento.
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