Publicado 15/02/2022 18:40
Apesar de ter começado no dia 14 de janeiro, a vacinação infantil contra a Covid-19, que abrange crianças de 5 a 11 anos, tem andado de forma lenta no Brasil. No estado do Rio de Janeiro, por exemplo, de 1.532.766 crianças, apenas 303.550 foram imunizadas, o que totaliza 19,80% dessa população, segundo o Portal Giscard. Esse número se reflete na Costa do Sol, onde a maioria dos municípios não vacinou acima de 50%.
Os últimos dados disponibilizados pelo IBGE indicam que, na região, o número de crianças vacináveis é de aproximadamente 113 mil, onde, de acordo com estimativa feita pelo Portal O Dia, dessa população, menos de 50 mil receberam a primeira dose.
Os últimos dados disponibilizados pelo IBGE indicam que, na região, o número de crianças vacináveis é de aproximadamente 113 mil, onde, de acordo com estimativa feita pelo Portal O Dia, dessa população, menos de 50 mil receberam a primeira dose.
Seja por opção ou não, a adesão à vacina em crianças está menor que o esperado. Em São Pedro da Aldeia, por exemplo, a prefeitura afirma que o índice de cobertura para essa faixa etária está abaixo do previsto, devido à pouca busca pelo imunizante. O levantamento feito pelo Portal aponta que o município é o que menos possui pequenos vacinados, somando apenas 12,30%. O mesmo também ocorre em outras cidades, como Cabo Frio e Arraial do Cabo, que juntos, somam 6.683 imunizados.
Já sobre Saquarema, em nota, a prefeitura conta que a vacinação segue conforme o esperado. Ainda segundo dados levantados pelo Portal O Dia, a cidade é uma das que possui o índice mais alto de imunização, ficando atrás apenas de Macaé, Araruama e Maricá. O município conta com 47,10% de abrangência.
Armação dos Búzios, apesar de ter o índice menor que 45%, também afirma que a aceitação tem sido boa. De acordo com nota enviada pela prefeitura, no início, a procura foi baixa, mas atualmente o cenário foi mudado. “A adesão está conforme o esperado”, pontua.
Armação dos Búzios, apesar de ter o índice menor que 45%, também afirma que a aceitação tem sido boa. De acordo com nota enviada pela prefeitura, no início, a procura foi baixa, mas atualmente o cenário foi mudado. “A adesão está conforme o esperado”, pontua.
Para que a busca se tornasse mais efetiva, cidades como Iguaba Grande realizaram o dia D da vacinação infantil, onde o objetivo é incentivar a população a vacinar os pequenos e reforçar a imunização para o retorno às aulas. Durante a ação, segundo a prefeitura, foram vacinadas 270 crianças. No total, em todo o município, 856 pequenos receberam a primeira dose.
Outras medidas de incentivo também estão sendo tomadas. Em Rio das Ostras, por exemplo, os postos de saúde estão sendo enfeitados para receber as crianças. A prefeitura afirma que, com a medida, a procura tem sido conforme o esperado. O município registra 30,74% da faixa etária imunizada.
Confira os dados da Costa do Sol
Responsáveis debatem sobre vacinar ou não
Alguns pais da Costa do Sol têm levantado discussões sobre a obrigatoriedade da vacinação infantil contra a Covid-19. A falta de confiança no imunizante ainda permeia o país, principalmente após o próprio Presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, se dizer contra a imunização em crianças.
Em entrevista feita a uma rádio de Pernambuco, o líder de governo levantou algumas questões sobre a vacinação. “Você vai vacinar teu filho contra algo que o jovem por si só a possibilidade de morrer é quase zero? O que está por trás disso?”.
Mas dados contrapõem a afirmativa do presidente. Pesquisas do Butantan afirmam que, desde o início da pandemia, a doença se tornou a segunda maior causadora de mortes infantis. Só no Brasil foram mais de 1.400 óbitos. Para que o quadro fosse revertido, o uso emergencial da vacina para o público pediátrico foi autorizado.
Em entrevista feita a uma rádio de Pernambuco, o líder de governo levantou algumas questões sobre a vacinação. “Você vai vacinar teu filho contra algo que o jovem por si só a possibilidade de morrer é quase zero? O que está por trás disso?”.
Mas dados contrapõem a afirmativa do presidente. Pesquisas do Butantan afirmam que, desde o início da pandemia, a doença se tornou a segunda maior causadora de mortes infantis. Só no Brasil foram mais de 1.400 óbitos. Para que o quadro fosse revertido, o uso emergencial da vacina para o público pediátrico foi autorizado.
Apesar do alto perfil de segurança, alguns pais ainda batem o pé sobre não vacinarem seus filhos. Esse é o caso de uma mãe de Cabo Frio. A mulher, que preferiu não se identificar, por medo de represálias, tem um filho de 11 anos e acredita que o imunizante ainda não é seguro.
“Não queria vacinar meu filho por conta do medo do efeito colateral e por ser uma vacina muito nova. Ainda não está enraizada. Se ela fosse mesmo tão importante para a idade dele, iria para o cartão de vacinas”, ela pontua.
A mulher ainda comentou sobre a obrigatoriedade da vacina. “Isso me traz um certo temor, porque parece que estamos sendo obrigados a fazer algo nos nossos filhos que a gente ainda não tem confiança”, conclui.
