Publicado 17/01/2024 16:00
Campos - As regiões Norte e Noroeste são as que oferecem maiores incidências solares do Estado do Rio de Janeiro. Os dados são da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que aponta Campos dos Goytacazes como segundo no ranking estadual em captação de energia fotovoltaica, ultrapassando o patamar de 10 mil usinas solares instaladas em residências, pontos comerciais e industriais.
Segundo a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), são 10.208 usinas registradas no município até agora, número superior ao de 10 capitais brasileiras, como Vitória (ES), Recife (PE) e Curitiba (PR), que têm população três vezes superior a de Campos. O levantamento consta, também, do Atlas Solarimétrico do Estado do Rio.
O levantamento destaca que salto na instalação de usinas solares em Campos começou a ser observado em 2018: “de 220, aumentou para 825 instalações no ano seguinte, chegando a 1.292 em 2020, 2.837 em 2021 e 3.444 no ano passado; mais de 90% correspondem a residências, e o restante se divide entre instalações comerciais e rurais, principalmente”.
Diretor de Indicadores Econômicos e Sociais da Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Campos, o economista Ranulfo Vidigal comenta que, nesta questão é importante observar que o salto na instalação de unidades solares triplicou no atual governo, influenciado por iniciativas definidas pelo prefeito Wladimir Garotinho.
“Isso reflete, por um lado, a agilização e desburocratização na aprovação dos projetos industriais, por exemplo, no aspecto ambiental”, indica Vidigal ressaltando: “Mas, também é decorrência da extensão territorial da cidade, presença de áreas planas e contar com mais de dois terços dos dias, ao longo do ano, com presença da luz solar intensa no território do município”.
Com base na divulgação feita pela Firjan, o economista realça que, no Estado, Campos está atrás apenas da cidade do Rio de Janeiro, que chega a 19.879 instalações, e a frente de Niterói, município com densidade demográfica que semelhante. “Maricá, São Gonçalo, Nova Friburgo, Macaé, Rio das Ostras e Itaperuna aparecem em seguida”.
As indústrias de cerâmicas são apontadas entre as pioneiras no sistema em Campos. O presidente do Sindicato dos Ceramistas do município, Matheus de Azevedo Henriques, detalha que mais de um terço das 112 cerâmicas campistas (cerca de 45) contam com energia fotovoltaica, com capacidade de gerar 15 mil kwh por mês.
Estudos da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) assinalam que essa capacidade é suficiente para abastecer um condomínio de 75 casas, considerando um consumo médio de 200 kwh. A Firjan indica que a média estadual de irradiação solar global anual varia de 1.460 a 2.010 kWh/m² - “superior, por exemplo, à Alemanha, líder mundial na instalação de sistemas fotovoltaicos, cujo nível médio é de 1.700 kWh/m²”.
MAIS COMPETITIVA - O presidente da Firjan Norte Fluminense, Francisco Roberto de Siqueira, enfatiza que a indústria da região foi pioneira nos investimentos em energia solar na região: “Tivemos um gigantesco salto nessa produção nos últimos anos, e até a próxima década nos tornaremos referência nacional nos mais diversos tipos de energia limpa”.
No entanto, Siqueira acha fundamental o poder público acompanhar a iniciativa privada, em especial o Porto do Açu, cujos projetos necessitam de regulações e de infraestrutura adequada, como a ferrovia 118. “É uma energia mais limpa, que por si só já é de suma importância, e faz com que tenhamos maior competitividade, pois conseguimos também reduzir nosso custo”, acentua o presidente.
Especialista em Estudos Econômicos da Firjan, Tatiana Lauria relata que, na região Norte, além de Macaé (3.549), destacam-se São Fidélis (1.481) e São João da Barra (1.025: “O Rio de Janeiro é a oitava capital com maior quantidade de usinas fotovoltaicas, cujo ranking é liderado por Florianópolis (SC)”. Na opinião de Tatiana Lauria, as usinas fotovoltaicas geram vários benefícios para pessoas físicas e jurídicas.
“O consumidor tem uma energia mais estável, com menos oscilações, e fica mais protegido da inflação diante de reajustes tarifários”, exemplifica acrescentando: “Para alguns setores industriais, a economia pode chegar a 30%; há ainda os benefícios para todo o meio ambiente e para o próprio sistema elétrico, pois reduz a necessidade de novos investimentos e do aumento de custos de infraestrutura”.
Estudos da Firjan mostram que o setor elétrico tem passado por grandes mudanças estruturais; cita como destaques as fontes renováveis, como a solar e a eólica offshore: “Na região Norte estão previstos cerca de US$ 85 bilhões em investimentos em eólica offshore nos próximos anos”.
“A geração limpa associada à digitalização do setor e a ampliação do mercado livre criará um ambiente de negócios mais eficiente e equilibrado para o setor industrial, que se tornará mais competitivo e sustentável”. A Firjan constata que o estado do Rio continua tendo a maior tarifa de energia elétrica para o setor industrial entre todos os estados da federação.
Reforçando a observação sobre os custos, com base em divulgações da Aneel para o ano passado, a federação resume que “são, em média, R$ 1.035,11 por hora de megawatt (MWh), enquanto o segundo lugar, por exemplo, que é Mato Grosso, possui uma tarifa média de R$ 925,52 por MWh.
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