Publicado 18/09/2024 08:35 | Atualizado 19/09/2024 11:08
A Polícia Federal (PF) afirma, em representação ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que encontrou áudios que mostram a "insatisfação" de magistrados suspeitos de integrar um esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Tocantins com pagamentos de propina feitos de forma fracionada e demorada. Os áudios foram classificados como "estarrecedores" pelos investigadores.
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Os magistrados investigados são alvo da Operação Máximus, desencadeada no dia 23 de agosto. Por ordem do ministro João Otávio Noronha, do STJ, a PF cumpriu dois mandados de prisão preventiva e fez buscas em 60 endereços no Tocantins, em Minas Gerais, São Paulo, Goiás e no Distrito Federal. Os agentes vasculharam dependências do Tribunal de Justiça do Estado.
Quando a operação foi aberta, a Corte do Tocantins informou que repassou todas as informações necessárias à PF.
As transcrições e detalhes dos áudios constam da representação que a PF levou ao STJ pela abertura da operação. Na ocasião, foi preso Thales André Pereira Maia, filho do desembargador Helvécio de Brito Maia Neto - também investigado no inquérito. Na última sexta-feira, o STJ mandou soltar Thales Maia.
Maia Neto está afastado de suas funções. Também são alvo da investigação as desembargadoras Etelvina Maria Sampaio Felipe, presidente da Corte, e Angela Maria Ribeiro Prudente.
Nos áudios captados pela PF, em uma conversa entre Thales Maia e outro investigado, os investigadores afirmam que "percebe-se que os membros do Poder Judiciário estavam insatisfeitos com os pagamentos da suposta propina de forma fracionada, inclusive, com a demora em pagá-los". O caso em questão envolve os interesses de uma mineradora.
Anônima
O inquérito da Operação Máximus teve início com uma denúncia anônima. A PF foi a campo e relata ter achado indícios de corrupção em diversos processos - entre eles o da mineradora - com comprovantes de pagamento de suposta propina e áudios de investigados.
Segundo a corporação, as gravações "demonstram de forma clara que a organização criminosa sob suspeita atua de forma orquestrada para garantir interesses espúrios no Tribunal de Justiça do Tocantins".
O Estadão pediu manifestação dos desembargadores via assessoria de imprensa do TJ, mas a Corte não havia respondido até a noite desta terça-feira (17).
Etelvina Felipe, porém, disse, em nota, que recebeu com "indignação e repúdio o indevido envolvimento" de seu nome na operação. Ela negou qualquer irregularidade. A nota diz que a desembargadora "repudia de forma veemente todas as ilações, narrativas e suposições indevidas e fantasiosas envolvendo o seu nome, com a intenção malévola de agredir sua honra e apagar sua história".
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