“Não queria vacinar meu filho por conta do medo do efeito colateral e por ser uma vacina muito nova. Ainda não está enraizada. Se ela fosse mesmo tão importante para a idade dele, iria para o cartão de vacinas”, ela pontua.
A mulher ainda comentou sobre a obrigatoriedade da vacina. “Isso me traz um certo temor, porque parece que estamos sendo obrigados a fazer algo nos nossos filhos que a gente ainda não tem confiança”, conclui.
Já Rosângela Pereira, também moradora de Cabo Frio, pensa o contrário. Seu filho, João, de 10 anos, foi vacinado no início de fevereiro. “Eu acho necessário, pois a escola é um local de aglomeração. São muitas crianças em um lugar só e não ficam distantes. É um grupo muito necessário de ser vacinado”.
A mulher afirma ainda que, dentro de casa, sua maior preocupação era ele. “Toda a família estava vacinada, menos ele. Era como se todos se sentassem à mesa para almoçar e ele fosse o único que não. Foi uma alegria quando meu filho foi vacinado”.
Outra moradora do município, Alexsandra Borges, acredita que imunizar seu filho, seja para o que for, é um ato de amor. “Minha mãe me levou para vacinar, eu dei continuidade tomando todas as doses que foram oferecidas e necessárias. Por que seria diferente com meu filho? Imunizá-lo é uma das maiores provas de amor que posso lhe dar.’ Permitir que ele viva em um mundo cheio de vírus e bactérias sem anticorpos para lutar, para mim, é a mesma coisa de dizer que não me importo com sua vida”, enfatiza.
Ela conta ainda que seu filho, Miguel, de 10 anos, testou positivo para a doença, e por isso ainda não se vacinou. “Ele aguarda o período correto para tomar sua primeira dose, pois se contaminou com o vírus. Assim que for liberado, iremos ao posto. E vamos quantas vezes forem necessárias. 1ª, 2ª, 3ª… e mais!”, conclui.
Especialistas comentam
Outra moradora do município, Alexsandra Borges, acredita que imunizar seu filho, seja para o que for, é um ato de amor. “Minha mãe me levou para vacinar, eu dei continuidade tomando todas as doses que foram oferecidas e necessárias. Por que seria diferente com meu filho? Imunizá-lo é uma das maiores provas de amor que posso lhe dar.’ Permitir que ele viva em um mundo cheio de vírus e bactérias sem anticorpos para lutar, para mim, é a mesma coisa de dizer que não me importo com sua vida”, enfatiza.
Ela conta ainda que seu filho, Miguel, de 10 anos, testou positivo para a doença, e por isso ainda não se vacinou. “Ele aguarda o período correto para tomar sua primeira dose, pois se contaminou com o vírus. Assim que for liberado, iremos ao posto. E vamos quantas vezes forem necessárias. 1ª, 2ª, 3ª… e mais!”, conclui.
Especialistas comentam
Em entrevista ao Portal O Dia, a infectologista Drª Apparecida Monteiro, que é médica em Cabo Frio, explicou a importância da vacinação em crianças de 5 a 11 anos. “Hoje morre mais criança com Covid do que com meningite ou diarreia. Então, tem que vacinar as crianças sim. Lembrem-se a vacina é uma das maiores conquistas do ser humano. Ela modificou toda a história da humanidade e a vacina Covid entra também nisso. É só lembrar da paralisia infantil, da varíola, por exemplo, doenças que dizimaram populações. Imaginem se não houvesse vacina para isso”, lembrou a médica.
Apparecida frisa ainda que, agora que a faixa etária acima de 18 anos está sendo vacinada, casos mais delicados começam a surgir em crianças. “Como os adultos estão vacinados, os casos mais graves acontecem nos menores de 12 anos”, concluiu.
Apparecida frisa ainda que, agora que a faixa etária acima de 18 anos está sendo vacinada, casos mais delicados começam a surgir em crianças. “Como os adultos estão vacinados, os casos mais graves acontecem nos menores de 12 anos”, concluiu.
A vacina é obrigatória
Segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e a lei 13.979/2020, que trata especificamente do enfrentamento à pandemia, a vacinação é, sim, obrigatória.
O ECA aponta que “é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”. A lei aprovada em 2020 libera estados e municípios a definirem as suas próprias medidas de enfrentamento à pandemia.
E no caso de pais separados?
O ECA aponta que “é obrigatória a vacinação das crianças nos casos recomendados pelas autoridades sanitárias”. A lei aprovada em 2020 libera estados e municípios a definirem as suas próprias medidas de enfrentamento à pandemia.
E no caso de pais separados?
Um caso chamou bastante atenção da mídia no início de fevereiro, na cidade de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Um pai levou a filha para se vacinar sem o consentimento da mãe – os dois são separados. O ex-casal tinha divergências sobre a imunização da criança. De acordo com o homem, a ex-esposa teria até mesmo o ameaçado de nunca mais ver a criança por isso.
Segundo advogados, quando acontece esse tipo de situação, quando se trata de guarda compartilhada ou unilateral, um deles pode levar o filho para receber o imunizante mesmo sem o consentimento da outra parte, desde que esteja sob sua responsabilidade no momento.
Segundo advogados, quando acontece esse tipo de situação, quando se trata de guarda compartilhada ou unilateral, um deles pode levar o filho para receber o imunizante mesmo sem o consentimento da outra parte, desde que esteja sob sua responsabilidade no momento.
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