Publicado 04/06/2024 20:46
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse ser "um homem de muita fé" ao ser questionado nesta terça-feira, 4, sobre a viabilidade de votação dos projetos de regulamentação da reforma tributária sobre o consumo ainda neste semestre na Casa. O deputado alagoano criou dois grupos de trabalho, com prazo até meados de julho, para debater os textos enviados pelo governo federal.
PublicidadeO segundo projeto elaborado pelo Ministério da Fazenda foi detalhado hoje pelo secretário extraordinário para a reforma tributária, Bernard Appy. O projeto de lei complementar principal que regulamenta a emenda constitucional foi entregue pelo chefe da equipe econômica, Fernando Haddad, em mãos a Lira e ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em 24 de abril.
Os GTs já estão funcionando, com sete integrantes cada um. Lira determinou que não haverá um relator único para os projetos. O governo Lula queria que Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que relatou a PEC no ano passado, ficasse também com a relatoria da regulamentação, mas o presidente da Câmara resistiu a indicar o correligionário ao posto e nem mesmo o colocou como integrante dos grupos.
Aliados têm dito que a intenção de Lira ao criar os GTs sem relatoria específica é acelerar as discussões, com mais parlamentares dedicados ao texto, ao contrário do que ocorreria se houvesse apenas um relator.
Alguns deputados, contudo, dizem que descentralizar a relatoria pode atrasar o processo. Outros avaliam que Lira quer "tratorar" a análise da regulamentação, ou seja, aprovar de forma rápida, sem muito espaço para debate. Há ainda a avaliação de que o deputado quis fazer um aceno aos partidos contemplados nas equipes, com o objetivo de controlar a disputa por sua sucessão na presidência da Casa.
Fazem parte do primeiro GT, que analisará o projeto principal de regulamentação da reforma enviado pelo governo, os deputados Claudio Cajado (PP-BA), Reginaldo Lopes (PT-MG), Hildo Rocha (MDB-MA), Joaquim Passarinho (PL-PA), Augusto Coutinho (Republicanos-PE), Moses Rodrigues (União-CE) e Luiz Gastão (PSD-CE).
O outro GT, que tratará do segundo projeto enviado pelo governo, tem como integrantes os deputados Vitor Lippi (PSDB-SP), Pedro Campos (PSB-PE), Mauro Benevides Filho (PDT-CE), Luiz Carlos Hauly (Podemos-PR), Ivan Valente (PSOL-SP), Aureo Ribeiro (Solidariedade-RJ) e Bruno Farias (Avante-MG).
No Senado, por outro lado, o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) afirmou que é "natural" que o relator da regulamentação na Casa seja o mesmo da PEC, o senador Eduardo Braga (MDB-AM).
Deputados também afirmam que Aguinaldo é um "nome oculto" na disputa pela sucessão de Lira e que movimentações do deputado da Paraíba nos bastidores teriam desagradado ao presidente da Câmara. A eleição da Mesa Diretora ocorre somente em fevereiro de 2025, mas as articulações já estão em andamento.
A relação entre Lira e Aguinaldo já passou por altos e baixos. Em 2021, quando o deputado alagoano se elegeu presidente da Câmara pela primeira vez, Aguinaldo apoiou Baleia Rossi (MDB-SP) na disputa, depois de desistir de sua própria candidatura, mesmo sendo do mesmo partido de Lira.
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