Casa onde Maria da Penha viveu será transformada em memorialReprodução
Publicado 07/06/2024 10:51 | Atualizado 07/06/2024 10:52
Maria da Penha, símbolo da luta contra a violência doméstica no Brasil, passou a receber proteção do Estado após uma série de ameaças de grupos de extrema-direita e movimentos masculinistas, como os "red pills". A casa onde a mulher viveu será transformada em um memorial.

Segundo a coluna de Jamil Chade, do Universa, Maria da Penha tem sido alvo de ataques de grupos organizados em comunidades digitais, disseminando ódio e desinformação sobre a violência contra a mulher. Fake news tem questionado as duas tentativas de feminicídio pelas quais seu ex-marido foi condenado, apesar das decisões judiciais confirmadas.

A ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, viajou ao Ceará para se reunir com o governador Elmano de Freitas (PT) e a Secretaria de Mulheres. Ficou decidido que a vítima será incluída no programa de proteção a defensoras de direitos humanos e receberá segurança particular.

O local onde ela reside está alugado, mas o projeto de transformá-lo em um memorial esbarrava na falta de recursos. A pedido da ministra, o governo do estado iniciou o processo de desapropriação do imóvel, declarando-o de utilidade pública.

"A sociedade machista e misógina delega às mulheres a tarefa de provar, de inúmeras maneiras, as violências que sofreram nas mãos de seus atuais ou ex-companheiros, mesmo após eles terem sido julgados e condenados", declarou a ministra ao UOL. "Da mesma forma, insiste na falácia de 'ouvir o outro lado', ou seja, os agressores condenados, criando uma onda de ódio e fake news sobre elas e contra elas", acrescentou.

Cida Gonçalves mostrou indignação com os ataques sofridos pela mulher. "É inaceitável que Maria da Penha esteja passando por esse processo de revitimização ainda hoje no Brasil, 18 anos após emprestar seu nome a uma das leis mais importantes do mundo para a prevenção e enfrentamento da violência doméstica e familiar contra mulheres”, disse.

Maria da Penha desabafou sobre a situação. "O que me fortalece é saber que não estou sozinha na defesa da Lei Maria da Penha. Temos muitas pessoas verdadeiramente comprometidas com esta causa, o que nos fortalece a cada dia".
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Sobre a criação do memorial, ela vê o projeto com expectativa. "Vislumbro com esperança a aproximação de ações promissoras para o fortalecimento da luta das mulheres por um mundo livre de violência. É garantindo o direito à memória e à verdade que poderemos construir um futuro de justiça".
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