Publicado 18/02/2024 09:40
O presidente Lula afirmou neste domingo, 18, durante entrevista coletiva em Adis Abeba, na Etiópia, que deve esperar os exames médicos legistas para emitir uma declaração mais longa sobre a morte de Alexei Navalny, principal opositor do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Navalny morreu na sexta-feira, 16, em uma prisão no Ártico russo após se sentir mal durante uma caminhada.
Lula demorou dois dias para se pronunciar pela primeira vez após a morte do opositor russo. Ele afirmou que não havia se pronunciado por uma questão de "bom senso" porque a morte está sendo investigada. "Vamos acreditar que os médicos legistas vão dizer para fazer um julgamento. Se não você julga agora que foi alguém que mandou matar e não foi, depois você vai pedir desculpas?", disse.
O presidente brasileiro também questionou as acusações de países ocidentais que alegam que Putin é o responsável pela morte de Navalny. "O cidadão morreu na prisão, não sei se estava doente, se tem algum problema. Eu compreendo os interesses de quem acusa imediatamente, mas espero que o legista indique do que o cidadão morreu", afirmou Lula.
Morte de Navalny
O líder da oposição russa Alexei Navalny morreu na prisão na sexta-feira, 16. Navalny estava preso em uma colônia penal em Kharp, no Ártico russo, e pouco se sabia sobre o seu exato estado de saúde. O russo liderava há mais de 10 anos a dissidência contra o presidente, Vladimir Putin, e já tinha sofrido um envenenamento em 2021.
Sua morte foi anunciada pelo Serviço Prisional Russo. Ele foi visto pela última vez na quinta-feira, quando apareceu em uma audiência judicial rindo e fazendo piadas. Segundo as autoridades penitenciárias, ele desmaiou enquanto caminhava. Ele estava cumprindo várias sentenças que provavelmente o manteriam na prisão até pelo menos 2031 por acusações que, segundo seus apoiadores, foram em grande parte fabricadas em um esforço para amordaçá-lo.
Apesar das condições cada vez mais severas, incluindo repetidos períodos em confinamento solitário, ele manteve sua presença nas mídias sociais, enquanto membros de sua equipe continuaram a publicar investigações sobre a elite corrupta da Rússia a partir do exílio.
Navalny recebeu uma sentença de três anos e meio de prisão em fevereiro de 2021, após retornar da Alemanha para a Rússia, onde estava se recuperando de ter sido envenenado com um agente nervoso em agosto anterior. Em março de 2022, ele recebeu uma sentença de nove anos por desvio de fundos e fraude em um julgamento marcado por denúncias de fraude. E em agosto de 2023, ele foi condenado a 19 anos de prisão por "extremismo".
Lula e Putin
O presidente Lula tem uma relação de longa data com o mandatário russo e Brasil e Rússia são parceiros no grupo dos Brics. No ano passado, em diversas ocasiões, o presidente brasileiro tentou se posicionar como um intermediário para negociações entre Rússia e Ucrânia para acabar com a guerra, mas diversas declarações sobre o conflito que foram mais alinhadas com Moscou minaram a tentativa de mediação.
O brasileiro também se envolveu em polêmica quando afirmou que Putin poderia viajar para o Brasil sem medo de ser preso na próxima reunião do G-20, marcada para novembro no Rio de Janeiro
Contudo, o Brasil é signatário do Tribunal Penal Internacional (TPI), que emitiu em março de 2023 um mandado de prisão contra Putin por crimes de guerra por causa de seu suposto envolvimento em sequestros e deportação de crianças de partes da Ucrânia ocupadas pela Rússia durante a guerra. Com isso, o País teria que prender o presidente russo caso ele desembarcasse em território brasileiro.
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