Adenomiose afeta cerca de 10% das mulheres em todo o mundoReprodução
Publicado 04/11/2024 13:56
A Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados aprovou, na última quinta (31), um projeto de lei que institui o Programa de Detecção Precoce e Tratamento da Adenomiose. Essa doença ocorre quando o tecido que reveste a cavidade do útero (endométrio) cresce de forma anormal na musculatura do órgão.
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O texto, da deputada licenciada Clarissa Tércio (PP-PE), foi aprovado na comissão sob recomendação da relatora, a também deputada Silvia Cristina (PP-RO). "Isso pode prevenir complicações, como sintomas dolorosos e infertilidade. Em termos de custos, o diagnóstico precoce pode permitir intervenções mais custo-efetivas e menos agressivas, preservando a função reprodutiva", afirmou Silvia durante a comissão.
De acordo com a PL 406/24, O Poder Executivo manterá base de dados para monitorar e elaborar indicadores que aprimorem as políticas públicas voltadas para a detecção e o tratamento da adenomiose.
O programa também deverá promover ações, como parcerias para pesquisas sobre causas e formas de tratamento preventivo, padronização dos critérios diagnósticos treinamento e atualização periódica dos profissionais da área e campanhas de conscientização sobre os sintomas mais frequentes, de forma a facilitar a identificação da doença.
Agora, o Projeto de Lei segue para o plenário da Câmara para aprovação e, se aprovado, passa para a votação no Senado Federal.
Médico explica o que é a adenomiose
Em entrevista ao DIA, o médico cirurgião especialista em adenomiose, Lucas Simões, explica o que é a doença, que atinge uma em cada dez mulheres no mundo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Ele também fala com e adenomiose é diagnosticada.
"A adenomiose é uma doença uterina benigna, que é caracterizada pela presença de células do endométrio, que é a camada de revestimento interno do útero, só que dentro da camada muscular desse órgão. Podemos diagnosticar a adenomiose com ultrassonografia transvaginal ou ressonância magnética, sendo a maior parte da doença diagnosticada caracterizada como superficial", explica Lucas.
O médico também fala sobre os sintomas que a adenomiose causa, como forte cólica menstrual e sangramentos menstruais mais intensos. Lucas ainda informa que parte das pacientes nesta condição são assintomáticas. "30 a 50% das pacientes com adenomiose não apresentam sintomas", diz.
Muitas pessoas confundem a adenomiose com a endometriose. Lucas Simões fala sobre a diferença entre as duas doenças. "A primeira diferença é a localização! Enquanto a adenomiose se localizada dentro da camada muscular do útero, a endometriose localiza-se fora do útero, podendo acometer outros órgãos, como ovários, trompas, intestino e bexiga O sintoma mais clássico, que é a forte cólica menstrual, é semelhante nas duas doenças. Contudo, diferenciam-se pelo sangramento anormal, muito mais comum na adenomiose", explica.
Assim como na endometriose, a adenomiose pode causar uma certa dificuldade para engravidar, o especialista comenta que em torno de 14% das pacientes nesta condição tem dificuldades para gerar um bebê. A adenomiose não tem cura, mas Lucas fala como é feito o tratamento para a condição.
"Tem opções de tratamento que deixem a doença silenciosa e sem sintomas. Esse tratamento se baseia em medicamentos hormonais que bloqueiem a menstruação, como anticoncepcionais orais ou DIU. A cirurgia é uma opção de tratamento, mas que vai depender se a paciente quer ou não filhos. Se quiser, podemos retirar a adenomiose quando mais localizada. Agora se a paciente não tem mais desejo de gestar, então seguimos com a histerectomia, que é a retirada completa do útero".
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