Publicado 30/06/2024 08:05 | Atualizado 30/06/2024 08:07
Em uma iniciativa inédita no Brasil, a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) e a VoteLGBT, organização da sociedade civil que busca aumentar a representatividade LGBT na política, idealizaram um mapeamento de pré-candidaturas de pessoas LGBT+ em todos os estados.
PublicidadeA ação faz parte da campanha Cidades+LGBT, que objetiva aumentar a visibilidade e o suporte para candidaturas LGBT+ nas eleições municipais em todo o país. O site, lançado na última sexta-feira (28), teve dados coletados por uma equipe de 16 articuladores, atuando em todas as regiões. Ao todo, a campanha já mapeou quase 400 pré-candidaturas. A meta, porém, é chegar a mais de 800.
"Num esforço similar realizado em 2022, encontramos 327 candidaturas declaradamente LGBT+. Com o mapeamento atual, esperamos identificar mais de 800, reforçando assim a urgência da produção de dados sobre nossas lideranças", afirmou Gui Mohallem, da direção executiva do VoteLGBT.
Gui ressalta ainda que, com este mapeamento, ambas organizações esperam não apenas trazer visibilidade às candidaturas municipais, mas também produzir dados inéditos sobre as lideranças políticas LGBT+ a nível local. "Através desta colaboração com a Antra, estamos ampliando nossa capacidade de acessar candidaturas trans, que representam um terço das lideranças mapeadas até agora", completa.
"O sucesso das candidaturas nas capitais se diferencia um pouco do cotidiano das pequenas cidades, onde a eleição é literalmente disputada voto a voto. Além das diferenças regionais que afetam o nível de aceitação, as condições de elegibilidade passam também por questões financeiras e apoio dos partidos", aponta Bruna Benevides, presidenta da Antra.
Atualmente, o Brasil conta com 29 partidos políticos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e com capacidade de disputar as eleições, no entanto, as pré-candidaturas mapeadas até o momento se concentram em 24 legendas. Até o momento, a região Sudeste lidera o número de candidaturas (40,6%), seguida pela região Sul (24,4%), Nordeste (23,8%), Centro-Oeste e Norte (5,6%).
"Em julho, os partidos políticos vão decidir quem vai participar das Eleições 2024. Mesmo sendo apenas 1% do total de candidaturas em 2022, as LGBT+ receberam 5% do total de votos. Em média, as candidaturas LGBT+ têm um rendimento muito maior que as candidaturas não-LGBT. Ainda assim, enfrentam grandes obstáculos nos partidos para confirmar suas candidaturas e conseguir financiamento de suas campanhas. Em 2020, os partidos destinaram apenas 2% do teto de gastos para as candidaturas LGBT+. Em 2022, esse número aumentou para 10%, mas ainda é muito baixo e precisa mudar", finaliza Gui Mohallem.
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