Lula cumprimentando o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur LiraReprodução
Publicado 18/08/2023 15:09
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Brasília - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), desconversou sobre a entrada do Progressistas na base do governo Lula (PT) e disse que a decisão caberá apenas ao presidente da República. A declaração foi dada nesta quinta-feira (17) em um evento do partido em São Paulo (SP).

Lira afirmou que há conversas, mas não quis cravar qual pasta a legenda deve assumir no Palácio do Planalto. O presidente da Câmara ainda admitiu ter trabalhado para avançar as negociações e ressaltou que a construção da base facilitará o avanço das pautas no Legislativo.
“Isso depende da vontade do presidente da República, do tempo dele, porque vivemos em sistema de presidencialismo. Esperamos e trabalhamos para que o presidente acerte sua base, quando maior a base mais fácil para o governo e a nossa condição no plenário”, afirmou.

Nos bastidores, é dado como certo que André Fufuca (Progressistas-MA) assumirá o Ministério de Desenvolvimento Social, o preferido pela cúpula do partido de Lira. Entretanto, Fufuca deverá perder o Bolsa Família, carro-chefe do governo petista, responsável pela maior fatia do orçamento da pasta.

Além do MDS, o Progressistas deve ter a presidência da Caixa Econômica Federal para embarcar no governo Lula. A favorita para assumir o posto é a ex-deputada Margarete Coelho (Progressistas-PI).

Arthur Lira, porém, disse que o governo deve enfrentar dificuldades em pautas polêmicas, principalmente a que trata de impostos e ideológicas. Na pauta do Legislativo para este ano, dois projetos chamam a atenção do Planalto: a Reforma Tributária e o Arcabouço Fiscal. O último deve ser votado pelos deputados na próxima terça-feira (22).

“Temos nossas teses, nosso posicionamento e sempre coloquei os limites do plenário e não do presidente da Casa. Em algumas matérias, independentemente da base, terão muita dificuldade na discussão”, disse.“Não temos foco [de qual será o ministério], temos discussões. O governo pensa em aumentar sua base e o Progressistas pode, ou não, compor a base. Isso vai ficar a cargo do presidente da República, líderes partidários e presidente do partido”.

Questionado sobre como será articulação entre os deputados do partido que fazem oposição a Lula, Lira disse que a divisão é um ‘resquício da campanha eleitoral’ e prometeu unidade do partido em pautas importantes.

“Não é só o Progressistas tem esse problema. Isso é resquício da campanha eleitoral. O Brasil, infelizmente, foi divido em regiões que tiveram predominância para uma candidatura e outros de outro [candidato]. Nosso partido, quanto toma uma posição, tem uma unidade muito forte”, ressaltou o presidente da Câmara.
As falas de Lira contrariam as declarações do presidente da legenda, o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI). Ciro afirmou que o partido não fará parte da base do governo e prometeu punir deputados que votarem com o Lula na Câmara.
“Enquanto eu for presidente dos Progressistas, tenho mais 3 anos de mandato, jamais irá compor a base do presidente Lula. Tenho respeito as posições divergentes, mas sei que tenho a maioria entre os que pensam diferentes do governo Lula”, declarou

Ciro Nogueira ainda fez críticas ao modelo de governo adotado por Lula e chamou o governo de “naftalina”. Ele ainda disse respeitar opiniões diferentes, mas afirmou acreditar em escândalos na gestão petista.

“Acho que não podemos voltar aquela prática do passado que não deu certo de trocar cargos por acordo. É um governo que cheira naftalina. Eles [a bancada] que respondam aos seus eleitores. Vocês vão ver, dentro de pouco tempo vão estourar os escândalos e os prejuízos para o povo brasileiro nas nossas contas públicas”.
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