Alexandre de Moraes ouviu denúncia de parlamentaresCarlos Moura / STF
Por O Dia
Publicado 01/05/2020 06:00
As polêmicas envolvendo o presidente Jair Bolsonaro não param, depois de minimizar as mortes pela pandemia de coronavírus - que já chega perto das 6 mil vítimas fatais em todo Brasil -, e provocar a saída de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública para tentar nomear um amigo da família na diretoria-geral da Polícia Federal, agora ele resolveu encrencar com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que barrou a nomeação de Alexandre Ramagem na PF. Bolsonaro afirmou na manhã de ontem na saída do Palácio da Alvorada que ainda "não engoliu" a decisão do ministro de suspender a nomeação. 

"Eu não engoli ainda essa decisão do senhor Alexandre de Moraes. Não engoli. Não é essa a forma de tratar um chefe do Executivo, que não tem uma acusação de corrupção e faz tudo possível pelo seu País", declarou. Para Bolsonaro, a decisão de Moraes foi "política". As afirmações geraram reação de ministros do STF e magistrados, que partiram em defesa de Moraes.
Segundo Bolsonaro, a decisão do magistrado quase provocou "uma crise institucional". Moraes acatou mandado de segurança impetrado pelo PDT que questionava a ligação de Ramagem com a família de Bolsonaro e a possibilidade de interferência do presidente na PF. "Desautorizar o presidente da República com uma canetada dizendo 'impessoalidade'? Ontem (quarta-feira) quase tivermos uma crise institucional, quase, faltou pouco. Eu apelo a todos que respeitem a Constituição", frisou o presidente.

Bolsonaro cobrou coerência de Moraes para também desautorizar Ramagem na direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Segundo ele, se Ramagem não tem confiança para estar na PF também não poderia estar na Abin, cargo que ocupava antes de ser nomeado para a PF.

"Essa decisão do senhor Alexandre de Moraes ontem (quarta-feira) tá certo, no meu entender falta um complemento para mostrar que não é uma coisa voltada pessoalmente para o senhor Jair Bolsonaro. Falta ele decidir se o Ramagem pode ou não continuar na Abin. É isso que eu espero dele", disse.

O chefe do Executivo cobrou um posicionamento imediato do ministro. "Se ele (Moraes) não se posicionar ele está abrindo a guarda para eu nomear o Ramagem independente da liminar dele. É isso que nós não queremos. Queremos o respeito de dupla mão entre os Poderes", afirmou.


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Reação aos ataques a Moraes
Bolsonaro: exame só se AGU perder recurso
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Ação contra manifestações nas mãos de Moraes
Os ataques ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, podem não parar por aqui. No último dia 21, Moraes determinou a abertura de inquérito para apurar a organização de atos contra a democracia no país. Ele atendeu a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.

Entre as palavras de ordem, estava o fechamento do Congresso Nacional e do STF, além da intervenção militar e instituição do AI-5, a norma de 1968 que endureceu a ditadura militar no Brasil.

Bolsonaro participou do protesto e fez discurso contra a "velha política" em Frente ao Quartel-General do Exército. O inquérito no STF está sob sigilo e foca na organização dos atos, e não em quem participou deles.