Publicado 01/02/2024 16:57
Exonerado da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) nesta terça-feira, 30, Alessandro Moretti disse que compartilhou todas as provas coletadas e produzidas pela agência sobre o software espião FirstMile com a Polícia Federal (PF).
Segundo o ex-diretor adjunto da Abin, foi ele quem determinou que as investigações sobre a possível espionagem na agência fossem iniciadas, por meio de uma sindicância instaurada pela Corregedoria-Geral. Na época da determinação, Moretti era o diretor-geral em exercício.
"Todo o material probatório coletado e produzido pela Abin foi compartilhado com a Polícia Federal, que também teve atendidas todas suas solicitações à agência. Por esta razão, grande parte do material que instrui o inquérito da PF é fruto da apuração conduzida com total independência na Abin", disse, por nota, nesta quarta-feira, 31.
Também delegado da PF, Moretti defendeu a continuidade da Abin e afirmou que o conhecimento estratégico difundido pela agência é "indispensável para o País" e "essencial para a proteção de nossa sociedade", qualificando os colegas que os produzem como "profissionais altamente capacitados e compromissados".
No relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) que serviu de base para a investigação, a PF diz que Moretti se reuniu com servidores, em março do ano passado, e afirmou que a investigação sobre a "Abin paralela" tinha "fundo político" e iria "passar".
Nesta terça, Lula admitiu que não haveria "clima" para a permanência de Moretti, chamado por ele de "cidadão", caso fosse provado o conluio com o hoje deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ)
Ex-diretor da Abin que comandou a agência durante o governo Jair Bolsonaro (PL), Ramagem é um dos investigados na operação que apura possível espionagem ilegal na agência durante seu comando. Na segunda-feira, 29, um dos alvos foi o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho de Bolsonaro.
Com a exoneração de Moretti, o cientista político Marco Cepik, diretor da Escola de Inteligência da Abin, assumiu o posto. Lula também demitiu quatro chefes de departamentos da Abin. Mudou, ainda, outros sete diretores - um deles vai para o lugar de Cepik na Escola de Inteligência.
Leia a nota na íntegra:
"Ao deixar o cargo de Diretor-Adjunto da Agência Brasileira de Inteligência - Abin, venho a público para esclarecer que, após minha determinação, na época como Diretor-Geral em exercício, é que foram iniciados os trabalhos de apuração interna relacionados ao uso de ferramenta, com a instauração de sindicância investigativa pela Corregedoria-Geral.
Todo o material probatório coletado e produzido pela Abin foi compartilhado com a Polícia Federal, que também teve atendidas todas suas solicitações à Agência. Por esta razão, grande parte do material que instrui o inquérito da PF é fruto da apuração conduzida com total independência na Abin.
Importante lembrar que a Abin se encontra em fase de transição, após deixar de ser subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional - GSI e passar a integrar a estrutura da Casa Civil da Presidência da República.
Diversas medidas foram adotadas e muitas outras estão sendo implementadas pela atual gestão para a modernização da gestão da Agência, o que garantiu, inclusive, a citada apuração ampla e independente.
Nenhum país, em especial uma nação continental como o Brasil, pode prescindir de uma Inteligência profissional e cumpridora dos princípios que regem o Estado Democrático de Direito. O conhecimento estratégico difundido pela Abin, indispensável para o país é essencial para a proteção de nossa sociedade, é produzido por profissionais altamente capacitados e compromissados.
O fortalecimento da Abin, como instituição de Estado, deve ser uma busca constante, e não dispensa o reconhecimento e respeito aos seus dedicados servidores.
Agradeço a oportunidade de trabalhar nesta Agência que tanto respeito e de ter podido contribuir com seu processo de modernização, do modo como sempre atuei nos meus 33 anos de serviço público, na proteção da sociedade brasileira, como servidor de Estado. Meu especial agradecimento ao Dr. Luiz Fernando Corrêa, Diretor-Geral da Abin, pela confiança e profissionalismo."
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