Publicado 04/03/2024 14:49
Símbolos de força, coragem e longevidade, os jequitibás são considerados os reis da floresta. No remake da novela 'Renascer' (TV Globo), o jequitibá-rosa do Parque Estadual dos Três Picos, em Cachoeiras de Macacu-RJ, que substitui a árvore da versão original da trama, de 1993, é um exemplo dessa vitalidade. Quem vê o encanto e o brilho desse 'senhor' milenar nas telas, no entanto, não imagina o que ele precisou enfrentar para chegar até os dias atuais.
Quando a caravela de Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, esse jequitibá já possuía quase 500 anos. Provavelmente, os hábitos dos povos originários de nosso país contribuíram para a longevidade da árvore, que alcançou 40 metros de altura. Durante a fase pré-colonial, porém, ela passou a sofrer sérios riscos. A madeira brasileira foi uma fonte de riqueza para os colonizadores, que além do pau-brasil, extraíam outras espécies de alto valor comercial.
Desde então, sucessivas fases de exploração da madeira e devastação das nossas matas se seguiram. Da Mata Atlântica, da qual o jequitibá é uma espécie exclusiva, resta atualmente apenas 24% da cobertura original.
Hoje, o jequitibá é um exemplo de resistência e força para os visitantes do Parque Estadual do Três Picos e faz brilhar os olhos das crianças das escolas públicas da região que participam das atividades de educação ambiental do Projeto Guapiaçu — realizado pela Ação Socioambiental em parceria com a Petrobras. Para se ter uma ideia da grandiosidade dessa espécie, são necessárias entre 13 a 15 pessoas para abraçar seus seis metros de diâmetro e 19 metros de circunferência na base.
Em 2023, o Projeto Guapiaçu levou mais de 1.200 alunos da educação infantil e ensino básico para visitar o jequitibá.
A educadora ambiental Nathalie Horta, que conduz as crianças, é nascida e criada na região e desde pequena visita a árvore, guardando dela muitas memórias afetivas dos períodos de sua infância e adolescência. Hoje, percebe nos rostos dos pequenos o mesmo encantamento que ela ainda sente ao visitar o jequitibá. “Muitas crianças, apesar de morarem em Cachoeiras de Macacu, nunca tiveram a oportunidade de conhecer o jequitibá. Queremos proporcionar essa experiência, ao mesmo tempo em que as sensibilizamos sobre as questões ambientais. Ao conhecer melhor o local onde moram, podem se conectar mais com a região, aumentando a sensação de pertencimento e a responsabilidade com a natureza”, conta Nathalie, que complementa a vivência das crianças com atividades lúdicas e educativas.
Rei da floresta
O jequitibá é uma espécie clímax, nativa da Mata Atlântica, e uma das maiores árvores do Brasil, podendo atingir até 50 metros de altura. Em tupi, significa “Gigante da floresta”. Sua densa e ampla copa também proporciona sombra e abrigo para outras plantas e animais, como orquídeas, bromélias, mamíferos e pássaros.
“Quando falamos de sucessão ecológica, podemos imaginar um espaço sem ou com pouca vegetação, que depois será habitado por espécies pioneiras — as que conseguem sobreviver em um cenário com solo pobre, muita luz e outras adversidades. Na sequência, chegam as espécies intermediárias ou secundárias, que se desenvolvem em um ambiente mais sombreado e úmido, em um solo com disponibilidade de nutrientes melhor e, por fim, quando a floresta está estruturada, as espécies clímax conseguem se desenvolver com suas exigências de majestade. Por esse motivo, são chamadas de rainhas, pois representam uma floresta madura, com diversidade, disponibilidade de nutrientes e produção de sementes restrita, pois ela se dissemina com muito mais complexidade”, explica a engenheira florestal do Projeto Guapiaçu, Erika Melo.
As sementes do jequitibá são relativamente leves e equipadas com estruturas aerodinâmicas que permitem sua dispersão pelo vento. Quando maduras, são liberadas pela árvore, podendo ser carregadas por correntes de ar para longe da árvore-mãe, muitas vezes alcançando distâncias consideráveis antes de pousarem no solo.
