Publicado 03/05/2024 10:36 | Atualizado 03/05/2024 14:13
O rastro de destruição causado pelas fortes chuvas que castigam o Rio Grande do Sul desde o começo da semana não para de aumentar. Nesta sexta-feira, 3, o Centro Histórico de Porto Alegre foi tomado pela água após o rompimento de Casa de Bombas, sistema responsável por devolver as águas da chuva ao Rio Guaíba. Os temporais nas cidades gaúchas já deixaram 37 mortos, 74 feridos e ao menos 74 pessoas desaparecidas.
PublicidadeA rodoviária da cidade também amanheceu debaixo d’água. A área de embarque e desembarque da estação ficou inacessível. O rompimento ocorreu na comporta 3, de um conjunto de 14 comportas ao longo de 24 quilômetros de diques externos em 23 Casas de Bombas que funcionam como barreiras complementares ao muro de concreto erguido no Centro Histórico.
O nível do Rio Guaíba, que banha a capital do estado gaúcho, pode ter um aumento recorde por causa das tempestades, que devem durar até o próximo domingo, 5. O Rio está subindo cerca de 8 cm por hora. Nesta sexta, o nível do chegou a 4m31cm no Cais Mauá, superando a cota de inundação, de 3 metros. É o maior nível do Guaíba desde 1941. A expectativa é de que a água atinja os 5 metros.
Nas redes sociais, profissionais da imprensa divulgaram imagens da inundação do centro da capital gaúcha. Com um drone, o fotógrafo Chico Santana mostrou a Orla do Guaíba coberta pela água. O jornalista Jonathas Costa, do Correio do Povo, também divulgou vídeo nas redes sociais da enxurrada.
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As populações residentes na Zona Sul da capital gaúcha, Barra do Ribeiro, Guaíba, Eldorado do Sul e as ilhas do Guaíba serão as mais atingidas, segundo o hidrólogo Pedro Luiz Camargo, integrante da sala de situação montada pelo governo gaúcho para acompanhar a chuva e organizar o socorro aos atingidos.
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul enviou alerta sobre a condição do Guaíba e orientou que moradores que vivem próximo ao rio, em áreas de risco, deixem suas casas.
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul enviou alerta sobre a condição do Guaíba e orientou que moradores que vivem próximo ao rio, em áreas de risco, deixem suas casas.
"As pessoas que não tiverem locais alternativos devem buscar informações junto à Defesa Civil da sua cidade sobre os abrigos públicos disponibilizados pelas prefeituras, rotas de fuga e pontos de segurança", informou o órgão, em comunicado.
Governo do Estado declara calamidade pública
As cidades gaúchas enfrentam os efeitos do forte temporal. O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), declarou estado de calamidade pública. A medida foi publicada na noite de quarta-feira de feriado, 1º, em edição extraordinária do Diário Oficial. As localidades mais atingidas são as regiões Central, dos Vales, Serra e Metropolitana de Porto Alegre.
Segundo o último balanço divulgado pela Defesa Civil, mais de 17 mil pessoas estão desabrigadas, 235 cidades foram afetadas e mais de 351 mil pessoas sofrem com as inundações.
A medida publicada pelo governo do Rio Grande do Sul ressalta a severidade dos impactos das chuvas, inundações, granizo, alagamentos, enxurradas e vendavais no Estado, sendo categorizados como desastres de Nível III, classificados por danos e prejuízos substanciais. O decreto permanecerá em vigor por 180 dias.
O decreto estabelece que os órgãos e entidades da administração pública estadual devem prestar apoio imediato às áreas afetadas, em colaboração com a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil.
Além disso, o texto prevê a possibilidade de os municípios afetados pedirem auxílio semelhante, cujas solicitações serão avaliadas e homologadas pelo Estado, na tentativa de dar resposta mais ágil e coordenada diante da emergência.
O decreto estabelece que os órgãos e entidades da administração pública estadual devem prestar apoio imediato às áreas afetadas, em colaboração com a Coordenadoria Estadual de Proteção e Defesa Civil.
Além disso, o texto prevê a possibilidade de os municípios afetados pedirem auxílio semelhante, cujas solicitações serão avaliadas e homologadas pelo Estado, na tentativa de dar resposta mais ágil e coordenada diante da emergência.
Segundo o governador, este deve ser "o maior desastre" climático já enfrentado pelos gaúchos e o Rio Taquari, um dos principais do Estado, atingiu a maior elevação da história.
Lula promete apoio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viajou para o Rio Grande do Sul, onde se reuniu com Leite na quinta-feira, 2. No encontro, como uma medida emergencial, ficou decidida a criação de uma Sala de Situação Integrada, sob coordenação do comandante militar do Sul, general Hertz Pires do Nascimento, para organizar as operações de resgate em todas as regiões atingidas.
"Tudo que estiver no alcance do governo federal, seja através dos ministros, seja através da sociedade civil ou seja através dos nossos militares, vamos dedicar 24 horas de esforço para que a gente possa atender as necessidades básicas do povo que está isolado por conta da chuva", disse Lula, após a reunião.
"No primeiro momento, a gente só tem que salvar vidas, a gente só tem que cuidar das pessoas. No segundo momento, a gente vai ter que cuidar de fazer uma avaliação dos danos e, a partir daí, começar a pensar em como encontrar o dinheiro para que a gente possa reparar esses danos", acrescentou o presidente, prestando solidariedade ao povo gaúcho e às famílias das vítimas.
"No primeiro momento, a gente só tem que salvar vidas, a gente só tem que cuidar das pessoas. No segundo momento, a gente vai ter que cuidar de fazer uma avaliação dos danos e, a partir daí, começar a pensar em como encontrar o dinheiro para que a gente possa reparar esses danos", acrescentou o presidente, prestando solidariedade ao povo gaúcho e às famílias das vítimas.
Leite agradeceu ainda pela ida do presidente, o que "poupa a necessidade de várias ligações, e disse que os dois alinharam ações de apoio e estrutura para resgates neste primeiro momento e para reconstrução e busca da normalidade num segundo momento.
Doações
Diante da situação de calamidade pública enfrentada no Estado, o governo gaúcho reativou o canal de doações para a conta "SOS Rio Grande do Sul" para receber doações via Pix que serão revertidas a donativos para as vítimas.
O Governo do Rio Grande do Sul e a Defesa Civil divulgaram duas maneiras de receber as doações:
- Centro Logístico da Defesa Civil Estadual
- Endereço: avenida Joaquim Porto Villanova, 101, bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre
- Telefone: (51) 3210 4255
Pix para a conta SOS Rio Grande do Sul
- Chave - CNPJ: 92.958.800/0001-38
- Banco do Estado do Rio Grande do Sul
Atenção: quando realizar a operação, é necessário confirmar que o nome da conta que aparece é "SOS Rio Grande do Sul" e que o banco é o Banrisul.
A gestão e fiscalização dos recursos ficarão a cargo de um Comitê Gestor, presidido pela Secretaria da Casa Civil e composto por representantes de órgãos do governo e entidades sociais. Os recursos serão integralmente revertidos para o apoio humanitário às vítimas das enchentes e para a reconstrução da infraestrutura das cidades.
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