Publicado 07/09/2023 18:50
Brasília - O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, encerrou às 11h05 dessa quinta-feira o desfile de 7 de Setembro na Esplanada dos Ministérios. Foram cerca de 2 horas de cerimônia, concluídas com apresentação da Esquadrilha da Fumaça - uma atração tradicional da solenidade. O desfile reuniu 50 mil pessoas, na estimativa da Polícia Federal e do Exército repassada à imprensa pela assessoria do Palácio do Planalto. Não foram registrados incidentes e o evento transcorreu em clima de tranquilidade.
A solenidade foi pensada para transmitir uma mensagem de união depois de o ex-presidente da República Jair Bolsonaro ter usado a data para causar tensão política ao longo de seu mandato. Também foi mais um movimento para aproximar Lula dos militares.
Lula participou com a primeira-dama, Janja Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e diversos ministros. Janja participou do evento de vermelho, cor do Partido dos Trabalhadores. No desfile, ela usou um vestido da estilista brasiliense Letícia Gonzaga, que, segundo o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) apurou, foi feito sob medida para a primeira-dama.
Não compareceram os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Flávio Dino (Justiça), Waldez Góes (Desenvolvimento Regional), Carlos Lupi (Previdência) e Mauro Vieira (Relações Internacionais). Ana Moser, de saída do Esporte, também não compareceu.
O ministro Márcio França, que está sendo realocado de Portos e Aeroportos para Micro e Pequenas Empresas contra sua vontade, estava na tribuna mas manteve distância de Lula.
Também compareceram os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal (STF), Rosa Weber. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em Alagoas, não compareceu.
Clima amigável e sem protestos
O desfile de 7 de Setembro ocorreu sem maiores incidentes, sob aplausos do público e com clima amigável, sem protestos ou vaias da oposição ao governo. Ao contrário dos anos do ex-presidente Jair Bolsonaro, em que houve cartazes pedindo intervenção militar e ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), o público das arquibancadas ostentava apenas bandeiras do Brasil.
As camisetas de cores verde e amarela não foram predominantes, mas apareceram em maior número do que as vermelhas.
A entrada às arquibancadas foi restrita a 30 mil pessoas. A população teve de se cadastrar previamente na internet e levar consigo o QR Code gerado nesse processo para ser conferido pelo governo. Segundo os servidores que gerenciaram a entrada do público, a prática foi adotada para que o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) pudesse fazer uma análise do perfil das pessoas que desejavam prestigiar o desfile cívico.
Muitos tiveram de ficar do lado de fora aguardando por liberação Quem não conseguiu acessar o local acompanhou o desfile por telões instalados ao longo da Esplanada dos Ministérios. Nas entradas, houve registro de frustração de quem não conseguiu acesso.
Após apresentar o código virtual, as pessoas que compareceram ao evento ainda tiveram que passar por detectores de metais, além de serem submetidas a revista nas mochilas e bolsas. Quem entrou com garrafa de água, por exemplo, teve que a descartar no chão. Nas vias de acesso à Esplanada, a Polícia Militar do Distrito Federal também fez revistas.
No ano passado, quando foi comemorado o Bicentenário da Independência naquele que foi o último desfile sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quem quis acompanhar a cerimônia precisou passar apenas pelas barreiras policiais.
A organização distribuiu bonés com logo do Banco do Brasil e do governo federal, além de bandeiras com o slogan "Democracia, Soberania e União".
Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, o Palácio do Planalto emitiu a ordem para que todos os Ministérios do governo mobilizassem seus servidores para comparecer ao desfile. Integrantes do governo queriam evitar vaias e garantir aplausos durante a sua passagem em carro aberto. O que aconteceu, na prática, foram poucos aplausos durante a passagem de Lula. As vaias foram ainda menores. Boa parte do público das arquibancadas não reagiu à presença do presidente.
Viagem para a Índia
À tarde, Lula embarcou para a Índia, onde participará de reunião do G20. Ele deve embarcar de volta para o Brasil na segunda-feira, dia 11.
São Paulo
O desfile do 7 de Setembro em São Paulo, no Sambódromo do Anhembi, promoveu a gestão do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Ao fim das marchas a pé, quando integrantes da Guarda Civil Metropolitana (GCM) passaram pela pista do Sambódromo, o locutor da cerimônia citou políticas implantadas pelo mandatário e fez elogios. Nunes é pré-candidato à reeleição na disputa pela Prefeitura em 2024 e tem como principal adversário, de acordo com pesquisas, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL).
Uma das medidas exaltadas foi o programa Smart Sampa, que prevê a instalação de 20 mil câmeras com capacidade de reconhecimento facial. O projeto é visto pela gestão municipal como uma forma de reduzir a violência, sobretudo no Centro. O processo de licitação do programa foi interrompido duas vezes - uma pelo Tribunal de Contas do Município (TCM) e outra pela Justiça. Nas representações, adversários de Nunes argumentaram que o edital violava a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e direitos das minorias. Um documento com diretrizes do Smart Sampa chegou a citar cor da pele e "vadiagem" como critérios de identificação de suspeitos.
O locutor também citou abertura de concursos para a GCM pela gestão de Nunes. "Lançou o programa Dronepol, pioneiro na gestão pública do Brasil", disse em seguida.
O prefeito disse que não sabia que haveria menção às realizações de sua gestão. "Não estava sabendo. Nem sei quem fez o cerimonial. Talvez seja o reconhecimento do está sendo feito. E o prefeito sou eu", afirmou.
A secretária municipal de Segurança Urbana, Elza Paulina de Souza, disse que a locução foi feita por um inspetor da GCM que fez elogios ao prefeito de improviso.
Após o desfile, Nunes afirmou que espera que o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), no seu tempo, possa anunciar apoio à sua candidatura à reeleição. Questionado sobre a fala recente na qual disse que não tem proximidade com o ex-presidente, Nunes argumentou que o que quis dizer é que não tem tanta intimidade, como tem, por exemplo, com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), mas que está em busca desse apoio.
O prefeito frisou que não vê problema em receber apoio de Bolsonaro e que caso seja reeleito é ele, Nunes, quem irá governar, e não os apoiadores. Em seguida, acrescentou que o que está em pauta é uma eleição municipal.
No início da manhã, houve relatos da possibilidade de Bolsonaro comparecer ao evento, o que não se concretizou. Questionado sobre a possível presença do ex-presidente, Nunes disse que não teve acesso a essa informação, mas que Bolsonaro seria bem recebido.
Tarcísio de Freitas no 7 de Setembro
Na primeira comemoração da Independência desde o início de seu mandato, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, oficial da reserva do Exército, se esquivou da imprensa. Na véspera, seu partido, o Republicanos, entrou no governo Lula com o deputado Silvio Costa Filho (PE), que será ministro de Portos e Aeroportos.
Ele assistiu ao desfile cívico-militar no Sambódromo ao lado do prefeito Ricardo Nunes e do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ricardo Mais Anafe.
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