Publicado 13/05/2024 08:57 | Atualizado 13/05/2024 08:59
A auxiliar industrial Cristiane Garcia de Souza perdeu a irmã, Letícia, em um deslizamento que matou ela e mais quatro pessoas da mesma família em Roca Sales, em meio a tragédia no estado do Rio Grande do Sul. Os corpos foram encontrados abraçados no último dia 5. Ao programa 'Fantástico', da TV Globo, na noite deste domingo, 12, ela disse que "eles se abraçaram, porque era a única coisa a fazer. Porque eles eram muito unidos".
PublicidadeCristiane contou que recebeu a visita de Letícia em 29 de abril. Ela estava acompanhada do marido, Anderson — que também morreu no deslizamento —, para alertar para a previsão de mau tempo.
"Cris, vai tirar suas coisas de dentro de casa de novo, porque tá coisa feia aí. Eu disse: Tá nada, para, nem é pra tanto'. Antes de eles irem embora, eu falei: 'Fiquem comigo aqui. Vocês vão sair nesse tempo feio que tá? E ele disse: 'Não, nós temos que ir, temos que ir'", relembra.
Após a visita, a família foi encontrada soterrada na própria casa. Todos estavam abraçados. A auxiliar industrial disse que a família era unida. "Eles se abraçaram, era a única coisa a fazer. Porque eles eram muito unidos, os cinco. Foi uma grande tragédia, a gente não estava preparado para isso. A gente nunca sabe o último adeus. Tem que priorizar bem a família".
O Corpo de Bombeiros de Santa Catarina, que ajuda nas buscas, informou que foram localizados abraçados: a mãe, dois filhos, entre eles uma adolescente de 13 anos, e a esposa do filho mais velho, Letícia. O patriarca da família também foi achado sem vida em um outro cômodo do imóvel.
Os militares acreditam que eles já estavam mortos há alguns dias, mas o resgate demorou para chegar ao local por causa das dificuldades para acessar o terreno em que o imóvel está localizado, no interior da cidade.
Roca Sales precisará construir casas em novos bairros. De acordo com o prefeito da cidade, Amilton Fontana (MDB), não adianta reerguer os prédios públicos e as moradias da população nos mesmos endereços de antes, porque há riscos de serem destruídos novamente em novas enchentes.
Consequência dos temporais
A tragédia no Rio Grande do Sul já deixou 145 mortes confirmadas, segundo boletim da Defesa Civil divulgado neste domingo (12). O número de feridos subiu para 806 e 125 desaparecidas.
Os dados ainda mostram que mais de 538 mil pessoas estão desalojadas e mais de 81 mil estão em abrigos públicos, com necessidade de itens como colchões, cobertores e roupa de cama e banho. Ao todo, pelo menos 447 cidades foram afetadas e mais de 2 milhões de pessoas sofrem com as inundações.
A Rio Grande Energia (RGE), concessionária de energia elétrica que atende parte do estado, divulgou que 132 mil clientes estão sem luz. Já a outra concessionária de energia, a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) Equatorial, não divulgou o número de clientes sem energia em sua área de atuação.
Ao todo, são mais de 165 mil sem água, de um total de 6 milhões de clientes da Corsan no RS. Há ainda dezenas de municípios sem serviços de telefonia e internet das companhias Tim, Vivo e Claro, de acordo com a Defesa Civil.
Os temporais também causaram danos na infraestrutura viária do estado. Pelo menos 97 trechos de rodovias enfrentam algum tipo de bloqueio em razão disso. Do total, 53 rodovias com bloqueios totais e parciais, entre estradas e pontes.
De acordo com o balanço da Defesa Civil, mais de 270 mil estudantes foram impactados pelas cheias em escolas em toda Rede Estadual de ensino, com as aulas suspensas.
O boletim ainda mostra os números de escolas afetadas (danificadas, servindo de abrigo, com problemas de transporte, com problema de acesso e outros):
- 1.030 escolas
- 244 municípios
- 29 Coordenadorias Regionais de Educação
- 358.414 estudantes impactados
- 530 escolas danificadas com 216.883 estudantes matriculados
- 84 escolas servindo de abrigo
- 244 municípios
- 29 Coordenadorias Regionais de Educação
- 358.414 estudantes impactados
- 530 escolas danificadas com 216.883 estudantes matriculados
- 84 escolas servindo de abrigo
Doações
Diante da situação de calamidade pública enfrentada no Estado, o governo gaúcho reativou o canal de doações para a conta "SOS Rio Grande do Sul" para receber doações via Pix que serão revertidas a donativos para as vítimas.
O Governo do Rio Grande do Sul e a Defesa Civil divulgaram duas maneiras de receber as doações:
- Centro Logístico da Defesa Civil Estadual
- Endereço: avenida Joaquim Porto Villanova, 101, bairro Jardim Carvalho, em Porto Alegre
- Telefone: (51) 3210 4255
Pix para a conta SOS Rio Grande do Sul
- Chave - CNPJ: 92.958.800/0001-38
- Banco do Estado do Rio Grande do Sul
Atenção: quando realizar a operação, é necessário confirmar que o nome da conta que aparece é "SOS Rio Grande do Sul" e que o banco é o Banrisul.
A gestão e fiscalização dos recursos ficarão a cargo de um Comitê Gestor, presidido pela Secretaria da Casa Civil e composto por representantes de órgãos do governo e entidades sociais. Os recursos serão integralmente revertidos para o apoio humanitário às vítimas das enchentes e para a reconstrução da infraestrutura das cidades.
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