Leituras variadas podem ajudar na melhoria do vocabulário, interpretação e aprendizadoDivulgação
Publicado 17/08/2024 05:00
Na reta final de preparação para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é fundamental aos estudantes que consigam se manter focados em seus estudos, mas respeitando seus limites e suas necessidades de descanso. Pensando nisso, O DIA consultou especialistas, buscando indicações de leituras por fora dos materiais conteudistas mas que agregam conhecimentos úteis para as provas, alinhando descanso com preparação. 
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Erick Nery Daniel, coordenador do Ensino Médio e Pré-Vestibular da rede de escolas Pensi, destacou como a leitura desempenha um papel fundamental na preparação para o Enem, por seus efeitos positivos na melhora da interpretação, vocabulário e o repertório cultural.
Erick Nery Daniel, coordenador das turmas de 3ª série e pré-vestibular no Colégio Pensi - Divulgação
Erick Nery Daniel, coordenador das turmas de 3ª série e pré-vestibular no Colégio PensiDivulgação
Ele apresentou uma lista de livros que não só enriquecem o conhecimento sobre diferentes áreas do conhecimento, mas potencializam essas habilidades, essenciais para alcançar um bom resultado no exame.
- 1984 – George Orwell: Este clássico da literatura distópica explora temas como totalitarismo, vigilância e manipulação, oferecendo reflexões sobre o poder e a fragilidade da liberdade em uma sociedade opressiva.
- Sapiens: Uma Breve História da Humanidade – Yuval Noah Harari: o autor apresenta uma visão abrangente da história da humanidade, desde as origens biológicas até as transformações sociais, culturais e tecnológicas que moldaram o mundo moderno.
- Uma Breve História do Brasil – Mary del Priore: Um panorama conciso da história do Brasil, destacando os principais eventos, personagens e processos que formaram a nação brasileira.
O Povo Brasileiro – Darcy Ribeiro: Uma análise profunda sobre a formação do povo brasileiro, abordando a miscigenação e as influências culturais que compõem a identidade nacional. O livro ajuda a compreender a diversidade cultural e social do Brasil, temas recorrentes em Ciências Humanas e na redação.

Escravidão – Laurentino Gomes: Uma investigação detalhada sobre o período da escravidão no Brasil, destacando seu impacto social, econômico e cultural, além das consequências que perduram até hoje.

Cem Anos de Solidão – Gabriel García Márquez: Uma obra-prima da literatura latino-americana que narra a história da família Buendía, explorando temas como solidão, destino e a repetição cíclica da história.

Grande Sertão: Veredas – Guimarães Rosa: Um épico da literatura brasileira que combina narrativa complexa e profunda, explorando o sertão brasileiro e as lutas internas e externas de seus personagens.

Ao Farol – Virginia Woolf: Clássico do modernismo, o romance explora a passagem do tempo e as dinâmicas familiares usando o fluxo de consciência. Woolf impactou a literatura com sua profundidade psicológica, redefinindo a narrativa e a percepção do tempo.
 "Memórias Póstumas de Brás Cubas" – Machado de Assis: Marco na literatura mundial, este romance inovador é narrado por um defunto-autor. Machado rompeu com as convenções da época, empregando ironia e metalinguagem, influenciando gerações posteriores na arte de narrar. A leitura desta obra desenvolve a habilidade de interpretação de textos e a compreensão de ironia, aspectos frequentemente explorados em Linguagens.
Quarto de Despejo – Carolina Maria de Jesus: Este diário autobiográfico revela a dura realidade da vida nas favelas brasileiras, oferecendo uma visão crua e autêntica da desigualdade social no Brasil.
Dom Quixote de La Mancha – Miguel de Cervantes: Publicado em 1605, este marco da literatura mundial é considerado o primeiro romance moderno. A obra explora a linha entre idealismo e loucura, influenciando profundamente a narrativa ocidental e redefinindo a construção dos personagens na ficção.
Como as Democracias Morrem – Steven Levitsky e Daniel Ziblatt: Uma análise das ameaças contemporâneas às democracias, com foco em como regimes democráticos podem declinar gradualmente, alertando para sinais de erosão democrática. A leitura deste livro é valiosa para interpretar e refletir sobre questões atuais de Ciências Humanas, especialmente em temas relacionados à política.
Orgulho e Preconceito – Jane Austen: Publicado em 1813, este clássico da literatura inglesa é um marco na representação das relações sociais e de gênero. Austen combina ironia e crítica social ao explorar temas como casamento, classe e moralidade, influenciando profundamente a literatura e a cultura ocidental.
A Construção do Argumento – Anthony Weston: Um guia prático que ensina a formular argumentos claros e persuasivos, fornecendo técnicas para desenvolver raciocínios sólidos e bem estruturados. Este livro é essencial para aprimorar a habilidade de argumentação, podendo ajudar muito os alunos na Redação.
Para Thiago Braga, gestor de área de Redação do Colégio pH, para se preparar para o Enem, além de estudar os conteúdos específicos das provas, é benéfico que os candidatos dediquem tempo à leitura de materiais que desenvolvam suas habilidades de interpretação de texto, pensamento crítico e conhecimento cultural. Para a redação, ele também destaca a importância de estar atento às atualidades por meio da leitura de matérias em portais da internet que possuam credibilidade jornalística.
Thiago Braga, gestor de área de Redação do Colégio pHASCOM pH

Thiago traz algumas sugestões de livros que abordam diversas áreas do conhecimento e que podem contribuir para o desenvolvimento de habilidades que potencializam o desempenho na prova do Enem. 

- Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade: Oferece uma experiência profunda com a poesia de um dos mais proeminentes escritores brasileiros, contribuindo para as questões de literatura no exame e ajudando a melhorar a habilidade de interpretação de textos poéticos. Vale lembrar que questões com esse gênero textual costumam ter baixo desempenho dos alunos em todo o país.

- Pensadores que Inventaram o Brasil, de Fernando Henrique Cardoso: Uma ótima leitura para compreender a formação sociopolítica do Brasil, essencial para as provas de ciências humanas e também de redação.
O DIA falou com Gabrielle Brasil, supervisora pedagógica da Rede Elite de Ensino. Ela reafirma a importância da leitura durante o período de preparação para o vestibular, seja para enriquecimento do vocabulário, melhoria da capacidade de interpretação, ou até mesmo novos aprendizados.
Gabrielle Brasil, supervisora pedagógica da Rede Elite de EnsinoDivulgação
Gabrielle destaca que a leitura sobre temas de interesse pessoal pode ser altamente benéfica, pois, além de tornar o estudo mais envolvente, contribui para a preparação do candidato. ''Se você é interessado em esportes, por exemplo, investigar temas como campeonatos, aspectos financeiros das contratações e políticas públicas relacionadas pode ser enriquecedor. Para os fãs de música, explorar as implicações culturais e a história dos artistas admirados pode proporcionar um aprendizado igualmente valioso'', sugere.

Além da leitura, a supervisora lembra que muitos filmes e séries são baseados em livros. ''O romance O Conto da Aia, de Margaret Atwood, adaptado para uma série de televisão, aborda temas como controle social e opressão. Se uma série despertar seu interesse, buscar a obra original pode aprofundar ainda mais sua compreensão e debate sobre o tema'', indica.

Por fim, a dica é usar o tempo, mesmo que limitado, de forma estratégica. Além dos estudos, é importante investir tempo em atividades que possam beneficiar a preparação, como a leitura diversificada, uma boa noite de sono e uma alimentação saudável.
Oswaldo Martins, professor de Língua Portuguesa e Redação do Ceat, destaca como a leitura, especialmente a ficção, desempenham papel fundamental em fortalecer a reflexão e o pensamento crítico do aluno sobre o mundo. Para ele, a leitura deve acompanhar o estudante desde sua formação inicial até os últimos anos escolares e ir além do período de formação. ''Os anos do Ensino Médio servem para aprimorar o processo de leitura iniciado antes. A adoção de obras deve se guiar não apenas tendo em vista os famigerados vestibulares, nem apenas a literatura brasileira, mas a formação cidadã do aluno, que hoje se conecta ao mundo todo,'' diz.
Oswaldo Martins, professor de Língua Portuguesa e Redação do CeatDivulgação
Tendo em vista o conteúdo que costuma ser passado em cada ano do Ensino Médio, Oswaldo listou livros nacionais e estrangeiros que podem complementar cada um.
1º Ano
- Brasileiros: "Dom Casmurro (Machado de Assis), Poesia Pau-Brasil (Oswald de Andrade), A Ocupação (Julian Fuks), O Cortiço (Aluísio de Azevedo).
Estrangeiros: Édipo Rei (Sófocles), O Alegre Canto da Perdiz (Paulina Chiziane), Polícia da Memória (Yoko Ogawa), A Ridícula Ideia de Nunca Mais te Ver (Rosa Montero)
2º Ano
Brasileiros: Quincas Borba (Machado de Assis), Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres (Clarice Lispector), Ideias para Adiar o Fim do Mundo (Ailton Krenak), Antologia Poética (Manuel Bandeira).
Estrangeiros: A Metamorfose (Kafka), O Quarto de Giovanni (James Baldwin), O Mundo se Despedaça (Chinua Achebe), Nêmesis (Philip Roth)
3º Ano
Brasileiros: Memórias Póstumas de Brás Cubas (Machado de Assis), Primeiras Estórias (Guimarães Rosa), Antologia Poética (Carlos Drummond de Andrade), O que Ela Sussurra (Noemi Jaffe), Crime na Calle Relator (João Cabral de Melo Neto).
Estrangeiros: Sol Artificial (J.P. Zooey), Sukiyaki de Domingo (Bae Su Ah)
Essas obras foram escolhidas pela diversidade de temas e pela capacidade de estimular a reflexão crítica dos estudantes.
*Matéria do estagiário Diego Cury, sob supervisão de Marlucio Luna
 
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