Publicado 09/11/2023 20:06
Brasília - O vídeo que compara dois trechos de discursos de Lula, sendo que em um deles a voz aparece diferente, foi editado. O trecho em questão teve o áudio e o vídeo alterados para alimentar a teoria conspiratória de que o presidente teria sido substituído por um sósia. Análise de um perito forense apontou que o trecho foi acelerado, o que provoca uma mudança no áudio. Além disso, a imagem do vídeo foi invertida.
Conteúdo investigado: Vídeo exibe dois trechos de discursos de Lula, identificados com as datas de 27 e 28 de outubro. A voz do presidente do primeiro trecho é diferente da voz no segundo. Um homem aparece no vídeo falando que "a coisa está ficando séria". "Eu vou deixar dois vídeos aqui e eu duvido que vocês me falem qual é a diferença de um vídeo para o outro", afirma antes de apresentar os dois trechos de discurso. Na postagem ainda há as hashtags #bolsonaro, #foralula, #globolixoo, #bolsonaropresidente.
Onde foi publicado: TikTok.
Conclusão do Comprova: A voz do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não mudou do dia 27 para o dia 28 de outubro, como sugere vídeo publicado no TikTok. Trecho de um discurso do presidente teve o áudio e a imagem alterados para alimentar a teoria conspiratória de que Lula teria um sósia que governa em seu lugar, como mostram comentários no post.
O vídeo desinformativo exibe trechos de dois discursos de Lula, que teriam sido proferidos em dias subsequentes. O Comprova encontrou os vídeos originais dos discursos. O professor de Engenharia da Informação da Universidade Federal do ABC (UFABC) Mário Gazziro, que é perito forense, concluiu que um deles foi adulterado para mudar a voz de Lula.
O primeiro trecho foi retirado de um discurso durante um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto. O encontro ocorreu em 27 de outubro, e não no dia 28, como afirma o vídeo checado. A voz de Lula foi preservada no vídeo desinformativo.
Já o segundo trecho, que mostra o presidente com uma voz “diferente”, foi retirado de um pronunciamento na 1ª Reunião Plenária do Conselho da Federação, em 25 de outubro, também em data diferente daquela indicada no vídeo desinformativo.
Segundo o perito, ele passou por duas alterações no áudio:
- O trecho foi acelerado e a duração total foi reduzida em dois segundos, passando de 31 para 29 segundos, o que já promove mudança no áudio.
Onde foi publicado: TikTok.
Conclusão do Comprova: A voz do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) não mudou do dia 27 para o dia 28 de outubro, como sugere vídeo publicado no TikTok. Trecho de um discurso do presidente teve o áudio e a imagem alterados para alimentar a teoria conspiratória de que Lula teria um sósia que governa em seu lugar, como mostram comentários no post.
O vídeo desinformativo exibe trechos de dois discursos de Lula, que teriam sido proferidos em dias subsequentes. O Comprova encontrou os vídeos originais dos discursos. O professor de Engenharia da Informação da Universidade Federal do ABC (UFABC) Mário Gazziro, que é perito forense, concluiu que um deles foi adulterado para mudar a voz de Lula.
O primeiro trecho foi retirado de um discurso durante um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto. O encontro ocorreu em 27 de outubro, e não no dia 28, como afirma o vídeo checado. A voz de Lula foi preservada no vídeo desinformativo.
Já o segundo trecho, que mostra o presidente com uma voz “diferente”, foi retirado de um pronunciamento na 1ª Reunião Plenária do Conselho da Federação, em 25 de outubro, também em data diferente daquela indicada no vídeo desinformativo.
Segundo o perito, ele passou por duas alterações no áudio:
- O trecho foi acelerado e a duração total foi reduzida em dois segundos, passando de 31 para 29 segundos, o que já promove mudança no áudio.
- A edição alterou a amplitude da voz, ou seja, aumentou o volume do som. Dessa forma, alguns dos sons mais altos no áudio foram retirados. Isso fez com que a frequência da voz de Lula mudasse, tornando-se mais aguda. Veja a comparação:
As imagens do vídeo original também foram alteradas e aparecem espelhadas no conteúdo desinformativo.
Desde a eleição de Lula, em 2022, circula a teoria conspiratória de que ele teria morrido e sido substituído por um sósia, ou que ele teria um sósia que estaria, de fato, governando o país. Pelos comentários no vídeo do TikTok (recorte 1 e recorte 2) é possível perceber que o vídeo analisado alimenta essa teoria.
Em janeiro deste ano, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Benedito Gonçalves aplicou multa de R$ 10 mil em um candidato que acusou a Justiça Eleitoral de diplomar um sósia de Lula. Segundo o homem, o chefe do Executivo teria morrido após o resultado do pleito e teria sido substituído na cerimônia da Corte.
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O vídeo investigado teve 1,2 milhão de visualizações, 44,7 mil curtidas e 15,3 mil compartilhamentos até o dia 8 de novembro de 2023.
Como verificamos: Buscando no Google o trecho de cada discurso usado no vídeo desinformativo foi possível chegar à fonte original das imagens, no canal do presidente no YouTube e em matérias na imprensa. Em seguida, contatamos o perito forense para que fizesse a análise das imagens e do áudio.
Desde a eleição de Lula, em 2022, circula a teoria conspiratória de que ele teria morrido e sido substituído por um sósia, ou que ele teria um sósia que estaria, de fato, governando o país. Pelos comentários no vídeo do TikTok (recorte 1 e recorte 2) é possível perceber que o vídeo analisado alimenta essa teoria.
