Número de doses aplicadas está abaixo do esperado pela Secretarão de Saúde do Distrito FederalFábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Publicado 01/03/2024 16:09
Quase 20 dias após o início da vacinação contra a dengue no Distrito Federal, apenas 32% das crianças de 10 e 11 anos foram imunizadas. Dados do governo do Distrito Federal (GDF) mostram que, entre os dias 9 e 27 de fevereiro, foram aplicadas 23.502 doses foram aplicadas. A própria pasta avalia que a procura pelo imunizante está abaixo do esperado.

Os números mostram que, das 71.708 doses recebidas do Ministério da Saúde, ainda há 48.206 doses disponíveis para aplicação em todos os 67 pontos de vacinação do Distrito Federal. “Como todo imunobiológico, a vacina da dengue também tem prazo de validade. Os imunizantes estão válidos até o dia 30 de abril”, destacou o GDF em nota.

O comunicado ressalta que “tratativas estão sendo feitas para uma possível ampliação no público-alvo, a fim de garantir que todas as doses sejam efetivamente aplicadas na população”.

“Mesmo quem já está vacinado deve continuar com os cuidados preventivos para que o mosquito transmissor não se prolifere. É importante que a população faça a sua parte e observe ambientes dentro e fora de casa que possam servir de abrigo e reprodução do vetor da doença”, reforçou o GDF.

O Distrito Federal é uma das unidades federativas mais afetadas pela doença, Dados da Secretaria de Saúde apontam que o DF já contabiliza 98.418 casos prováveis de dengue, além de 55 mortes pela doença. Há ainda 82 óbitos em investigação. As unidades básicas de saúde (UBS) de Ceilândia seguem notificando o maior número de casos (8.851), seguidas pelas de São Sebastião (3.579) e pelas de Santa Maria (2.919).

Alerta aos pais
Há 14 anos, a pediatra Natália Bastos atende desde pacientes recém-nascidos a adolescentes na capital federal. Em entrevista à Agência Brasil, ela lembrou que o Distrito Federal está em situação de emergência em saúde pública em razão da explosão de casos de dengue e que é preciso cautela por parte dos pais.

“Nós temos a vacinação contra a dengue para crianças de 10 e 11 anos e, infelizmente, apenas 32% dos pais procuraram a vacinação. Nesses casos, não sabemos se é por insegurança ou porque essas crianças já estão vacinadas pela rede privada e estão esperando a segunda dose”, ponderou.

“Gostaria de emitir esse alerta pedindo aos pais que não vacinaram que procurem a sala de vacina para fazerem a Qdenga. É uma vacina feita com o vírus atenuado, uma vacina muito segura. Está sendo desenvolvida pelo laboratório Takeda desde antes da covid-19, antes da pandemia. Então, não é uma vacina nova, não é uma vacina que foi desenvolvida às pressas. Já existem vários estudos e ela passou por todas as etapas.”
Natália destacou que o esquema vacinal completo da Qdenga, com duas doses, garante cerca de 80% de eficácia e que os efeitos colaterais, inclusive em crianças, são pequenos – sobretudo quando comparados ao que uma infecção por dengue pode causar.

“Com uma dose, você tem, geralmente, efeitos colaterais imediatos muito leves e, com 10 dias, algumas manchas no corpo ou alguma dor no corpo. Mesmo assim, são poucos sintomas tendo em vista o que um quadro de dengue pode causar numa criança ou num adulto.”

“Enquanto estava na sala da rede privada, era uma vacina que estava custando, em média, de R$ 400 a R$ 500. Hoje, a vacina está disponível na sala do centro de saúde gratuitamente. Então convido todos os pais a procurarem a vacina com os filhos de 10 a 11 anos com urgência”, concluiu.
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