Publicado 06/05/2024 13:41
O Rio Grande do Sul enfrenta o pior desastre climático de sua história, atingido há uma semana por fortes chuvas. Cerca de 364 municípios do estado foram impactados pelos temporais, e várias regiões gaúchas ainda têm pontos ilhados, estradas bloqueadas e moradores à espera de resgate. Centenas de milhares estão sem luz e água.
Em boletim da Defesa Civil Estadual divulgado nesta segunda-feira, 6, subiu para 83 o número de mortos na tragédia, 291 feridos e para 111 a contagem de desaparecidos. No total, há quase 5 mil militares e civis envolvidos na força-tarefa de resgate às vítimas das enchentes.
PublicidadeEm boletim da Defesa Civil Estadual divulgado nesta segunda-feira, 6, subiu para 83 o número de mortos na tragédia, 291 feridos e para 111 a contagem de desaparecidos. No total, há quase 5 mil militares e civis envolvidos na força-tarefa de resgate às vítimas das enchentes.
Os dados ainda mostram que mais de 129 mil estão desalojadas e mais de 20 mil estão em abrigos públicos, com necessidade de itens como colchões, cobertores e roupa de cama e banho. Ao todo, pelo menos 364 cidades foram afetadas e mais de 870 mil pessoas sofrem com as inundações.
Diante da situação, o governo federal reconheceu calamidade pública nas cidades afetadas e prepara junto com o Congresso um "orçamento de guerra" para o Estado.
Por quanto tempo vai continuar chovendo?
De acordo com meteorologistas da MetSul, a chuva deve dar trégua em um grande número de cidades gaúchas nesta segunda-feira. Haverá predomínio de sol e calor na maior parte do Estado neste início de semana, com exceção do extremo sul, onde há previsão de chuva com raios em diferentes pontos.
A partir de quarta-feira, 8, porém, uma frente fria avança e pode voltar a chover na maior parte do Rio Grande do Sul. Instabilidades são previstas ainda para sexta, 10, e sábado, 11
Quais barragens têm risco de rompimento?
Monitoramento do governo estadual atualizado no domingo, 5, aponta que seis barragens estão em situação de emergência e têm perigo de ruptura iminente. Uma delas, pertencente à Usina Hidrelétrica 14 de julho, entre Catiporã e Bento Gonçalves, já rompeu parcialmente e continua sob risco.
As outras unidades sob emergência são a PCH Salto Forqueta, que teve sua margem direita danificada por deslizamentos, e as barragens de São Miguel, SDR, Saturnino de Brito e Arroio Barracão.
A situação de outras 12 barragens também demanda providências de manutenção e monitoramento constante devido às condições de segurança, sendo classificadas nos níveis de alerta e atenção pelas autoridades responsáveis.
Como fazer doações e ajudar as vítimas?
A Defesa Civil estadual está recebendo doações de colchões (novos ou em bom estado), roupas de cama e banho, cobertores, água potável, ração animal e cestas básicas fechadas para apoio às vítimas. O material deve ser encaminhado ao centro logístico do órgão, na Avenida Joaquim Porto Villanova, 101, em Porto Alegre.
No momento, o centro não está recebendo roupas e calçados, medicamentos ou móveis. Os interessados em contribuir com refeições prontas (marmitas) deverão fazer contato prévio com a Defesa Civil do município que pretende ajudar.
Já as doações em dinheiro devem ser enviadas para a conta SOS Rio Grande do Sul, vinculada ao Banco Banrisul, pela chave Pix 92.958.800/0001-38 (CNPJ). O canal é o mesmo utilizado pelo governo gaúcho no ano passado, e o recurso deve ser empregado no apoio às vítimas e reconstrução da infraestrutura das cidades.
Desde que foi reativada, a conta já arrecadou R$ 38,2 milhões. O governo também disponibilizou contas para doações internacionais em euro, dólar americano e libras esterlinas.
Quais são os principais pontos de alagamento?
Mesmo com a trégua nas chuvas, cidades inteiras seguem tomadas pelas águas de rios e lagos. Em São Leopoldo, região metropolitana de Porto Alegre, o Rio do Sinos ultrapassou o nível de oito metros.
Dos mais de 200 mil habitantes, cerca de 150 mil estão desalojados ou desabrigados. Segundo o prefeito Ary Vanazzi (PT), essa é a maior enchente da cidade em 83 anos.
A situação se repete em Canoas, a 18 quilômetros da capital gaúcha. Conforme o prefeito Jairo Jorge (PT), 80 mil casas foram atingidas. Milhares de moradores de bairros como Mathias Velho, Fátima, Rio Branco e Harmonia tiveram de ser resgatados dentro da água por cordões humanos formados por voluntários, em embarcações dos bombeiros e até em aeronaves da Força Aérea Brasileira (FAB).
Segundo os meteorologistas, a pior fase das tempestades já passou no Vale do Taquari, na Serra Gaúcha e no centro do Estado, onde os níveis das águas têm baixado de forma contínua.
A situação mais crítica se concentra hoje em Porto Alegre e na região metropolitana, conforme avaliação da MetSul. No Cais Mauá, no centro histórico da capital gaúcha, o Rio Guaíba atingiu a marca histórica de 5,33 metros, tomando as ruas da região e interrompendo diferentes serviços na cidade.
No domingo, 5, a Secretaria de Educação definiu que as aulas da rede estadual serão retomadas a partir de terça, 7, nas regiões menos afetadas pelos temporais. São elas Uruguaiana, Osório, Erechim, Rio Grande, Palmeira das Missões, Três Passos, São Luiz Gonzaga, São Borja e Ijuí. Nas demais áreas do Estado, ainda não há definição sobre retorno das atividades escolares.
Há previsão para a água baixar?
A cheia do Rio Guaíba, que inunda ruas de Porto Alegre, deve levar dias para retornar a patamares seguros. Embora tenha evitado um desastre maior, o sistema antienchente da cidade está em seu limite e, em alguns pontos, já não dá conta de conter as águas do rio.
No domingo, o Instituto de Pesquisas Hidráulicas (IPH) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) informou que há previsão de "cheia duradoura, com a estabilização dos níveis d'água elevados no Guaíba em torno de 5m a 5,5m durante mais de quatro dias", mesmo que não persistam os temporais.
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