Lula criticou Maduro durante coletiva de imprensa com agências internacionais em BrasíliaMarcelo Camargo/Agência Brasil
Publicado 22/07/2024 15:40
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta segunda-feira (22) que está "assustado" com as advertências do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que afirmou que uma vitória da oposição nas eleições do próximo domingo (28) resultaria em um "banho de sangue".

"Fiquei assustado com a declaração do Maduro dizendo que se ele perder as eleições vai ter um banho de sangue. Quem perde as eleições toma um banho de voto, não de sangue", afirmou o presidente sobre o seu aliado.

"O Maduro tem que aprender, quando você ganha, você fica, quando você perde, você vai embora. Vai embora e se prepara para disputar outra eleição", declarou durante coletiva de imprensa com agências internacionais em Brasília.

"Então eu estou torcendo [para] que aconteça isso pelo bem da Venezuela e pelo bem da América do Sul", acrescentou.

O país caribenho realizará neste domingo eleições presidenciais que representam o maior desafio para o chavismo em seus 25 anos no poder, com uma oposição que pela primeira vez aparece como favorita.

Respeitar as eleições
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Maduro, de 61 anos, presidente desde 2013 e aspirante a um terceiro mandato de seis anos, apresentou essa votação como uma escolha entre "paz e guerra", e disse que uma vitória da oposição levaria a um "banho de sangue".

"Já falei com o Maduro duas vezes, [...] e o Maduro sabe que a única chance da Venezuela voltar à normalidade é ter um processo eleitoral que seja respeitado por todo mundo", afirmou Lula.

"Se o Maduro quiser contribuir para resolver a volta do crescimento na Venezuela, a volta das pessoas que saíram da Venezuela, estabelecer um estado de crescimento econômico, ele tem que respeitar o processo democrático", defendeu o presidente brasileiro.

Lula subiu o tom recentemente ao criticar uma série de obstáculos à oposição por parte da autoridade eleitoral venezuelana, de linha governista, e pedir uma maior observação internacional, depois que a União Europeia (UE) foi impedida de acompanhar as eleições.

O presidente confirmou nesta segunda que o governo brasileiro enviará dois representantes do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e seu assessor de assuntos internacionais, Celso Amorim, para observar o processo no país vizinho.

Lula também pediu o levantamento das sanções internacionais que pesam sobre a Venezuela.

No início de julho, disse esperar que os resultados do próximo domingo sejam reconhecidos por todos e que isso permita o rápido retorno de Caracas ao Mercosul, do qual foi suspensa em 2017.
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