Em janeiro deste ano, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Benedito Gonçalves aplicou multa de R$ 10 mil em um candidato que acusou a Justiça Eleitoral de diplomar um sósia de Lula. Segundo o homem, o chefe do Executivo teria morrido após o resultado do pleito e teria sido substituído na cerimônia da Corte.
Falso, para o Comprova, é o conteúdo inventado ou que tenha sofrido edições para mudar o seu significado original e divulgado de modo deliberado para espalhar uma falsidade.
Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. O vídeo investigado teve 1,2 milhão de visualizações, 44,7 mil curtidas e 15,3 mil compartilhamentos até o dia 8 de novembro de 2023.
Como verificamos: Buscando no Google o trecho de cada discurso usado no vídeo desinformativo foi possível chegar à fonte original das imagens, no canal do presidente no YouTube e em matérias na imprensa. Em seguida, contatamos o perito forense para que fizesse a análise das imagens e do áudio.
Áudio sofreu mudanças
Segundo o professor de Engenharia da Informação da Universidade Federal do ABC (UFABC) Mário Gazziro, o segundo trecho do discurso foi acelerado. A mesma fala tem 31 segundos no vídeo original, publicado no YouTube do presidente, e no TikTok, 19 segundos.
Acelerar o áudio já promove uma mudança na voz do presidente. Além disso, de acordo com o perito, foi feita uma alteração no volume, o que resultou na retirada dos picos de áudio, uma espécie de corte nas frequências mais altas da voz. Frequência é o termo usado para medir os ciclos de uma onda sonora. Quanto maior for a frequência, mais agudo será o som, enquanto frequências mais baixas representam sons mais graves.
Essa mudança no volume está em todo o vídeo desinformativo, não só no segundo trecho de discurso. Não é possível saber se ela foi feita deliberadamente em um editor de vídeo/áudio, ou se é uma característica incluída a partir da publicação no TikTok. Confira a diferença, explicada por Gazziro:
Acelerar o áudio já promove uma mudança na voz do presidente. Além disso, de acordo com o perito, foi feita uma alteração no volume, o que resultou na retirada dos picos de áudio, uma espécie de corte nas frequências mais altas da voz. Frequência é o termo usado para medir os ciclos de uma onda sonora. Quanto maior for a frequência, mais agudo será o som, enquanto frequências mais baixas representam sons mais graves.
Essa mudança no volume está em todo o vídeo desinformativo, não só no segundo trecho de discurso. Não é possível saber se ela foi feita deliberadamente em um editor de vídeo/áudio, ou se é uma característica incluída a partir da publicação no TikTok. Confira a diferença, explicada por Gazziro:
Imagem invertida
Além da mudança no áudio, o trecho editado passou por uma alteração na imagem: ela foi espelhada. É possível perceber que, no primeiro trecho exibido, a mão direita do presidente tem cinco dedos. Já no segundo, a mesma mão aparece com quatro. Em 1964, Lula sofreu um acidente de trabalho que resultou na perda do dedo mínimo da mão esquerda.
Ao comparar o trecho utilizado no vídeo que viralizou e a gravação original, disponível no canal do petista no YouTube, é possível notar a inversão da imagem. Além da mão, a posição das bandeiras ao fundo aparecem invertidas.
Ao comparar o trecho utilizado no vídeo que viralizou e a gravação original, disponível no canal do petista no YouTube, é possível notar a inversão da imagem. Além da mão, a posição das bandeiras ao fundo aparecem invertidas.
O que diz o responsável pela publicação: O Comprova entrou em contato com o autor do vídeo por mensagem no TikTok. Ele alegou que não fez as edições no material e apenas encontrou o vídeo na internet e repostou. Sobre as diferenças que sugere na gravação, o responsável pelo perfil respondeu que "em um vídeo ele está nervoso e no outro ele está mais calmo".
O que podemos aprender com esta verificação: É comum que agentes de desinformação usem técnicas de edição de vídeo na tentativa de tornar o material mais crível. Neste caso, foram aplicados recursos para aumentar a velocidade e volume do vídeo, o que torna o som da gravação mais agudo e provoca uma distorção na voz. Ao se deparar com esse tipo de conteúdo, observe se há alteração na velocidade em que as pessoas se movem. Além disso, busque em outras fontes o vídeo publicado originalmente e compare.
Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Outras checagens sobre o tema: A teoria conspiratória de que Lula foi substituído por um sósia já foi checada diversas vezes. O Estadão Verifica mostrou que o presidente não tem "sósia com 10 dedos" e que ele está vivo e não foi substituído. O Comprova já investigou outros materiais adulterados para promover desinformação contra Lula. A iniciativa mostrou que o petista não estava bêbado nem agarrou apoiadora como alegam publicações que usam vídeo manipulado.
O que podemos aprender com esta verificação: É comum que agentes de desinformação usem técnicas de edição de vídeo na tentativa de tornar o material mais crível. Neste caso, foram aplicados recursos para aumentar a velocidade e volume do vídeo, o que torna o som da gravação mais agudo e provoca uma distorção na voz. Ao se deparar com esse tipo de conteúdo, observe se há alteração na velocidade em que as pessoas se movem. Além disso, busque em outras fontes o vídeo publicado originalmente e compare.
Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.
Outras checagens sobre o tema: A teoria conspiratória de que Lula foi substituído por um sósia já foi checada diversas vezes. O Estadão Verifica mostrou que o presidente não tem "sósia com 10 dedos" e que ele está vivo e não foi substituído. O Comprova já investigou outros materiais adulterados para promover desinformação contra Lula. A iniciativa mostrou que o petista não estava bêbado nem agarrou apoiadora como alegam publicações que usam vídeo manipulado.
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