Eduardo Bolsonaro (PL)Mandel Ngan/AFP
Publicado 26/10/2025 11:16 | Atualizado 26/10/2025 15:10
A reunião entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Donald Trump (Republicanos), dos Estados Unidos, neste domingo (26), em Kuala Lumpur, na Malásia, repercutiu entre os políticos apoiadores e críticos ao governo. O encontro durou cerca de 50 minutos.
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Segundo o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, os líderes tiveram uma conversa descontraída, falaram sobre agenda comercial e econômica bilateral, fim das sanções contra autoridades e tarifas.
Nas redes sociais, Eduardo Bolsonaro (PL-SP) questionou as pautas discutidas na reunião:
"Então, segundo o MRE: Não falaram de Bolsonaro; Lula explicou a injustiça de sancionar Moraes (sem citar JB!); Trump curtiu Lula ter-se posto como mediador para o assunto: narcoditador Maduro. Nos poucos minutos com o 01 da economia mundial trataram de... Venezuela", publicou.
Antes do encontro, os dois líderes conversaram com jornalistas. Ao ser questionado sobre se falaria do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com Lula, Trump respondeu: "None of your business" (Não é da sua conta).

"Eu sempre gostei do Bolsonaro. Me senti mal com o que aconteceu com ele. Ele está passando por muita coisa", comentou o norte-americano.
"Lula encontra Trump e na mesa um assunto que claramente incomoda o ex-presidiário: Bolsonaro. Imagine o que foi tratado a portas fechadas?", questionou em outra publicação.
O vereador Carlos Bolsonaro (RJ) também criticou o encontro. "Deve ser a terceira reunião e os caras que atacam diariamente Trump se fazem de idiotas para enganar outros idiotas. Para a organização ficar como está é positivo…. O plano de dominação segue em pleno vapor!", escreveu.
O deputado Hélio Lopes (PL-RJ), aliado próximo ao presidente, também reagiu ao momento em que Trump falou sobre Bolsonaro e sugeriu um incômodo de Lula: "O corpo fala".

O deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO) declarou que Trump teria chamado Bolsonaro de "grande homem" do lado de Lula, o que não ocorreu na declaração aberta. O parlamentar também disse que a reunião na Malásia não foi como o presidente esperava e atacou a imprensa.

"Na cara do Lula, Trump rasga elogios a Bolsonaro e chama-o de 'grande homem'. Parece que a reunião não saiu como o Barbudinho esperava. A imprensa ontem correu para dizer que 'Bolsonaro era página virada para Trump'. A imprensa militante é um câncer", disse.

O deputado Evair de Melo (PP-ES) também disse que Trump chamou Bolsonaro de "grande homem", classificou a suposta interação como um "fiasco na cara do Lula" e afirmou que Bolsonaro "segue sendo referência mundial".

"Enfim, Lula resolveu agir como presidente de uma grande nação. Depois de quase dois anos bajulando ditadores, atacando o agro e isolando o Brasil, finalmente sentou à mesa com Donald Trump.Mas o resultado? Nenhum. Nenhum acordo, nenhuma proposta, nada de concreto - apenas uma foto pra inglês ver", disse Evair de Melo.

Já o deputado Bibo Nunes (PL-RS) buscou afirmar que a intenção de Trump, na conversa com Lula, é a de afastar o Brasil da China, e não de buscar aproximação com o governo petista. Bibo também disse que, apesar de negociar questões econômicas, o presidente dos Estados Unidos "jamais cederá um milímetro na pauta política".

