Jair Bolsonaro fala sobre desempenho sexual e relacionamento familiar em entrevistaReprodução / YouTube / Leo Dias TV
Publicado 26/02/2025 09:53 | Atualizado 27/02/2025 18:39
Rio - Denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por tentativa de golpe de Estado em 2022 e podendo ser preso a qualquer momento, Jair Bolsonaro concedeu uma entrevista ao vivo para o jornalista Leo Dias, nesta terça-feira (25). Durante a conversa, o ex-presidente falou sobre temas que vão desde as acusações e a delação de Mauro Cid até a relação com sua família e seu desempenho sexual. Confira alguns dos tópicos abordados.
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'Me sinto com 40 anos de idade'
Casado com Michelle há 17 anos, Bolsonaro revelou que adotou um chip hormonal que melhora o desempenho sexual. Sobre sua relação, que já passou por altos e baixos, o ex-presidente confidenciou que hoje a sintonia do casal é digna de nota 10.
"Eu estou com 69 anos. Tadalafila já era, agora é chip. Coloquei, pô! Qual é o problema? Me sinto com 40 anos de idade. Conforme a idade vai chegando, você vai tendo problemas. O médico faz o exame de sangue [e identifica] qual a tua deficiência em vitamina D. É uma corrente, não basta apenas corrigir a testosterona, se a corrente no meio não tiver a vitamina D, já era. O cara coloca umas pastilhas na região na região sacrococcígea, vale por seis meses, aquilo vai sendo absorvido. Não dói nada. É tranquilo. Mudou a minha vida", revelou ele, que concorda com a definição de ser um 'machão'.
"Eu acho que sou um machão. Sou grosso. Nunca briguei com mulher. É mais fácil um dia a Michelle dar um cascudo em mim do que eu um peteleco nela. Eu acho que o homem tem o seu lugar, a mulher o seu. É diferente entre nós, não é tudo igual", disse
Michelle não fala com Carlos
Sobre seu núcleo familiar, Bolsonaro escolheu o filho favorito e falou sobre as características de cada um. O ex-presidente ainda falou sobre os casamentos passados e a relação dos filhos com a mulher, Michelle Bolsonaro. 
"Eu só tive dois casamentos, o segundo [de três relacionamentos] foi uma união estável. Acontece, não entro em detalhes, quem, porventura, errou e não deu para consertar o que um ou outro errou... e houve a separação. Tive três filhos com a dona Rogéria, depois a senhora Cristina, tive um garoto, e estou há 17 anos com a Michelle, com quem tenho uma filha", explicou.
"O Flávio, mais velho, tem uma característica especial, ele é um articulador, busca acabar com seus problemas... é muito bem-quisto no senado. O 02, o Carlos: é mais seguro, mas é um cara especialista em internet, tem uma visão mais apurada das coisas. O terceiro [Eduardo]... esse está em um ponto fantástico. Fala inglês, espanhol, árabe, se comunica com o mundo todo, tem uma certa liberdade com a família Trump, conversa com muita gente e abre as portas. Depois, tem o Renan. O Renan estava com a mãe, está lá em Balneário Camboriú, se elegeu vereador mais votado, e eu falei sobre as consequências e das suas responsabilidades. Fico de olho", elencou Bolsonaro, que elegeu Eduardo como o favorito, mas revelou que a caçula, Laura é "melhor que os quatro juntos".
"Tem uns altos e baixos. Tem um filho meu que não fala com ela [Michele]. É o Carlos. Tem um problema lá atrás. A Michelle tem seu gênio, ela não sei... talvez algum problema de ciúmes. E o Carlos amadureceu muito, teve uma filha agora. Mas nada de grave", contou ele, que não se diz rancoroso e afirmou que perdoa fácil.
Michelle no senado
Recentemente, viralizou nas redes sociais uma pesquisa, do Paraná Pesquisas, em que Michelle Bolsonaro derrotaria Lula em um eventual segundo turno. A candidatura para presidência, no entanto, não faz parte dos planos da ex-primeira dama. Apesar disto, Bolsonaro revelou que conseguiu convencer a mulher a disputar uma vaga no senado em 2026.