Mudanças climáticas
Apesar de o Brasil contar hoje com leis mais rígidas em relação à extração de madeira e proteção de espécies nativas, árvores como o jequitibá estão em perigo de extinção devido ao desmatamento e corte ilegal, de acordo com um estudo publicado recentemente na revista Science. Além disso, outra ameaça a essa e outras espécies da Mata Atlântica são as mudanças climáticas.
Quando a caravela de Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, esse jequitibá já possuía quase 500 anos. Provavelmente, os hábitos dos povos originários de nosso país contribuíram para a longevidade da árvore, que alcançou 40 metros de altura. Durante a fase pré-colonial, porém, ela passou a sofrer sérios riscos. A madeira brasileira foi uma fonte de riqueza para os colonizadores, que além do pau-brasil, extraíam outras espécies de alto valor comercial.
Desde então, sucessivas fases de exploração da madeira e devastação das nossas matas se seguiram. Da Mata Atlântica, da qual o jequitibá é uma espécie exclusiva, resta atualmente apenas 24% da cobertura original.
Hoje, o jequitibá é um exemplo de resistência e força para os visitantes do Parque Estadual do Três Picos e faz brilhar os olhos das crianças das escolas públicas da região que participam das atividades de educação ambiental do Projeto Guapiaçu — realizado pela Ação Socioambiental em parceria com a Petrobras. Para se ter uma ideia da grandiosidade dessa espécie, são necessárias entre 13 a 15 pessoas para abraçar seus seis metros de diâmetro e 19 metros de circunferência na base.
Em 2023, o Projeto Guapiaçu levou mais de 1.200 alunos da educação infantil e ensino básico para visitar o jequitibá.
A educadora ambiental Nathalie Horta, que conduz as crianças, é nascida e criada na região e desde pequena visita a árvore, guardando dela muitas memórias afetivas dos períodos de sua infância e adolescência. Hoje, percebe nos rostos dos pequenos o mesmo encantamento que ela ainda sente ao visitar o jequitibá. “Muitas crianças, apesar de morarem em Cachoeiras de Macacu, nunca tiveram a oportunidade de conhecer o jequitibá. Queremos proporcionar essa experiência, ao mesmo tempo em que as sensibilizamos sobre as questões ambientais. Ao conhecer melhor o local onde moram, podem se conectar mais com a região, aumentando a sensação de pertencimento e a responsabilidade com a natureza”, conta Nathalie, que complementa a vivência das crianças com atividades lúdicas e educativas.
Rei da floresta
O jequitibá é uma espécie clímax, nativa da Mata Atlântica, e uma das maiores árvores do Brasil, podendo atingir até 50 metros de altura. Em tupi, significa “Gigante da floresta”. Sua densa e ampla copa também proporciona sombra e abrigo para outras plantas e animais, como orquídeas, bromélias, mamíferos e pássaros.
“Quando falamos de sucessão ecológica, podemos imaginar um espaço sem ou com pouca vegetação, que depois será habitado por espécies pioneiras — as que conseguem sobreviver em um cenário com solo pobre, muita luz e outras adversidades. Na sequência, chegam as espécies intermediárias ou secundárias, que se desenvolvem em um ambiente mais sombreado e úmido, em um solo com disponibilidade de nutrientes melhor e, por fim, quando a floresta está estruturada, as espécies clímax conseguem se desenvolver com suas exigências de majestade. Por esse motivo, são chamadas de rainhas, pois representam uma floresta madura, com diversidade, disponibilidade de nutrientes e produção de sementes restrita, pois ela se dissemina com muito mais complexidade”, explica a engenheira florestal do Projeto Guapiaçu, Erika Melo.
As sementes do jequitibá são relativamente leves e equipadas com estruturas aerodinâmicas que permitem sua dispersão pelo vento. Quando maduras, são liberadas pela árvore, podendo ser carregadas por correntes de ar para longe da árvore-mãe, muitas vezes alcançando distâncias consideráveis antes de pousarem no solo.
