Mulher teve coração operado sem autorizaçãoPexels
Publicado 27/09/2024 20:02
A vida de uma mulher de 34 anos virou de cabeça para baixo depois de entrar em uma cirurgia para tratar endometriose e sair com o coração operado sem autorização. Devido ao procedimento, ela acabou adquirindo uma doença cardíaca crônica que a impõe uma série de limitações.
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O caso, divulgado pela "Folha de São Paulo", nesta quinta-feira (26), corre em segredo de Justiça e o nome da paciente, representada como Renata, foi preservado a pedido da mulher, que prefere esconder sua identidade e não falar publicamente sobre a denúncia.
Com o sonho de se tornar mãe de quatro filhos, Renata descobriu uma endometriose depois de diversas tentativas frustradas de engravidar. Embora não tivesse tido fortes dores, características da doença, a infertilidade foi um dos sintomas que a atingiu.
Para tratar a doença, a mulher chegou até o ginecologista Ricardo Mendes Alves Pereira, que possui um consultório no Jardim Paulista, na zona oeste de São Paulo, e marcou uma consulta, que custou R$ 1.500. Foi então que a cirurgia ficou marcada para o dia 19 de outubro de 2023.
À "Folha", familiares de Renata contaram que o médico previu até cinco horas de cirurgia. No dia, no entanto, o tempo do procedimento durou mais que o dobro do que o dito por Pereira inicialmente. No centro cirúrgico, sem autorização e sem especialistas cardíacos presentes, o ginecologista operou o coração da mulher.
Renata entrou na sala de cirurgia achando que iria operar apenas a região do útero, ovário, trompas e intestino grosso (cólon). De acordo com a denúncia, o médico ampliou a operação para tratar uma endometriose que teria atingido o diafragma e pericárdio, uma membrana que envolve o coração.
Em áudio enviado aos familiares de Renata, o ginecologista afirmou que não contou sobre a cirurgia no coração para a mulher não "esquentar um pouquinho, ficar mais estressada sabendo que ia mexer aqui em cima", palavras do médico de acordo com a "Folha".
Com fortes dores, Renata recebeu o diagnóstico de pericardite, uma doença crônica que causa inflamação da membrana que envolve o coração e os grandes vasos sanguíneos, meses depois da cirurgia. Por causa disto, não pode se exercitar ou se estressar, já que seus batimentos cardíacos devem ficar abaixo de cem.
Além das novas limitações, Renata também não pode mais engravidar por causa da medicação que usa e da forte concentração de corticoides presente nela. Insônia, queda brusca de cabelo e inchaço são outros sintomas que a acompanham desde então. Durante o tempo em que pesquisava o que poderia estar causando as fortes dores, o ginecologista continuava a insistir que estava tudo normal e que ela poderia ter vida normal.
Em abril, a Polícia Civil abriu um inquérito para investigar o caso, que também é averiguado pela Comissão de Ética do Hospital Israelita Albert Einstein e pelo Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). 
À "Folha", o hospital afirmou que "segue em contato com a paciente e sua família, oferecendo todo o acolhimento necessário". Já o Cremesp informou que abriu sindicância para averiguar a denúncia.
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