Presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou da cúpula dos BRICS nesta quarta-feira, 23, por videoconferênciaReprodução/Redes sociais
Publicado 23/10/2024 08:30 | Atualizado 23/10/2024 11:58
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira, 23, à cúpula dos Brics, que a presidência brasileira à frente do grupo reafirmará a proposição de um mundo multipolar. A cada ano que passa tem sido mais difundida a análise de que o bloco caminha para ser uma força de contraposição, com protagonismo da China, ao poder da aliança Estados Unidos-Europa na política global.

"Na presidência brasileira dos Brics, queremos reafirmar a vocação do bloco na luta por um mundo multipolar e por relação menos assimétricas entre os países", declarou o petista. A cúpula dos Brics é realizada em Kazan, na Rússia, mas Lula está em Brasília e participou por videoconferência. O presidente brasileiro cancelou a viagem até o local por causa de um acidente doméstico.

O líder brasileiro afirmou que o lema da presidência do Brasil à frente dos Brics, no ano que vem, será "fortalecer a cooperação do Sul Global para uma governança mais inclusiva e sustentável"

Lula disse que não se pode aceitar um "apartheid" no acesso a vacinas, medicamentos e no desenvolvimento da inteligência artificial. O petista mencionou a disputa por insumos na pandemia para ilustrar sua declaração sobre acesso a vacinas e medicamentos.
Publicidade
Meios de pagamento alternativos no Brics
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva também defendeu que está na hora de o bloco criar meios de pagamento alternativos para transações entre si. Brics e outros setores da política global, principalmente liderados pela China, buscam formas de fazer comércio sem precisar recorrer à moeda norte americana, o dólar, que domina os negócios globais desde o século passado.

"É chegada a hora de avançar na criação de meios de pagamento alternativo para transações entre nossos países. Não se trata de substituir nossas moedas, mas é preciso trabalhar para que a ordem multipolar que alvejamos se reflita no sistema financeiro internacional. Essa discussão precisa ser enfrentada com seriedade, cautela e solidez técnica, mas não pode ser mais adiada", disse o petista.

A reunião da cúpula dos Brics está sendo realizada em Kazan, na Rússia, mas Lula participou por videoconferência a partir de Brasília. O presidente brasileiro cancelou a viagem ao país asiático depois de um acidente doméstico no fim de semana.

Lula também defendeu uma cooperação interbancária dos integrantes do bloco. "Por meio do mecanismo de cooperação interbancária, nossos bancos nacionais de desenvolvimento vão estabelecer linhas de crédito em moedas locais, que reduzirão os custos de transação de pequenas e médias empresas", declarou o petista.

"Representamos 36% do PIB global por paridade de poder de compra Contamos com 72% das terras raras do planeta, 76% do manganês e 50% do grafite. Entretanto, os fluxos financeiros continuam seguindo para as nações ricas. É um Plano Marshall às avessas, em que as economias emergentes e em desenvolvimento financiam o mundo desenvolvidos. As iniciativas e instituições dos Brics rompem com essa lógica", disse Lula.
Leia mais