"O que acontece com a Michelle? Lógico que eu só posso falar bem, minha esposa, né. Ela se comunica bem, é evangélica, conhecida no país todo. Não vou falar ela candidata, porque isso não passa pela cabeça dela. O que eu lutei muito para ela aceitar é vim candidata ao senado em Brasília, como meu filho Eduardo em São Paulo, o Flávio à reeleição no Rio, o 04 como deputado federal por Santa Catarina.. é por aí. Ela deu o sim, espero que venha candidata ao senado por Brasília", revelou.
Jojo Todynho 
Durante a entrevista, Bolsonaro contou que conheceu Jojo Todynho, que se assumiu apoiadora do ex-presidente no ano passado, através de Michelle. "Liguei para ela no aniversário dela. Conheci pela Michelle, conheci quando ela se casou com o tenente do exército. Ela tinha um contrato com a televisão, tinha que segurar algumas coisas. Uma vez, ela estava conversando com a Michelle, entrei na conversa, ela disse que gostava de mim", disse.
"Vi algumas declarações dela. Bacana, pô! E fala realmente o que tem que falar. Eu acho que a gente bate 100% no pensamento. Não é nem 99%. Somos iguais, pô. Da minha parte está convidada [a vir candidata]. Por mim ela é estadual, federal... e ela está bonita, hein. Perdeu peso, está bonita. Jojo, você está um filezinho", elogiou ele, que ainda revelou gostar de Gustavo Lima como cantor sertanejo e se recusou a falar sobre Pablo Marçal.
Fernanda Torres e 'Ainda Estou Aqui'
Questionado sobre sua torcida por Fernanda Torres na disputa pelo Oscar, Bolsonaro foi escorregadio e não deixou claro seu posicionamento, apenas dizendo que torceria para qualquer brasileiro. A artista concorre à estatueta de Melhor Atriz por interpretar Eunice Paiva, mulher de Rubens Paiva, em "Ainda Estou Aqui".
"O filme tinha que começar comigo. Olha só, família Paiva, você tem que falar em Eldorado Paulista. Um dos Paiva foi prefeito duas vezes. A família ia passar férias na minha cidade duas vezes por ano. Quantas vezes eles, que tinham dinheiro, chupavam um picolé da Kibon e jogavam o palito no lixo. A molecada ia catar para ver se o palito estava carimbado para tomar sorvete de graça. Da minha cidade você olhava e a casa deles era a única com piscina", apontou.
"Não tenho mais tempo para assistir filme. Brasileiro ganha em qualquer lugar. Agora, a mensagem ali é política. Ela [Fernanda Torres] falou que no meu governo não seria possível fazer aquele filme. Não seria possível por quê? Eu proibi alguém de alguma coisa? Eu cassei a concessão de alguém? Demos uma arrumada na Lei Rouanet, se bem que esse filme não teve dinheiro da Lei Rouanet. Não sei por que ela fala isso aí. É para me atingir. Nós não perseguimos ninguém. Eu não persegui ninguém", afirmou.
Atos de 8 de janeiro
Enfático em sua fala, para Bolsonaro, os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas, foram orquestrados pela esquerda, embora os envolvidos se apresentem como apoiadores do ex-presidente.
"Onde eu estava em 8 de janeiro? Eu estava há 10 dias fora do Brasil. Não tenho poder de mando sobre ninguém. Eu troquei dois comandantes de força em novembro, a pedido do Lula. Dia 30 fui embora para os Estados Unidos. Eu tinha um pressentimento de que alguma coisa esquisita poderia acontecer. Dia 8, houve aquela tragédia, lamento, de baderneiros. Eu não vou dar golpe de estado em um prédio, você dá em uma pessoa. O Lula estava fora de Brasília", apontou.
"Por que as imagens do Ministério da Justiça não foram mostradas pelo Flávio Dino? Ele diz que foram apagadas. A força de segurança tinha, do lado de fora, mais de 200 homens, um entra e sai de carros de manhã. O golpe é do Bolsonaro? Mostra os vídeos. Foi programado esse 8 de janeiro", disse.
"Por que o Lula foi no domingo de manhã para Araraquara? Ele diz que foi para ver o estrago de uma chuva de 29 de dezembro, 10 dias antes. Que coração grande do Lula, né? Tivemos catástrofes no Rio Grande do Sul e ele foi um mês depois para tirar fotografia com seu marketeiro. Ele foi para ficar livre de qualquer coisa que fosse acontecer aqui", afirmou.
