Publicado 12/07/2024 15:39
Cabo Frio - Mães de crianças com transtorno do espectro autista (TEA) em Cabo Frio estão se mobilizando em busca de melhores condições de atendimento para os filhos. Diversas denúncias apontam para a falta de profissionais especializados, terapias essenciais e infraestrutura adequada para garantir o acompanhamento necessário às crianças.
PublicidadeMaria Aparecida Oliveira, mãe da pequena Laura, de 3 anos, vem se desgastando em busca de coisas que são direito da criança, mas não estão sendo oferecidos pelo município. Um dos principais problemas relatados é a escassez de profissionais qualificados em áreas como psicologia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. Segundo as mães, a falta desses serviços impede o acompanhamento adequado do desenvolvimento das crianças, comprometendo o progresso e bem-estar.
“A gente passa pela neuropediatra com a criança, ela passa um monte de terapia pra gente. Quem tem condições, paga as terapias particulares, quem não, tem fica à mercê. A APAE de Cabo Frio está super lotada, também está sem profissionais. O CAPS da cidade também está sem profissionais, tem alguns psicólogos, mas tem gente na fila de espera. Então, quer dizer, a gente está sem nada. As crianças especiais estão abandonadas pela cidade de Cabo Frio”, declarou Maria Aparecida.
Maria Goreti, mãe da Beatriz Alves, também de 3 anos, enfrenta os mesmos problemas. Bia tem hidrocefalia e foi diagnosticada com autismo grau 3. A mãe conta que, desde que ela foi diagnosticada, começou a luta por terapias, médicos, remédios, mas Cabo Frio não tem suporte nenhum para as crianças neurodivergentes.
“Paguei por mais de ano neuropediatra, saindo se Cabo Frio e indo a Rio das Ostras e pagando R$ 400 de consulta, pois coloquei pedido pelo SUS e só consegui final do ano passado. Isso por intermédio de uma médica conhecida minha. Estou na luta ainda com pedido de fonoaudiólogo e do exame Bera por mais de ano e nada. Minha filha precisa de várias terapias, mas não tenho condições de pagar, pois parei de trabalhar para ficar com ela. É tudo muito difícil, pois não temos um suporte para nossos filhos. Hoje ela está apenas na APAE com uma psicóloga, psicopedagoga e fisioterapeuta fazendo terapia em grupo com outras crianças, mas minha filha já vai ficar sem agora no final do ano, pois fui avisada que seria só por 2 anos, então minha filha vai ficar sem suporte nenhum e eu já não sei mais o que fazer ou a quem recorrer”, lamentou Maria Goreti.
Com toda essa dificuldade, as mães acabam desenvolvendo também desgaste emocional.
“Eu estou super esgotada, cansada psicologicamente e mentalmente. Precisando também de um suporte emocional pois não é fácil. Temos que nos humilhar por algo que nossos filhos têm direito, mas não conseguimos dar esse suporte”, desabafou.
No caso do Gaell, de 5 anos, a mãe Jhuliet Maia conseguiu algumas terapias pelo plano de saúde, mas vem enfrentando problemas com o mesmo, que passou a negar o tratamento. Para o menino não perder todo o avanço na fala, ela está se desdobrando para conseguir dinheiro para arcar por conta própria através de vaquinhas. Confira o desabafo:
“A gente passa pela neuropediatra com a criança, ela passa um monte de terapia pra gente. Quem tem condições, paga as terapias particulares, quem não, tem fica à mercê. A APAE de Cabo Frio está super lotada, também está sem profissionais. O CAPS da cidade também está sem profissionais, tem alguns psicólogos, mas tem gente na fila de espera. Então, quer dizer, a gente está sem nada. As crianças especiais estão abandonadas pela cidade de Cabo Frio”, declarou Maria Aparecida.
Maria Goreti, mãe da Beatriz Alves, também de 3 anos, enfrenta os mesmos problemas. Bia tem hidrocefalia e foi diagnosticada com autismo grau 3. A mãe conta que, desde que ela foi diagnosticada, começou a luta por terapias, médicos, remédios, mas Cabo Frio não tem suporte nenhum para as crianças neurodivergentes.
“Paguei por mais de ano neuropediatra, saindo se Cabo Frio e indo a Rio das Ostras e pagando R$ 400 de consulta, pois coloquei pedido pelo SUS e só consegui final do ano passado. Isso por intermédio de uma médica conhecida minha. Estou na luta ainda com pedido de fonoaudiólogo e do exame Bera por mais de ano e nada. Minha filha precisa de várias terapias, mas não tenho condições de pagar, pois parei de trabalhar para ficar com ela. É tudo muito difícil, pois não temos um suporte para nossos filhos. Hoje ela está apenas na APAE com uma psicóloga, psicopedagoga e fisioterapeuta fazendo terapia em grupo com outras crianças, mas minha filha já vai ficar sem agora no final do ano, pois fui avisada que seria só por 2 anos, então minha filha vai ficar sem suporte nenhum e eu já não sei mais o que fazer ou a quem recorrer”, lamentou Maria Goreti.
Com toda essa dificuldade, as mães acabam desenvolvendo também desgaste emocional.