Mudanças climáticas
Apesar de o Brasil contar hoje com leis mais rígidas em relação à extração de madeira e proteção de espécies nativas, árvores como o jequitibá estão em perigo de extinção devido ao desmatamento e corte ilegal, de acordo com um estudo publicado recentemente na revista Science. Além disso, outra ameaça a essa e outras espécies da Mata Atlântica são as mudanças climáticas.
“A principal ameaça ao jequitibá quanto às mudanças climáticas são os eventos extremos. O fato de estar em cima de uma rocha, o torna mais vulnerável em situações de grandes precipitações chuvosas, que podem ocasionar movimentações de terra, provocando sua queda. A maior incidência de raios, que estamos presenciando devido às mudanças climáticas, também pode afetar a integridade física da árvore, como ocorreu com o jequitibá da primeira versão da novela (1993), que sucumbiu após ser atingido por um raio há 10 anos. A mudança na dinâmica das estações, com períodos de seca mais prolongada ou de chuvas mais intensas, também pode alterar a produção e propagação de sementes, afetando a geração de novos indivíduos”, explica a coordenadora executiva do Projeto Guapiaçu, Gabriela Viana.
Visitação
O Parque Estadual dos Três Picos pode ser visitado todos os dias, das 8h às 17h. Para chegar ao jequitibá, o visitante precisa passar pela Trilha do Jequitibá-rosa, com distância de 840 metros da entrada da sede de Cachoeiras de Macacu. O Projeto Guapiaçu fornece visitas guiadas ao Jequitibá para escolas e universidades. As instituições interessadas podem agendar a visita por meio das redes sociais do projeto (@projetoguapiacu) ou pelo e-mail: mario.conceicao@institutoasa.org
Sobre o Projeto Guapiaçu
O projeto Guapiaçu, realizado pelo Ação Socioambiental - ASA, com o apoio da Petrobras, tem como objetivo contribuir para a melhoria socioambiental da região da Baía de Guanabara e entorno, por meio de ações que integrem ambientes e comunidades locais, potencializando ações de restauração, educação ambiental, monitoramento de biodiversidade e reintrodução de fauna nativa.
A área de abrangência do projeto insere os municípios de Cachoeiras de Macacu, Magé, Itaboraí e Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que passa por grandes mudanças na última década. Esta região hidrográfica é responsável pelo abastecimento de água de quase três milhões de pessoas na porção Leste da Baía de Guanabara. Segundo dados históricos, a sub-bacia Guapi-Macacu destaca-se por sua disponibilidade hídrica para outras regiões em quantidade e qualidade.
Visitação
O Parque Estadual dos Três Picos pode ser visitado todos os dias, das 8h às 17h. Para chegar ao jequitibá, o visitante precisa passar pela Trilha do Jequitibá-rosa, com distância de 840 metros da entrada da sede de Cachoeiras de Macacu. O Projeto Guapiaçu fornece visitas guiadas ao Jequitibá para escolas e universidades. As instituições interessadas podem agendar a visita por meio das redes sociais do projeto (@projetoguapiacu) ou pelo e-mail: mario.conceicao@institutoasa.org
Sobre o Projeto Guapiaçu
O projeto Guapiaçu, realizado pelo Ação Socioambiental - ASA, com o apoio da Petrobras, tem como objetivo contribuir para a melhoria socioambiental da região da Baía de Guanabara e entorno, por meio de ações que integrem ambientes e comunidades locais, potencializando ações de restauração, educação ambiental, monitoramento de biodiversidade e reintrodução de fauna nativa.
A área de abrangência do projeto insere os municípios de Cachoeiras de Macacu, Magé, Itaboraí e Maricá, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, que passa por grandes mudanças na última década. Esta região hidrográfica é responsável pelo abastecimento de água de quase três milhões de pessoas na porção Leste da Baía de Guanabara. Segundo dados históricos, a sub-bacia Guapi-Macacu destaca-se por sua disponibilidade hídrica para outras regiões em quantidade e qualidade.
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