Nas demais escolas, a média é de 50 a 70% e segue em crescimento, apesar de alegarem que as horas extras serão retiradas dos professores que participarem do movimento.Ludmila Lopes (RC24h)
Publicado 19/05/2023 17:56
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Professores e funcionários das escolas da rede estadual do Rio de Janeiro iniciaram uma greve por tempo indeterminado na última quarta-feira (17) em protesto aos descumprimentos do acordo de reposição salarial pelo governo e da Lei do Piso Nacional do Magistério. Cabo Frio está entre as cidades que se uniram ao movimento, que está sendo liderado pelo Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro (Sepe-RJ) e conta com adesão de 80% da categoria em todo o estado.

No município cabo-friense, conforme o Sepe Lagos, a greve está tendo alta adesão nas escolas da rede estadual. Instituições como o CIEP 458 (Jardim Esperança), o Instituto de Educação Ismar Gomes (centro) e o CIEP 357 (Tangará) contam com cerca de 90% de adesão. Nas demais escolas, a média é de 50 a 70% e segue em crescimento, apesar de alegarem que as horas extras serão retiradas dos professores que participarem do movimento.

Ainda de acordo com o Sepe Lagos, a greve foi desencadeada pela “manobra” do governador Cláudio Castro (PL) de tentar impor um reajuste zero para a maioria dos trabalhadores das escolas da rede estadual, concedendo reajuste apenas para os primeiros níveis da carreira.

Diante da situação, a categoria fez uma marcha na capital na última terça-feira (16), percorrendo do Largo do Machado até o Palácio Guanabara com milhares de participantes. O ato terminou no final da tarde, sem que o governo recebesse os representantes do Sepe. Uma nova assembleia está agendada para o dia 23 de maio, no Rio de Janeiro, para decidir os próximos passos do movimento e avaliar as negociações com o governo.

A greve continuará por tempo indeterminado e só será encerrada quando a categoria decidir em assembleia, dependendo das propostas de solução apresentadas pelo governo.

As principais demandas do movimento incluem a implementação do Piso Nacional nas carreiras dos profissionais da educação (no salário base, não como abono), defesa do plano de carreira, revogação do novo ensino médio (NEM) e um projeto efetivo de combate à violência nas escolas.
 
Nas demais escolas, a média é de 50 a 70% e segue em crescimento, apesar de alegarem que as horas extras serão retiradas dos professores que participarem do movimento. - Ludmila Lopes (RC24h)
Nas demais escolas, a média é de 50 a 70% e segue em crescimento, apesar de alegarem que as horas extras serão retiradas dos professores que participarem do movimento.Ludmila Lopes (RC24h)
Com isso, o Jornal ODIA entrou em conato com a Secretaria de Estado de Educação e questionou sobre quais atitudes serão tomadas em relação à greve, já que, conforme os docentes, o governador “não quer conceder o reajuste, apesar do déficit de 96% nos salários atuais”, além de ter a pretensão de retirar o plano de carreira da classe.

Em resposta, foi enviada a seguinte nota:

“A Secretaria de Estado de Educação informa que, nesta sexta-feira (19), conforme sistema automatizado de controle de frequência, até o momento, 82,68% dos professores compareceram às aulas em todo o estado.

É importante ressaltar que a gestão mantém um canal permanente de diálogo com a categoria.

A secretaria enfatiza ainda que o aumento concedido pelo governo é o pagamento do piso nacional para todos os cargos e níveis do magistério que não recebem o valor correspondente de R$ 4.420,00 para professores de 40h. Essa era uma reivindicação antiga da categoria, já que o piso nacional não era pago desde 2015.

A medida terá um impacto significativo para quase metade do funcionalismo. O Professor Docente II, por exemplo, que cumpre 22h semanais, terá reajuste de 116%, passando de R$ 1.125,55 para R$2.431,30, e, no caso de professor Doc II, 40h, que hoje recebe R$2.251,11, irá ganhar R$4.420,00 um acréscimo de 96% no vencimento.

Desta forma, nenhum professor da rede estadual de ensino ganhará menos do que o piso nacional.Quanto ao plano de cargos e salários, não há disponibilidade orçamentária e financeira no momento para aplicação do mesmo, já que o Estado do Rio de Janeiro encontra-se em regime de recuperação fiscal”.


Imagem: Luiz Fernando Nabuco/ Aduff
 
Nas demais escolas, a média é de 50 a 70% e segue em crescimento, apesar de alegarem que as horas extras serão retiradas dos professores que participarem do movimento.Ludmila Lopes (RC24h)
No caso, a medida não será aplicada para todas as categorias, somente para aquelas que estiverem abaixo do piso. Isso atenderia apenas 33% dos aposentados e 42% dos docentes na ativa, conforme o Sepe.

Sem contar que, segundo o Sepe, o Rio de Janeiro paga o pior salário do Brasil para os educadores da rede estadual.

Enquanto o valor do piso nacional está fixado em R$ 4.420, um professor em uma escola estadual no Rio de Janeiro recebe um vencimento base de R$ 1.588, para uma jornada de 18 horas semanais. A diferença é de quase 65%.

A situação dos funcionários administrativos, que incluem serventes, merendeiras, porteiros e inspetores de alunos, é a mesma. A maioria desses profissionais recebe um piso salarial que é menor do que o salário mínimo, estimado em R$ 802,00.
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