Publicado 26/06/2024 14:15
A Academia Brasileira de Letras (ABL) divulgou, na manhã desta quarta-feira (26), uma nota de repúdio criticando a decisão da Prefeitura de Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais, de recolher exemplares do livro "O Menino Marrom", de Ziraldo, das escolas municipais. Segundo a instituição, "episódios dessa natureza têm se repetido em escolas brasileiras, seguindo um padrão preocupante, e reflete um padrão preocupante de censura a obras literárias".
PublicidadeEm uma postagem no Instagram, a ABL criticou o posicionamento dos pais que pediram a proibição do livro.
"Um livro é selecionado e aprovado pelo Ministério da Educação, é aceito pelas escolas e, posteriormente, vira alvo de censura por parte de pais ou pedagogos, que apresentam argumentos frágeis e insuficientes contra a obra literária", informou.
A academia ainda destacou o tempo em que a obra, que conta a historia de dois amigos, é utilizada pelos estudantes e lembrou o autor, Ziraldo, morto em abril aos 91 anos.
"Este livro, publicado em 1986 por um autor premiado e respeitado tanto no Brasil quanto no exterior, é um clássico da nossa literatura infantojuvenil, lido nas escolas brasileiras há quase quatro décadas" ressaltou.
Comunicado após reclamações
A prefeitura divulgou um comunicado nas redes sociais na última quarta-feira (19), informando que a decisão foi tomada após reclamações dos pais sobre o conteúdo da publicação.
O texto ainda destacou que o livro aborda de "forma sensível e poética temas como diversidade racial, preconceito e amizade" e que é um "recurso valioso na educação, pois promove discussões importantes sobre respeito às diferenças e igualdade".
Apesar disso, disse que lamenta "interpretações dúbias" e que, em "respeito aos pais e a comunidade escolar", iria suspender temporariamente o uso do livro em sala de aula para uma "melhor reflexão"
"Diante das diversas manifestações e, divergência de opiniões, procedeu à solicitação de suspensão temporária dos trabalhos realizados sobre o livro 'O Menino Marrom', do autor Ziraldo, a fim de melhor readequação da abordagem pedagógica, evitando assim interpretações equivocadas", explicou o órgão.
Apesar disso, disse que lamenta "interpretações dúbias" e que, em "respeito aos pais e a comunidade escolar", iria suspender temporariamente o uso do livro em sala de aula para uma "melhor reflexão"
"Diante das diversas manifestações e, divergência de opiniões, procedeu à solicitação de suspensão temporária dos trabalhos realizados sobre o livro 'O Menino Marrom', do autor Ziraldo, a fim de melhor readequação da abordagem pedagógica, evitando assim interpretações equivocadas", explicou o órgão.
Em publicações, pais criticavam o conteúdo da obra. "O livro fala em fazer pacto de sangue. Tem um trecho de uma velhinha atravessando a rua e duas crianças olhando e desejando a sua morte", reclamou um pai, que chamou o livro de "satânico".
No entanto, houve quem discordasse da decisão. "Um absurdo! Inacreditável censurarmos um livro, principalmente uma obra de um mineiro tão consagrado", escreveu uma moradora da cidade.
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