"Trump negocia a economia com o desgovernante Lula, mas jamais cederá um milímetro na pauta política, onde a ideologia e atitudes de Lula com seus asseclas são inaceitáveis", afirmou Bibo Nunes.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), apontou estar feliz com o encontro entre os líderes e afirmou que a Casa vai "continuar votando assuntos importantes sobre o tema e comprometida em servir ao país".
"Cumprimento os presidentes Lula e Donald Trump pelo importante encontro de hoje. Fico feliz em ver que o diálogo e a diplomacia voltam a ocupar o centro das relações entre Brasil e Estados Unidos. Quando líderes escolhem conversar, a história agradece. Foi assim nas grandes viradas do mundo, sempre pela palavra, nunca pelo silêncio. A Câmara continua à disposição de nossa diplomacia, votando assuntos importantes sobre o tema e comprometida em servir ao país", apontou.
Já o senador Humberto Costa (PT) afirmou que a soberania nacional é inegociável. "Eita que a química só aumenta! A extrema direita achou que o Brasil ficaria de joelhos. Enganou-se. Com Lula, a soberania nacional é inegociável. O diálogo venceu, o ódio perdeu. Ponto final", escreveu no X (antigo Twitter).
O presidente do PT, Edinho Silva, destacou que apenas com mais diálogo e não com imposições que os problemas do planeta poderão ser resolvidos.
"O diálogo é sempre o caminho. Lula provou que defender respeito e a soberania é o caminho fundamental para mantermos nossa relevância no cenário mundial. Depois da primeira reunião entre Lula e Trump, os dois governos vão dialogar sobre um acordo para tirar as barreiras tarifárias impostas unilateralmente. O mundo precisa fortalecer os mecanismos do multilateralismo. É em mais diálogo e não em imposições que resolveremos os problemas do planeta", disse.
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio e presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, afirmou que a reunião entre Lula e Trump foi uma prova de que "temos bons motivos para acreditar no diálogo". 

"O encontro entre o presidente Lula e o presidente Donald Trump, hoje, na Malásia, prova que temos bons motivos para acreditar no diálogo. Foi mais um passo para Brasil e EUA estreitarem ainda mais seus laços de amizade. E é mais uma evidência do compromisso do governo do presidente Lula com o povo brasileiro", disse Alckmin.
A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) também compartilhou uma foto do encontro entre Lula e Trump.
"Prevejo gente bastante triste e com soluço hoje. Bom dia", escreveu no X.
Márcio Macedo, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência destacou que a reunião reafirma o compromisso do Brasil em buscar soluções para os impasses.
"Mais uma vez, o presidente Lula mostra sua capacidade de diálogo e liderança internacional. O encontro deste domingo, na Malásia, com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reafirma o compromisso do Brasil em buscar soluções justas para as tarifas e em fortalecer uma relação de respeito e cooperação entre as duas nações", disse.
O Líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE) afirmou que a reunião marca o início das negociações para reverter a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.
"Desarmada a crise Brasil/Estados Unidos, tramada por falsos patriotas contra nossa soberania. As mentiras, que resultaram no 'Tarifaço' sobre nosso produtos e sanções contra nossas autoridades, caíram por terra. No amigável encontro dos presidentes Lula e Trump, foi dado start para negociações imediatas. Todos os temas estarão sobre a mesa, inclusive as sanções contra autoridades brasileiras e as tarifas contra os produtos nacionais", afirmou. 
O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias, afirmou que Lula "mostrou grandeza como líder e estadista" durante a reunião com Trump.

"O presidente Lula mais uma vez mostra sua grandeza como líder e estadista. Construir relações com o mundo, com respeito e diálogo, é fortalecer o Brasil e colocar o nosso povo em primeiro lugar", afirmou Dias.
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse que a conversa entre os líderes foi "mais um gol" do governo.

Em sua conta no X, ela fez uma analogia com um jogo de futebol. Disse que o gol foi fruto de um "lançamento" da diplomacia e um "cabeceio certeiro" do presidente petista. Para ela, a conversa iniciada hoje vai significar a vitória brasileira no "placar do crescimento".

"Mais um gol, fruto do lançamento preciso da diplomacia brasileira e do cabeceio certeiro do Lula, no ângulo da negociação. Início de conversa que vai significar a nossa vitória no placar do crescimento, da geração de empregos e do controle da inflação", escreveu.
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), afirmou que avaliou como "muito positivo" o encontro entre Lula e Trump.
Em nota, disse que o Congresso segue atento e unido para defender o diálogo e a diplomacia. "Avalio de forma muito positiva o encontro realizado hoje, na Malásia, entre o presidente Lula e o presidente Donald Trump. A relação de amizade entre Brasil e Estados Unidos é histórica e estratégica", escreveu.

Alcolumbre afirmou que o gesto de diálogo e de busca do entendimento são fundamentais para fortalecer a relação entre os países.