"Na minha opinião, foi armado pela esquerda. Foi um ato de vandalismo. Não foi tentativa de golpe. Você vai dar golpe em um prédio? Sem nada? Sem presidente? Sem arma? Você acha? Aqueles coitados, com bíblia na mão, com bandeira do Brasil, aquelas vovós... Quem estava coordenando aquele pessoal? Tinha que ter um comandante. Não tenho a menor ideia. São pobres coitados", opinou.
Mauro Cid
Em outro momento, Bolsonaro explicou sua relação com Mauro Cid e revelou que não foi ele que escolheu o militar para acompanhá-lo. O ex-presidente contou que, enquanto governava, muitas pessoas procuravam Cid para chegar até ele.
"Tinham quatro oficiais, ele era o chefe. Ele não ficava todo dia comigo. Eu não escolhi o Cid, quem escolheu foi o comando do exército, mas eu aqueci. O que eu acho do problema do Cid foi que ele cresceu mundo, todo mundo ligava para ele. Eu apelidei o telefone dele de muro das lamentações. Ele se empolgou com essa missão. Ele tinha um excesso de iniciativa, de boa fé. Chegou a esse ponto que está aí. Tudo o que está aí é do telefone do Cid", explica.
"Ele foi torturado. Você começa a filmar da sua qualificação e termina quando está encerrado, toma conhecimento do depoimento e assina. Meus advogados pediram todos os vídeos, do começo ao fim, sem cortes e não esses pedacinhos que foram soltos por aí. Em dado momento, estava o dono de tudo, falando: 'Você tem um pai uma esposa e uma filha'. Tortura psicológica! Ele foi obrigado a falar certas coisas. Eu não vou atacar o Cid, me coloco no lugar dele", disse.
Medo da condenação
Com as denúncias da PGR, Bolsonaro pode ser preso a qualquer momento. Questionado sobre o medo da prisão, o ex-presidente respondeu: "Eu tenho que enfrentar. O que me acalma é a minha consciência. Cadê meu crime? Eu vou responder por danificação de patrimônio? Eu não estava no Brasil. Se eu sou tão criminoso assim, por que não seguir o processo legal?. Eu acho que Deus me salvou em 2018 da facada, como salvou o Trump do tiro. Não foi para acabar a história aqui. O grande problema que está em jogo é duvidar do sistema eleitoral".
Relação com Alexandre de Moraes
Questionado sobre um possível acerto de contas com Alexandre de Moraes, Bolsonaro respondeu se esquivando da pergunta. "Tive alguns contatos com ele, tive alguns momentos difíceis com ele. Meados de dezembro de 2022, já que o Cid falou, tive um encontro com ele, na casa do Cid. Conversei uma hora com ele, estava tudo resolvido. Eu ia cuidar da minha vida. Apesar de ser presidente, era um presidente com data marcada de velório e ele ia continuar mais 20 anos lá dentro. Agora, não precisava ele fazer o que está fazendo lá dentro com essas pessoas. Não teve sequer individualização das penas dessas pessoas que foram presas [no 8 de janeiro]. Durante os quatro anos [de governo], tivemos problemas. Apesar dos problemas, nós discutimos muitas coisas", disse.
Acusações
Durante o bate-papo, Leo Dia repetiu os cinco crimes que Bolsonaro está sendo acusado, que resolveu se defender uma a uma.
Organização criminosa - "Chamar eu, o Ministro da Defesa, General Heleno, de orcrim? Ah, pelo amor de Deus".
Abolição violenta do Estado de Direito - "O que eu fiz de violento contra o Estado de Direito? Eu estava nos Estados Unidos [durante os ataques de 8 de janeiro]. Eu não estava lá. Vamos supor que, em 15 de fevereiro tivessem feito as manifestações. O que eu tenho a ver com isso? O Lula já era presidente. Em dezembro eu nomeei dois comandantes de força".
Golpe de Estado - "Não dá nem para responder. Crime impossível. Para dar golpe de Estado você tem que ter forças armadas contigo. Tem que se organizar em um monte de lugar".
Dano contra o patrimônio da União - "Dano teve lá... eu estava presente? Você tem que individualizar as penas. Se eu nem estava em Brasília, como eu danifiquei alguma coisa? A PGR é um cargo político, renovado a cada dois anos".
Deterioração do patrimônio tombada - "Bem, tem muita coisa tombada lá dentro. Eu não estava lá dentro, não destruí nada, meu Deus do céu. Teve alguma prova de que eu mandei alguém fazer? Na área criminal não pode ter 'se'. O crime é fato", respondeu ele.
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