Catástrofe climática no Rio Grande do Sul atingiu 478 dos 497 municípios gaúchosAFP
Publicado 17/06/2024 12:17
Em um mês, a Secretaria Extraordinária para Apoio à Reconstrução do Rio Grande do Sul, criada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para dar centralidade às múltiplas iniciativas do governo federal, passou a integrar a ação dos 17 ministérios conectados à recuperação do estado. Desde o início das ações federais de combate aos efeitos das chuvas e enchentes que devastaram ou resultaram em prejuízos em 478 dos 497 municípios, R$ 85,7 bilhões foram mobilizados pelo Executivo. Recursos que se desdobram em várias vertentes e em ações que pautam o ministro Paulo Pimenta no diálogo permanente com governador gaúcho, prefeitos, parlamentares e integrantes da sociedade civil organizada.
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Uma das áreas cruciais desde o período emergencial e de salvamentos vem sendo a de recuperação do tráfego nas rodovias, essencial tanto para permitir a retomada da logística de abastecimento de bens e produtos quanto para o envio de ajuda humanitária. Mais de 600 homens, dezenas de maquinários pesados e R$ 100 milhões foram aplicados via Ministério dos Transportes para recuperar trechos isolados, criar rotas humanitárias e reconectar o estado, tanto internamente quanto com o restante do Brasil e com países vizinhos. Um total de R$ 1,2 bilhão foi anunciado para ações emergenciais de recuperação das rodovias federais gaúchas.

O primeiro momento foi de resposta emergencial. Mais de 89 mil pessoas e 15 mil animais foram resgatados numa mobilização de mais de 30 mil profissionais das Forças Armadas, forças de segurança ligadas ao Ministério da Justiça e Segurança Pública e parcerias com governo do estado, municípios, voluntários e cidadãos.

“Talvez nosso estado não tenha enfrentado uma situação tão dramática como essa. Em todas as áreas, na atividade econômica, na reconstrução das milhares de moradias que foram destruídas, na área da agricultura, na educação, e na área da saúde, tudo ocorreu de forma muito impactante”, afirmou Pimenta, na última sexta-feira, 14, durante evento para a entrega de 30 ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU 192) para 25 municípios.

Ao longo do período, treze hospitais de campanha foram erguidos pelas Forças Armadas e pela Força Nacional do Sistema Único de Saúde. Mais de 15 mil atendimentos foram prestados. Um total de 8 milhões de medicamentos e insumos foram garantidos ao estado e 21 mil pessoas foram imunizadas contra influenza. Para garantir atendimento e manutenção dos serviços, R$ 282 milhões foram pagos em recursos adicionais de saúde, R$ 64,4 milhões se voltaram para 799 leitos clínicos e 120 leitos pediátricos emergenciais, além de R$ 6 milhões de crédito extraordinário para a Força Nacional do SUS.
Acolhimento

Outra vertente foi a prestação de serviços humanitários para 500 mil pessoas que ficaram fora de casa, 80 mil delas em abrigos. “O trabalho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social foi rápido, com recursos que permitiam em até 24 horas que prefeituras pudessem receber dinheiro para comprar água, banheiros químicos, cobertas e alimentação”, listou Pimenta.

Mais de 18 mil toneladas de doações foram transportadas com logística coordenada pelos Correios e pelas Forças Armadas. Um total superior a 52 mil cestas de alimentos foram entregues. Numa parceria entre empresários e governo federal, houve a garantia de entrega gratuita de três mil botijões de 13 quilos por mês para 191 cozinhas solidárias, num investimento total de R$ 1,8 milhão.
Auxílio Reconstrução

Uma das medidas mais diretamente conectadas aos cidadãos foi o anúncio de um repasse de R$ 5,1 mil para cada família que teve prejuízos diretos causados pelas chuvas e enchentes, numa perspectiva de ajudar o início de uma retomada. Mais de 100 mil pessoas já receberam o repasse único, e mais de R$ 663 milhões já foram pagos.

