Carnaval Divulgação
Publicado 09/02/2024 18:52 | Atualizado 09/02/2024 18:52
Cabo Frio - A abertura oficial do Carnaval de Cabo Frio acontece nesta sexta-feira (9), a partir das 18h, na Praia do Forte. E, neste ano, a festividade será diferente. Isso porque a Associação dos Blocos de Cabo Frio (ABACCAF) obteve autorização da prefeitura para cercar com tapumes de 2,5 m de altura a parte mais nobre da orla, conhecida como Bolsão da Juju.

Com artistas em alta no cenário nacional, como Poze do Rodo, Cabelinho e Oruam, e ingressos de até R$ 300, o local, que por 20 anos é utilizado como ponto de concentração de blocos gratuitos, neste ano, terá uma característica diferente. Com o cercamento e produção de mega shows, compreende-se que o Carnaval de Cabo Frio foi privatizado.
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Com a estimativa de reunir aproximadamente 5 mil pessoas por noite, a estimativa é que, somando ingressos e barracas de bebidas e alimentação, a estação privada de Carnaval faça girar, diariamente, em uma área pública que foi cercada em detrimento da população a benefício de empresários, R$ 1,75 milhão. Com programação esticada até o dia 18, calcula-se um lucro de quase R$ 20 milhões.

No início do mês, a prefeitura tinha decidido que não iria arcar com os custos da estrutura para o Carnaval exigida pela ABACCAF. O fato provocou uma enorme tensão, principalmente por conta da pressão feita para que houvesse contribuição financeira do município para os gastos em relação à área.

A situação tomou um novo rumo após uma reunião entre o município e a Associação. Neste encontro, a prefeitura e a ABACCAF chegaram a um meio termo, onde o espaço público foi cedido para beneficiar os empresários, sendo o investimento na área totalmente deles. Por parte do município, foram destinados R$ 2 milhões para a estrutura do Carnaval da cidade, cinco trios elétricos e dois caminhões palcos; cinco pórticos de identificação; três palcos com som, iluminação e gerador, que serão montados na Praia do Forte, Peró e Unamar, em Tamoios; 120 tendas; dois postos médicos avançados, sendo um na Praia do Forte e outro em Tamoios; além de cinco torres de observação para a Polícia Militar. 
Inclusive, os blocos que discordaram da decisão de cobrar entrada dos foliões, como o Carnagay, que vai se concentrar na Praça dos Quiosques, perderam o direito de utilizar o a área do Bolsão da Juju.
 
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Com isso, a decisão de privatizar um espaço gigante da praia mais importante da Região dos Lagos para que alguns empresários associados a alguns presidentes de agremiações transformassem a folia num negócio muito lucrativo gerou descontentamento por parte da população. Além disso, informações apontam que a Polícia Militar destacou um efetivo apenas para cuidar do local, o que privilegia a área em detrimento do restante.

“Estou vendo gente aplaudir a privatização do espaço público e isso é tão absurdo quanto a própria situação. Por que esses empresários não alugam espaços como os clubes da cidade e o estádio? Mas é muito mais fácil diminuir o espaço do povo. Tem gente que espera o ano inteiro para curtir os blocos e vêm esses empresários e, provavelmente, ‘cidadãos de bem’, para privatizar tudo isso. Tomara que essa palhaçada seja embargada!”, disse uma moradora.

E os comentários não param por aí. Tem muita gente criticando a decisão do governo municipal em liberar a área, afirmando que “o Carnaval em Cabo Frio era muito melhor quando só tinha trio elétrico”.

“Mercenários do Carnaval! Exclusão total! Utilizam verba pública para fazer evento privado, apropriando-se da cultura popular do Carnaval. Estou em Salvador, o maior Carnaval do mundo. Aqui, todos os artistas, famosos ou não, saem de graça para o povão, e todo mundo fatura”, observou outro internauta.

“Um pouco do senso que ainda restava acabou de cair por terra. Não tem como defender uma administração dessas. Vai promover o pior Carnaval de Cabo Frio, assim como no Réveillon”, finalizou um morador. 
Diante dos fatos, o Jornal O DIA entrou em contato com a prefeitura, questionando se parte dos lucros do evento será revertido para a população, tendo em vista que trata-se de uma área pública, e aguarda retorno.
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