Marcola, líder do PCCDivulgação
Publicado 03/09/2024 08:51 | Atualizado 03/09/2024 09:09
Marco Willians Herbas Camacho, também conhecido como Marcola, chefe da maior facção criminosa do País — o Primeiro Comando da Capital (PCC) —, solicitou no ano passado à União uma indenização de R$ 74 mil devido a divulgação de áudios e vídeos das suas conversas com familiares no parlatório da Penitenciária Federal de Brasília.
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Os arquivos de Marcola com os seus familiares, incluindo um filho adolescente, no parlatório da Penitenciária Federal de Brasília, nos dias 3 de novembro de 2021 e 12 de janeiro de 2022, foram divulgados em agosto de 2022. As informações são da Coluna do Josmar Jozino, do "UOL".
O pedido de compensação pelo vazamento foi apresentado por advogado em novembro do ano passado, mas a Justiça não teve tempo de analisar o caso. Quase um mês depois, Marcola decidiu, através do seu defensor, retirar a ação.
"A conversa do preso com a família não configura crime e o vazamento evidencia o enorme desrespeito à intimidade, privacidade da família e do filho menor do preso e às instituições, porque coloca em xeque a credibilidade de todo o sistema de Justiça", diz o texto da petição judicial.

Na mesma ação, o advogado destaca que também foram divulgados diálogos do chefe do PCC com uma das suas defensoras, considerando este incidente como mais uma "violação ao Estado Democrático de Direito e aos princípios constitucionais".
A defesa cita na petição que Marcola está impedido de abraçar os seus familiares durante as visitas e de manter contato com o irmão Alejandro Juvenal Herbas Camacho Júnior, de 52 anos, conhecido por Marcolinha, detido na Penitenciária Federal de Brasília.

Para o defensor de Marcola, as restrições violam a dignidade da pessoa humana. Além disso, o advogado argumenta no documento que a alimentação fornecida a Marcola na prisão é estragada, de "sabor horrível" e provocou danos à saúde do seu cliente, incluindo uma perda de peso significativa.

O advogado ainda solicita que a ação seja acolhida para condenar a União ao pagamento de uma indemnização por danos morais no montante não inferior a R$ 74 mil.
A reportagem entrou em contato com o advogado para saber por qual ou quais motivos Marcola resolveu desistir da ação indenizatória. O defensor não quis se manifestar sobre o caso.
A Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), responsável pelas penitenciárias federais, nega ter servido comida estragada aos presos e afirma que as refeições passam por teste de prova, são pesadas e balanceadas adequando-se às especificidades de cada detento.
"São servidas seis refeições por dia e que as Regras Mínimas para Tratamento de Presos preconizam que todo preso recebe da administração, em horas determinadas, alimentação de boa qualidade, bem preparada, com valor nutritivo adequado à saúde e à robustez física", disse em nota.
Nos presídios federais, o contato físico dos presos com as famílias é proibido. As visitas acontecem uma vez por semana. Os prisioneiros e os seus familiares permanecem separados por um vidro reforçado no local designado para conversas. As interações ocorrem através de um telefone e são submetidas a gravação, filmagem e supervisão por parte de agentes.
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