Publicado 27/07/2024 00:01
Campos - Análise realizada pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf) aponta duas cianobactérias na água do Rio Paraíba do Sul em Campos dos Goytacazes (RJ). O relatório chama atenção para os efeitos regulatórios e toxicológicos dessa toxina em animais e humanos; mas, em nota expedida na noite desta sexta-feira, a concessionária Águas do Paraíba garante que a água fornecida por ela está própria para consumo, e não apresenta nenhum risco à saúde.
PublicidadeDe acordo com o relatório da Uenf (encaminhado ao Ministério Público do Rio de Janeiro – MPRJ), a primeira cianobactéria encontrada é uma geosmina, responsável pelo gosto e odor de mofo e terra da água do rio, características refletidas na potável, fornecida pela concessionária.
Quanto à segunda substância, o estudo revela que desperta mais cuidados, pelo fato de poder produzir potencialmente uma toxina chamada de saxitoxina, cujos efeitos, segundo a análise, são preocupantes. Integralmente, a análise diz que “há realmente um crescimento elevado da comunidade fitoplanctônica devido a baixa vazão e poucas partículas inorgânicas em suspensão e que “estas condições oferecem o meio necessário para crescimento destes organismos microscópicos”.
Sobre a geosmina, o laboratório assinala que o tratamento convencional não é suficiente para remover o gosto e odor de mofo (semelhante a “pó de broca”) e terra que ele confere à água potável. Já a preocupação em relação à saxitoxina, a análise observa que não significa que esteja sendo produzida em níveis que possam estar acima do previsto pela legislação.
Embora seja esclarecedora, a análise da Uenf deixa acumulada a preocupação, quando o laboratório propõe que as amostras sejam encaminhas à Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ufrj) para análise de potável, por considerar que o tratamento convencional não é suficiente para remover o odor e gosto fora dos padrões normais.
MANTÉM POSIÇÃO - Na avaliação de Águas do Paraíba, o relatório emitido pela Uenf confirma a presença de espécies já identificadas pela concessionária e divulgada em comunicado oficial emitido nessa quinta-feira (25). A empresa reafirma que “a água tratada distribuída à população está em conformidade com os parâmetros da legislação, própria para consumo, e não apresenta nenhum risco à saúde”.
No novo comunicado, a concessionária enfatiza: “Sobre a possibilidade da existência da saxitoxina, a Uenf foi clara em afirmar que não possui em suas instalações capacidade de realizar tais análises laboratoriais e solicitou que disponibilizassemos os laudos. Ainda no dia 25 de julho, enviamos à Uenf, ao Inea e à prefeitura laudos que traziam de forma explícita a ausência da saxitoxina”.
Concluindo, Águas do Paraíba repete que, “em cumprimento à portaria GM/MS Nº 888, vem monitorando o rio Paraíba do Sul preventivamente a respeito das espécies citadas, bem como os seus derivados metabólitos”. A reportagem encaminhou demanda à coordenadoria de comunicação do Ministério Público para saber qual a posição a respeito do episódio e a resposta foi: “Iremos verificar. Aguarde o nosso retorno”.
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