Publicado 17/04/2024 17:00
Brasília - O presidente do Instituto Teotônio Vilela (ITV), o deputado Aécio Neves (PSDB-MG), lançou nesta quarta-feira, 17, o "Farol da Oposição", uma espécie de "newsletter" do partido com críticas ao governo Lula. O tucano, que chegou a concorrer à Presidência da República em 2014 contra a petista Dilma Rousseff, negou que seu partido esteja com "morte cerebral", prometeu fazer o PSDB novamente protagonista da política nacional e fez críticas à condução do PT na Petrobras.
Aécio chegou ao comando do ITV, braço teórico do PSDB, após o ex-governador Marconi Perillo assumir a presidência nacional da legenda neste ano com seu apoio. Depois de ter sido um dos polos da política brasileira no pós-redemocratização, com o PT como principal adversário, a sigla perdeu relevância, ficou sem o governo de São Paulo, Estado que liderou por décadas, e viu suas bancadas na Câmara e no Senado despencarem.
"Esse partido, que alguns já consideram com morte cerebral, vai dar uma resposta muito clara ao Brasil a partir destas eleições, porque o PSDB não pode ser mensurado, quantificado, medido pelo número de vereadores, prefeitos, governadores, deputados. Isso é muito importante, mas o PSDB não é só isso", disse Aécio, na sede nacional do partido, em Brasília. "Vamos ser valorizados pela capacidade que a gente tiver de voltar a falar com o Brasil", emendou.
De acordo com o deputado tucano, o PSDB lançará 1200 candidatos a prefeito nas eleições municipais deste ano. Aécio disse que o partido é "vital" para fugir da polarização entre o PT e o bolsonarismo. "Qual a força política do Brasil hoje que não está ou numa oposição radical, insana, com uma agenda atrasada, ou na outra ponta, querendo uma boquinha, um carguinho, uma verba do governo? Somos nós", questionou.
O primeiro material produzido pelo "Farol da Oposição" diz que "velhos fantasmas voltam a assombrar a Petrobras", em referência à crise na estatal com a divergência no governo sobre o pagamento de dividendos extraordinários aos acionistas e as dúvidas sobre a permanência do atual presidente da companhia, Jean Paul Prates, no cargo. "Após o PT atropelar a lei das estatais para permitir a participação de companheiros na administração da empresa, eles duelam por poder à luz do dia", diz um trecho da primeira edição da "newsletter".
O "Farol da Oposição" também chama o PT de "partido da gastança", ao citar as alterações no arcabouço fiscal e a mudança na meta de resultado primário de 2025, de um superávit de 0,50% para o déficit zero. O documento ainda critica a Medida Provisória (MP) editada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para baratear a conta de luz e o surto de dengue no País.
A jornalistas, Aécio negou que o propósito da iniciativa seja prejudicar o governo em votações relevantes no Congresso e destacou que o objetivo é apontar equívocos. O deputado elogiou, por exemplo, a conduta ambiental da atual gestão em relação à de Bolsonaro e disse ver o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como bem-intencionado. Por outro lado, condenou o apoio do PT a "ditaduras" e os conflitos internos do governo nas pautas econômicas.
Aécio era senador e presidente do PSDB quando, em 2017, foi acusado de pedir propina de R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS, em troca de favores no Congresso. Em julho de 2023, o Tribunal Regional da 3.ª Região (TRF-3) manteve sua absolvição por unanimidade. Agora, ele tenta retomar a influência que teve no passado.
Em 2022, o PSDB sofreu mais uma derrota ao perder o governo de São Paulo, Estado que administrava há quase três décadas. Após uma debandada de tucanos históricos, como Geraldo Alckmin - hoje vice-presidente da República - e a saída do ex-governador João Doria, o partido acabou sem candidato próprio ao Palácio do Planalto e suas alas entraram em guerra.
Aécio considera que a derrota no principal colégio eleitoral do partido foi resultado de um projeto "natimorto" de Doria, que tentou concorrer à Presidência e gerou uma divisão interna na sigla. Para 2026, a aposta do PSDB é uma possível candidatura do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, ao Palácio do Planalto.
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