Terminal de Ônibus de Turismo (TOT) InterTV/ cedida
Publicado 20/12/2024 17:52
Cabo Frio - Às vésperas do Natal e do Réveillon, Cabo Frio enfrenta um caos que vai além da saúde e educação, alcançando também o turismo. O ápice da crise ocorreu nesta sexta-feira (20), quando Mariana Maussa, proprietária do terreno onde funciona o Terminal de Ônibus de Turismo (TOT), decidiu fechar o local com o próprio carro após receber imagens, às 5h da manhã, de máquinas realizando intervenções no espaço sem sua autorização. “Está fechado. Ninguém entra e ninguém sai”, declarou.
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O TOT, localizado na Avenida Wilson Mendes, tem capacidade para receber 140 ônibus de turismo e costuma operar com lotação máxima em períodos festivos como o atual. Mariana afirmou que cerca de 70 a 80 veículos já estão no local, mas a entrada e saída de novos ônibus estão bloqueadas. “Eu sei que a cidade vai ficar um caos, mas é um caos que está tendo ciência da prefeita”, afirmou, referindo-se à gestora municipal, Magdala Furtado (PV).
A interdição é parte de uma disputa judicial que se arrasta há 18 anos. Mariana alega que o município utiliza o terreno sem realizar os pagamentos devidos, que incluem aluguéis atrasados e indenizações, somando R$ 22 milhões. Em 2020, foi firmado um acordo judicial para o pagamento em seis parcelas, mas, segundo disse Mariana durante uma entrevista a uma rádio local, nada foi cumprido. “Chegou uma hora que não dá mais. Não sai, não paga. Quer discutir, vamos discutir, mas fora da área”, disse.
Conforme Mariana, que é uma das herdeiras do terreno e representa a família na disputa, a situação escalou com a chegada de máquinas e caminhões no terreno na madrugada desta sexta-feira. “Eu recebi vídeos e imagens, às 5 horas da manhã, mostrando que estavam fazendo melhorias no terreno. Nós já temos processos administrativos e judiciais em andamento. Isso foi o limite”, explicou.
Além do bloqueio, Mariana afirmou estar sendo pressionada pela prefeitura. “Estou sendo coagida, porque apareceram secretário, procurador, guarda municipal e polícia”, disse. Apesar disso, reforçou que o fechamento será mantido até que a questão seja resolvida. “A juíza da 1ª Vara Cível precisa se manifestar”, disse.
Mariana apresentou documentos que comprovam a propriedade do terreno, herdado de seu pai, João Maussa. Ela relatou que o espaço foi cedido inicialmente para uma igreja e, posteriormente, utilizado pelo município como terminal de ônibus, sem qualquer pagamento ou formalização. “Meu pai sempre foi muito correto, cedeu o espaço, mas isso acabou gerando essa situação de exploração indevida”, afirmou.
Ainda segundo Mariana, a ocupação do terreno pelo município inviabiliza negociações com possíveis compradores interessados no local. “Nós tivemos a possibilidade de vender, mas eles não saem. Isso demandou uma ação judicial, e agora estamos aqui”, explicou. Ela também revelou que, em 2020, durante campanhas eleitorais, o espaço foi cedido para eventos, e todos os envolvidos já estavam cientes da situação.
A interdição acontece em um momento de alta demanda turística, com impacto direto na circulação de visitantes e no setor hoteleiro da cidade. Mariana reafirma estar aberta a negociações, seja pela venda do terreno ou pelo pagamento dos valores atrasados, mas alerta que a exploração irregular não será mais permitida.
Diante dos fatos, o Jornal O Dia entrou em contato com a prefeitura de Cabo Frio para questionar a situação. Em resposta, foi enviada a seguinte nota:
“A Prefeitura de Cabo Frio informa que o terreno onde funciona o Terminal de Ônibus de Turismo (TOT) passou por processo judicial e está em posse do município. Todos os documentos constam nos autos do processo civil na Comarca de Cabo Frio, e a obstrutora foi convidada a desobstruir o acesso do serviço público para que o terminal volte a receber os veículos de turismo”.
Com informações da InterTV
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