Presidente da China, Xi Jinping, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da SilvaAFP
Publicado 20/11/2024 11:20 | Atualizado 20/11/2024 11:22
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PF) recebeu nesta quarta-feira, 20, em Brasília, o seu homólogo chinês, Xi Jinping, para falar sobre economia e comércio, depois de ambos terem se reunido na cúpula do G20, no Rio de Janeiro.

Lula e a primeira-dama 'Janja' receberam o líder chinês no tapete vermelho do Palácio da Alvorada, onde os dois líderes assinarão posteriormente uma série de acordos bilaterais e farão uma declaração conjunta.

A visita de Estado do presidente chinês buscará consolidar uma relação robusta entre os dois gigantes do Sul global, em um mundo em "turbulência", nas palavras de Xi.

O líder chinês espera manter conversas com Lula "sobre a melhoria das relações entre a China e o Brasil, promovendo a sinergia das estratégias de desenvolvimento dos dois países", segundo a agência estatal chinesa Xinhua.

O Brasil buscará diversificar suas exportações "com produtos brasileiros com maior valor agregado", disse o secretário para a Ásia Pacífico do Itamaraty, Eduardo Paes Saboia.

Com US$ 160 bilhões (cerca de R$ 923,7 bilhões na cotação atual) em transações bilaterais em 2023, a China é o maior parceiro comercial do Brasil.

O Brasil, uma potência agrícola, envia soja e outras matérias-primas para a China, enquanto o país asiático vende semicondutores, telefones, veículos e medicamentos.

Brasília está sob forte presença policial uma semana depois que um indivíduo cometeu o que a Polícia Federal investiga como uma "ação terrorista", ao detonar com explosivos em frente ao Supremo Tribunal Federal (STF). Os dois parceiros do grupo Brics jantarão à noite na sede do Itamaraty.

'Sul Global em ascensão'
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O encontro entre os líderes da China e do Brasil, segundo e sétimo países em população do mundo, respectivamente, ocorre em um contexto internacional complicado, demonstrado pelos tímidos progressos alcançados pela cúpula do G20 em temas como as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio e a questão climática.

O retorno de Donald Trump à Casa Branca prenuncia uma abordagem isolacionista e mais conflituosa nos Estados Unidos, especialmente no comércio com a China.

"O mundo está entrando em um novo período de turbulência e mudança", disse Xi no Rio de Janeiro, à margem da cúpula das 20 principais economias.

"O Sul Global está em ascensão coletiva", afirmou o líder chinês em um artigo publicado na imprensa brasileira antes de sua visita.

Xi chega a Brasília após manter reuniões bilaterais com vários líderes à margem do G20 no Rio, incluindo o argentino Javier Milei, forte aliado de Trump.

"Xi Jinping busca claramente preencher o vazio que surgirá com a eleição de Trump, que não valoriza o multilateralismo", disse Oliver Stuenkel, professor de Relações Internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV).

O governo Lula, no entanto, tem sido ambíguo em relação à iniciativa "Belt and Road" (Uma Faixa, Uma Rota) para obras de infraestrutura, um pilar de Xi para expandir a influência da China no mundo, e que tem sido adotada por outros vizinhos latino-americanos.

O Brasil "está tentando equilibrar seu interesse em uma relação política, comercial e até militar cada vez mais forte com a China, com a manutenção de um bom relacionamento com os Estados Unidos", disse à AFP Evan Ellis, analista do think tank CSIS, em Washington.

Provérbio chinês 
Natalia Molano, porta-voz do Departamento de Estado em espanhol, afirmou à AFP que Washington incentiva o Brasil a "avaliar com os olhos abertos os riscos e benefícios de uma aproximação com a China".

"Como diz um provérbio chinês: quem usa sapatos é o único que sabe se esses sapatos realmente lhe servem", disse uma fonte diplomática chinesa em resposta.

"A China e a América Latina e o Caribe são os que têm a palavra final sobre o desenvolvimento do seu vínculo", acrescentou.
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