Publicado 12/07/2024 22:46
Em uma semana, três baleias-jubarte foram encontradas mortas em praias de São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, segundo o Instituto Argonauta, entidade de defesa do meio ambiente situada em Ubatuba. No dia 30 de junho, uma delas foi localizada na praia de Guaecá. Em 6 de julho, mais duas foram encontradas - uma na praia de Boraceia e outra em Paúba.
PublicidadeUma quarta carcaça de baleia foi avistada por pescadores na praia de Picinguaba, em Ubatuba, nas últimas semanas. Os pescadores avisaram a equipe de monitoramento do Argonauta, mas, quando chegaram à região, os técnicos não conseguiram localizar essa baleia morta.
Com esses quatro casos, sobe para seis o número de baleias encontradas mortas no litoral norte de São Paulo durante os últimos meses.
Essas três carcaças localizadas entre 30 de junho e 6 de julho eram de baleias-jubarte juvenis (Megaptera novaeangliae), mas estavam em avançado estado de decomposição, o que impediu a identificação da causa das mortes.
"Além das possíveis causas naturais, a mortalidade destes animais pode estar relacionada à falta de alimento, doenças e interação incidental com a pesca e até abalroamento com embarcações", afirmou o oceanólogo Hugo Gallo Neto, presidente do Instituto Argonauta.
As carcaças encontradas na areia foram enterradas, como é recomendado. "Desenvolvemos uma técnica de encalhe e acompanhamento de decomposição de carcaças quando encontradas em alto mar, que é a melhor alternativa. Porém, quando os animais já estão encalhados na areia, o enterro da carcaça é a opção adequada. Quando esse enterro é realizado de forma correta, não oferece risco de contaminação às praias. Pelo contrário, este procedimento é uma prática segura e benéfica, pois as carcaças enterradas retornam nutrientes ao ambiente, contribuindo para a manutenção da saúde do ecossistema local", disse o oceanólogo.
"As carcaças foram registradas e tiveram materiais coletados que servirão para futuras análises e pesquisas sobre a ocorrência destes animais na região", disse a bióloga Carla Beatriz Barbosa, coordenadora do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS) no trecho 10 (Litoral Norte de SP). O PMP-BS é uma atividade desenvolvida para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal das atividades da Petrobras de produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
As baleias-jubarte são mamíferos marinhos que podem atingir 16 metros de comprimento e pesar até 40 toneladas. São animais migratórios, que anualmente percorrem grandes distâncias ao longo da costa brasileira.
No outono e no inverno, migram rumo ao Nordeste do Brasil para se reproduzir, dar à luz e alimentar seus filhotes. É nessa época que cruzam o litoral paulista, por isso se torna mais comum ver esses animais no mar. Durante o verão, eles retornam para os mares antárticos para se alimentarem.
Recentemente, o número de baleias-jubarte aumentou e a espécie saiu da lista de ameaçadas de extinção. A manutenção deste status depende da conservação dos oceanos e do habitat.
O Instituto Argonauta foi fundado em 1998 pela diretoria do Aquário de Ubatuba e reconhecido em 2007 como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip). O Instituto tem como objetivo a conservação do meio ambiente e é uma das instituições executoras do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos.
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