As obras no Hospital Geral de Guarus já estão na etapa conclusiva da segunda fase Foto Divulgação
Publicado 26/10/2023 17:23 | Atualizado 26/10/2023 17:42
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Campos – “Não compactuo com coisas erradas. Determinei abertura de sindicância para apurar todos os fatos e quem tiver que responder, com certeza responderá”. A manifestação é do prefeito de Campos dos Goytacazes (RJ), Wladimir Garotinho, sobre denúncia de que um médico com residência e consultório na Bahia estaria na folha de RPA (Recibo de Pagamento Autônomo), do Hospital Geral de Guarus (HGG).

O caso foi apontado no último dia 20, pelos deputados estaduais Rodrigo Amorim, Felipe Poubel e Alan Lopes, da Comissão Especial de Combate à Desordem Urbana da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), durante inspeção feita por eles no HGG. Houve repercussão em audiência que a Câmara Municipal realizava sobre ordem pública.

A forma como os parlamentares fizeram a abordagem foi considerada truculenta, tendo uma servidora pública de carreira da Fundação Benedito Pereira Nunes, lotada no hospital, se sentido agredida e prestado queixa na 146ª Delegacia de Guarus. Wladimir acha estranho o procedimento dos deputados; mas diz que tudo está sendo apurado.

“Não seria nem dever dos deputados fiscalizar um hospital municipal; caberia aos vereadores; mas, talvez por terem se sentido sem capacidade ou coragem, tiveram (nem todos, é claro) que chamar os deputados para fazer o papel que lhes caberia. Pelo menos é o que pareceu ser”, comenta o prefeito afirmando que, sobre o caso do médico não tinha como saber.

“Não tem como o prefeito saber sobre escala de médico, é um caso interno do hospital; porém, determinei que tudo seja apurado e, se for o caso, que responsáveis sejam punidos”. No entanto, Wladimir defende que “o caso específico de um médico não pode macular todo o trabalho sério dos funcionários do HGG”.

“Quando assumimos o governo, encontramos o HGG em condições indignas, chovendo nas cabeças de funcionários e pacientes, filas nos corredores”, aponta o prefeito comparando que hoje a unidade vive outra realidade.

“O HGG registra aproximadamente de cinco a seis mil atendimentos por mês, um aumento de cerca de 250%; todos os equipamentos novos; prédio novo, acabando agora a segunda etapa das obras”, resume Wladimir realçando que o hospital cumpre sua função social e não pode um caso isolado macular a imagem da unidade: “Os funcionários sentiram muito pela forma agressiva”.

NOTA DE REPÚDIO – A abordagem feita pelos parlamentares no HGG continua repercutindo negativamente, pela forma adotada. O Sindicato dos Médicos de Campos (SIMEC) e a Sociedade Fluminense de Medicina e Cirurgia (SFMC) acabam de divulgar, em conjunto, nota de repúdio, após terem avaliado a atuação dos parlamentares no hospital.

A nota é assinada pelas médicas Juliana de Souza Viana (presidente SIMEC) e Ana Paula Galvão B. de Araújo Flores (SFMC) e pontua: “Após avaliação criteriosa dos fatos, cabe as seguintes ponderações:

1- Repudiamos a maneira intempestiva e desrespeitosa como foi realizada a abordagem, criando um clima de coação e medo aos funcionários presentes;

2- Em nenhum momento essa Comissão se preocupou com as carências, sejam profissionais ou materiais que por ventura estivessem faltando na instituição;

3- Em relação os possíveis erros administrativos, as entidades, em nenhum momento, compactuam com tais atitudes, que deverão ser devidamente apuradas e esclarecidas;

4- Reforçamos que a classe médica trabalha com dedicação e zelo junto ao Município de Campos dos Goytacazes, muitas vezes em condições adversas, com objetivo de oferecer sempre uma saúde digna à população”.

Durante o episódio no HGG, os parlamentares foram acusados de terem agido com truculência e usurpar a competência dos vereadores. O presidente da Comissão Especial de Combate à Desordem Urbana, Alan Lopes. rebateu: “Longe de nós querer usurpar; muito pelo contrário; nossa parte é fiscalizar tudo relacionado ao governo do estado; é obrigação nossa fiscalizar os recursos que chegam e saber o que está sendo feito”.

O caso foi parar na 146 DP de Guarus, onde a servidor Patrícia Gama Pessanha da Silva Videira noticiou abuso de autoridade dos deputados estaduais, acusando ter se sentido coagida, apesar de ter recepcionado e prestado todas as informações que os deputados pediram. Os deputados também registram o que apuraram.

A Comissão Especial de Combate à Desordem Urbana da Alerj informa que, através do seu corpo jurídico, vai formalizar ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), e demais órgãos competentes, denúncia a respeito das irregularidades flagradas no Hospital Geral de Guarus (HGG).
A decisão foi divulgada nesta quarta-feira (26), através de nota divulgada pela assessoria da Comissão, que diz ainda: “Sobre denúncia de abuso de autoridade, os deputados atuaram com respeito aos servidores, e dentro da legalidade das prerrogativas parlamentares”.
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