Bolsonaro e o seu ex-ajudante de ordens, Mauro CidReprodução: redes ociais
Publicado 09/07/2024 10:21
Em relatório enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal (PF) apontou uma troca de mensagens entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o seu ex-ajudante de ordens Mauro Cid como uma das evidências de que o ex-mandatário sabia do suposto esquema de venda de presentes do acervo presidencial. Na troca de mensagens, o coronel encaminha um link de um leilão on-line de um kit de joias recebido pelo Executivo brasileiro e recebe como resposta de Bolsonaro a palavra "selva".
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O uso desse termo é um jargão militar. De acordo com o Exército Brasileiro, a saudação surgiu nos primeiros dias no Centro de Instrução de Guerra na Selva, em Manaus. De forma que a expressão era utilizada quando os soldados queriam saber o destino das viaturas que deixavam o quartel. O jargão é usado pelos militares como forma de cumprimento e substituição dos termos "ok" e "tudo bem".
"Não tinha ficha de viatura, fazendo com que o militar do portão das armas perguntasse o destino das viaturas que saiam do quartel. Quase sempre, recebia uma resposta apressada e lacônica — Selva! — era seu destino. A resposta curta, tão repetida, fez-se saudação espontânea e vibrante, alastrou-se, expandiu o seu significado, ecoou por toda a Amazônia contagiando a todos com o mesmo ideal", explica a corporação nas redes sociais.
De acordo com o relatório da PF, o fato de Bolsonaro ter utilizado "a expressão 'Selva' reforça a utilização deste jargão para confirmar sua ciência de que o KIT OURO ROSÉ fora exposto a leilão".
No celular de Bolsonaro, a corporação também encontrou registros de navegação, os chamados "cookies", que mostram que o ex-presidente de fato abriu o link do governo, 21 minutos depois de ter sido enviado por Cid. Já a mensagem "selva" foi enviada após a abertura do link.
O diálogo ocorreu em 4 de fevereiro de 2023. Quatro dias depois, Cid enviou o link de uma transmissão de um leilão no Facebook e escreveu: "daqui a pouco é o kit". Entretanto, o item não foi comprado.
Houve uma tentativa de agendar um novo governo, mas depois Cid afirma que não quer mais vender as peças e pede para elas serem enviadas para o endereço que Bolsonaro estava morando, na Flórida.
Esta sequência apresentou: primeiro, o envio de link do eleitorado por Mauro Cid; segundo, o registro de acesso à página por meio de histórico e cookies por Jair Bolsonaro em seu aparelho telefônico; e terceiro, a utilização da expressão 'Selva' reforçam a utilização deste jargão para confirmar a ciência, do ex-presidente, de que o KIT ouro rosado fora exposto ao governo", afirma o relatório.
A investigação foi concluída na semana passada. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), retirou o sigilo do relatório no qual Bolsonaro e mais 11 investigados foram denunciados pelo desvio de joias sauditas recebidas durante o governo do ex-presidente. Os desvios, segundo a PF, podem chegar a R$ 6,8 milhões.
A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta segunda-feira, 8, que o ex-mandatário não tinha "qualquer ingerência" sobre os presentes recebidos durante as viagens presidenciais. Os advogados também classificaram o inquérito das joias de "insólito" e citaram o relógio dado ao chefe do Executivo, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
 
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