“Eu estou super esgotada, cansada psicologicamente e mentalmente. Precisando também de um suporte emocional pois não é fácil. Temos que nos humilhar por algo que nossos filhos têm direito, mas não conseguimos dar esse suporte”, desabafou.
No caso do Gaell, de 5 anos, a mãe Jhuliet Maia conseguiu algumas terapias pelo plano de saúde, mas vem enfrentando problemas com o mesmo, que passou a negar o tratamento. Para o menino não perder todo o avanço na fala, ela está se desdobrando para conseguir dinheiro para arcar por conta própria através de vaquinhas. Confira o desabafo:
A sala de recurso, um ambiente educacional especializado para atender crianças com necessidades especiais, que é determinado pelo Estado, também não funciona como deveria.
“O Estado determinou que todo lugar tenha uma sala de recurso, nós temos uma sala de recurso no Evaldo Salles, não foi suficiente, abriram mais uma na Etelvina, só que a professora estava tendo que atender duas crianças de vez, a professora não deu conta, a primeira saiu, a segunda entrou e também já estava querendo sair, e agora eles prometeram que vão colocar mais uma professora, só que a divulgação nunca é clara, não existe uma colocação clara para a gente, a gente fica esperando, esperando, esperando, esperando e não tem uma comunicação clara com a gente, eu estou até para ir de novo na secretaria de Educação para verificar a informação de perto, porque a minha filha já está indo para quase um mês sem ir também para a sala de recurso, e eu não estou vendo a prefeitura tentando resolver o problema”, disse Maria Aparecida.
Crianças autistas podem apresentar sensibilidade ou agitação durante os procedimentos e a falta de dentistas que trabalhem com sedação e de especialistas em crianças com necessidades especiais também é motivo de reclamação. A única dentista que atendia pelo município está com a cadeira quebrada desde fevereiro, segundo o relato.
“Minha filha precisou de sedação do início, não precisaria porque ela estava com uma cárie bem pequenininha, mas enrolaram de janeiro até agora para depois, por último, encaminhar para o TFD (Tratamento Fora de Domicílio)”, contou a mãe da Laura.
As mães criticam ainda, a falta de comunicação clara e transparente por parte da prefeitura, o que torna a busca por informações um processo árduo.
“Eu estive na ouvidoria, fiz uma reclamação sobre a questão da cadeira da dentista, de estar quebrada há mais de seis meses. Fui também e reclamei sobre a questão da falta do fonoaudiólogo, da psicóloga. Reclamei, peguei a reclamação, amanhã eu vou ter que, de novo, levar a minha guia da minha filha pra deixar no TFD pra consultar, mas eu pedi urgência, porque a minha filha tá sentindo dor agora, porque o que era uma cárie pequena, virou um canal. Demora e nós estamos assim, de mãos atadas e pés amarrados, não podendo fazer nada. E a prefeitura não olha pra gente”, completou.
A redação do Jornal O Dia entrou em contato com a prefeitura, mas não obteve retorno até o encerramento da matéria.
“O Estado determinou que todo lugar tenha uma sala de recurso, nós temos uma sala de recurso no Evaldo Salles, não foi suficiente, abriram mais uma na Etelvina, só que a professora estava tendo que atender duas crianças de vez, a professora não deu conta, a primeira saiu, a segunda entrou e também já estava querendo sair, e agora eles prometeram que vão colocar mais uma professora, só que a divulgação nunca é clara, não existe uma colocação clara para a gente, a gente fica esperando, esperando, esperando, esperando e não tem uma comunicação clara com a gente, eu estou até para ir de novo na secretaria de Educação para verificar a informação de perto, porque a minha filha já está indo para quase um mês sem ir também para a sala de recurso, e eu não estou vendo a prefeitura tentando resolver o problema”, disse Maria Aparecida.
Crianças autistas podem apresentar sensibilidade ou agitação durante os procedimentos e a falta de dentistas que trabalhem com sedação e de especialistas em crianças com necessidades especiais também é motivo de reclamação. A única dentista que atendia pelo município está com a cadeira quebrada desde fevereiro, segundo o relato.
“Minha filha precisou de sedação do início, não precisaria porque ela estava com uma cárie bem pequenininha, mas enrolaram de janeiro até agora para depois, por último, encaminhar para o TFD (Tratamento Fora de Domicílio)”, contou a mãe da Laura.
As mães criticam ainda, a falta de comunicação clara e transparente por parte da prefeitura, o que torna a busca por informações um processo árduo.
“Eu estive na ouvidoria, fiz uma reclamação sobre a questão da cadeira da dentista, de estar quebrada há mais de seis meses. Fui também e reclamei sobre a questão da falta do fonoaudiólogo, da psicóloga. Reclamei, peguei a reclamação, amanhã eu vou ter que, de novo, levar a minha guia da minha filha pra deixar no TFD pra consultar, mas eu pedi urgência, porque a minha filha tá sentindo dor agora, porque o que era uma cárie pequena, virou um canal. Demora e nós estamos assim, de mãos atadas e pés amarrados, não podendo fazer nada. E a prefeitura não olha pra gente”, completou.
A redação do Jornal O Dia entrou em contato com a prefeitura, mas não obteve retorno até o encerramento da matéria.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.