O governo federal anunciou um dos mais ambiciosos planos de recuperação de residências da história, incluindo iniciativas como a aquisição de moradias prontas para garantir a retomada da vida de famílias desabrigadas.
Unificação do Bolsa Família

Uma das medidas adotadas pelo Governo Federal foi unificar o pagamento do Bolsa Família em todo o estado para o primeiro dia do cronograma em maio. Em junho, além de repetir a ação, o programa teve a adição de mais 21,7 mil famílias. Assim, um total de 658 mil famílias recebem nesta segunda o pagamento de junho.

Por decisão do governo federal, a restituição do Imposto de Renda foi antecipada no estado, e 900 mil pessoas já receberam os recursos.


Apoio às empresas

O presidente Lula assinou Medida Provisória que autorizou linhas para financiamento que totalizam R$ 15 bilhões a empresas em locais impactados por calamidades públicas — como a tragédia climática no Rio Grande do Sul. As linhas são destinadas à contratação de serviços, aquisição de máquinas e equipamentos, financiamento de empreendimentos e para capital de giro. Na última terça, 11 de junho, a linha ficou disponível via BNDES. “Vai ser fundamental para a manutenção de empregos, tanto para empresas na área rural quanto em área urbana”, destacou Paulo Pimenta, durante audiência pública na Câmara dos Deputados.

Por meio do Pronampe Emergencial, cerca de 13 mil empresários gaúchos que sofreram perdas em seus negócios já foram beneficiados e levantaram R$ 1,3 bilhão em créditos para retomar atividades nas primeiras três semanas do programa. O crédito conta com subsídio de 40%. Na prática, o empreendedor que pegou R$ 100 mil emprestados, ao sair do banco ficou devendo R$ 60 mil, uma vez que os R$ 40 mil restantes serão pagos pelo Governo Federal. A carência para início do pagamento é de 24 meses.

Em uma ação para manter empregos formais no estado, o governo federal garantiu o pagamento de um salário mínimo para 434 mil trabalhadores com carteira assinada por dois meses. Os repasses estão programados para julho e agosto. Adicionalmente, R$ 1,7 bilhão foram liberados a 538 mil trabalhadores que optaram por fazer o Saque Calamidade do FGTS, e R$ 11 milhões estão empenhados para duas parcelas adicionais do seguro-desemprego para 6.636 trabalhadores.

Estado e municípios
O governo federal anunciou a suspensão por três anos da dívida do Rio Grande do Sul com a União, liberando R$ 11 bilhões para um fundo para a reconstrução. Além disso, R$ 12 bilhões referentes a juros do estoque total da dívida foram perdoados.

Mais de R$ 12,1 bilhões foram transferidos para atender os municípios afetados. Um total de R$ 1 bilhão já vem sendo aplicado em obras emergenciais e de reconstrução em estruturas físicas danificadas.
Infraestrutura

Desde o início da crise climática, já foram liberados 112 trechos em 11 rodovias federais que cortam o Rio Grande do Sul. Segundo atualizações da última sexta-feira, 14/6, 12 trechos estão em obras ou com serviços para liberação das pistas e não há segmentos liberados somente para veículos de emergência. As chuvas afetaram trechos das BR-116, BR-153, BR-158, BR-287, BR-290, BR-392 e BR-470.

A conectividade de comunicação foi restabelecida em todos os municípios. O fornecimento de energia está praticamente normalizado.

No plano da Defesa Civil, mais de 566 planos de trabalho para a recuperação dos municípios foram aprovados pela Defesa Civil Nacional, num investimento de R$ 474,8 milhões. São mais de 20 aprovações de planos por dia.

No cenário internacional, houve iniciativas para facilitar a chegada de doações que vieram de vários cantos do planeta e anúncios de diversas instituições multilaterais para dar suporte à retomada do estado, com destaque para um total de R$ 5,7 bilhões reservados pelo Banco do Brics para infraestrutura e mobilidade urbana.
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