Pesquisadora faz medição e coleta de tecidos de botos mortos em lago no município de Tefé, no AmazonasMiguel Monteiro/Instituto Mamira
Publicado 02/10/2023 14:54
Publicidade
A ação emergencial de acompanhamento e possível retirada dos botos do Lago Tefé, no Amazonas, encontrou duas carcaças desses animais, informou nesta segunda-feira (2) o Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. A mobilização, realizada no final de semana, ocorreu após a morte de mais de 100 mamíferos aquáticos, como o boto vermelho e o tucuxi, que viviem no local.
No sábado (30), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) enviou equipes de veterinários e servidores do Centro de Mamíferos Aquáticos (CMA) e da Divisão de Emergência Ambiental, para apurar as causas da mortandade extrema desses mamíferos. Além da seca, a hipótese é que o calor esteja provocando as mortes de peixes e mamíferos na região.
A mobilização envolve organizações parceiras, como o Mamirauá, com ações de monitoramento dos animais ainda vivos, busca e recolhimento de carcaças, coleta de amostras da água para análises de doenças e acompanhamento da temperatura da água, que chegou a 40 graus Celsius (ºC).
“Seguimos na operação monitorando a temperatura do lago. No dia 28, a temperatura chegou a 39,1°C, caiu para 37ºC, na sexta e 32ºC, no sábado. No entanto, ontem, as 16h subiu para 37,8°C e a gente está muito alerta. Ainda não há avanço maior para saber a causa das mortes, mas a temperatura segue como candidato principal da causa da mortalidade, disse à Agência Brasil o integrante do instituto Mamirauá, Ayan Fleischmann.
Segundo Fleischmann, ainda não há atualização sobre o resgate dos animais ainda vivos que estão no lago. Na sexta-feira (29), o Mamirauá lançou um alerta à população que mora nas proximidades do Lago Tefé para evitar o contato com as águas do lago e também o uso recreativo.
Em entrevista ao programa Viva Maria, da Rádio Nacional da Amazônia, a coordenadora do Grupo de Pesquisa em Mamíferos Aquáticos Amazônicos do Mamirauá, Miriam Marmontel, disse, no sábado (30), que esses animais acabam atuando como sentinelas da qualidade da água e são os primeiros a ser afetados com mudanças provocadas no ambiente.
"Eles nos deram o alerta e agora a gente tem que ficar atento a isso. A tendência, se não mudarmos os nossos hábitos, esses eventos vão continuar acontecendo, mais aquecimento global, mudança nos parâmetros climáticos e eles estão utilizando um ambiente que utilizamos muito, especialmente no Amazonas. A água para é primordial para os amazônidas e essa água, que atualmente não está propícia para o boto, também não é propícia para o humano. Tanto para nadar, como consumir. Então que a gente fique muito alerta quanto a isso”, disse a pesquisadora.
Publicidade
Leia mais