"O gesto de diálogo e a busca pelo bom entendimento são fundamentais para o fortalecimento das relações e para o avanço da cooperação entre as nações. O Congresso Nacional permanece atento e unido na defesa do diálogo e da diplomacia como caminhos para construir consensos e aproximar os nossos povos."

O presidente do Senado cumprimentou ainda todos os envolvidos nas negociações para que esse encontro pessoal entre Lula Trump fosse possível: "um marco importante de um processo que continua".
A ministra das relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, escreveu em sua conta no X que a conversa entre o petista e o republicano destravou negociações sobre o tarifaço. Para ela, o encontro abriu o diálogo sobre as sanções da Lei Magnitisky e sobre a preservação da paz na América do Sul.

"Lula mostrou mais uma vez como deve agir um verdadeiro líder, defendendo os interesses do País e da região, sem abrir mão da soberania nacional e com a máxima dignidade pessoal. Momento para lembrar que, há apenas três meses, Bolsonaro, sua família e seus aliados, como Tarcísio Freitas, festejavam os ataques injustos ao nosso país e aos ministros do STF", escreveu, citando o governador de São Paulo.

Também no X, o ministro do Turismo, Celso Sabino, afirmou que Lula mostrou, mais uma vez, "sua força e capacidade de diálogo". "Conversar com quem pensa diferente é essencial para construir pontes, aproximar nações e transformar divergências em oportunidades", completou.
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), declarou que o encontro simboliza a "volta de um Brasil que fala de igual a igual com o mundo". Segundo Lindbergh, o presidente foi "firme" ao cobrar o fim da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros e deixou claro que está aberto ao diálogo.

"As equipes dos dois governos começam a negociar imediatamente um novo acordo comercial, capaz de proteger os empregos e a indústria nacional. Lula age com pragmatismo e responsabilidade, buscando saídas concretas para revogar as sanções políticas e econômicas sem abrir mão da autodeterminação do Brasil", disse.

Lindbergh também atacou a família do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sugerindo que eles sofreram um revés ao ver um aliado tratando Lula cordialmente.

"Dá para imaginar o clima na família Bolsonaro neste domingo ver o 'ídolo' deles recebendo Lula com respeito, depois de dedicarem anos de bajulação e subserviência, deve ser um golpe duro no orgulho da turma que sonhava com um Brasil colonizado", disse o líder do PT na Câmara.
Já o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que Lula mostrou que é "um dos maiores estadistas do nosso tempo" e também citou que o presidente adotou uma "postura firme". "Independente de quem esteja do outro lado da mesa, o Brasil e o nosso povo sempre estarão em primeiro lugar", disse Wagner.

O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), sugeriu que Trump teria ficado encantado com o "carisma" de Lula durante o encontro na Malásia. "Tem coisa que nem a inteligência artificial consegue prever. Mas aconteceu: Lula e Trump lado a lado. Eu te entendo, Trump, é difícil resistir ao carisma do nosso presidente", disse Rodrigues.
Na Esplanada, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, publicou uma análise da reunião entre Lula e Trump. Segundo ele, a reunião marcou um "novo olhar" mais pragmático e menos ideológico de Washington à Brasília. O ministro disse também que Lula saiu vencedor do encontro e pregou a derrota sobre Bolsonaro e governadores da direita que são pré-candidatos à Presidência da República em 2026.

"E ganha, claro, Lula. Mostra-se ao mundo como negociador experiente, capaz de defender o Brasil sem bravata, sem submissão. A velha escola sindical ainda funciona: ouvir, dialogar, arrancar resultados", disse Marinho.

O secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços (SDIC), Uallace Moreira, destacou a atuação do chefe, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) e presidente em exercício, Geraldo Alckmin, além de Lula durante a crise tarifária. Moreira disse também que a conversa na Malásia foi uma "aula de diplomacia e negociação estratégica".

"O presidente Lula e o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin desde o início construíram uma estratégia de negociação colocando em primeiro lugar a soberania do Brasil, com a clareza de defender o setor produtivo brasileiro e os empregos", afirmou o secretário.
*Com informações do Estadão conteúdo
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