Fernando MansurO DIA
Publicado 17/04/2022 06:00
Caminhando pela praia, vejo uma criança sentada numa pranchinha de isopor, feliz da vida. Ela se diverte com o vai-e-vem das pequenas ondas. O sorriso é contagiante e me produz um insight: que aquela criança está centrada inteiramente no presente. Não há lembranças nela, só aquele “aqui e agora”. A cena me toca e descortina uma situação comum a todos: o peso do passado.
Quando me mudei do Rio – depois de mais de 40 anos vivendo na Cidade Maravilhosa – meu filho ponderou: “A mudança vai ser boa pra você, pai. Aqui você carrega muitas lembranças.” Sábia observação. E o verbo que ele usou está correto; “... você
carrega...”
Vendo a menininha na praia, leve, solta e inteira no presente, me dei conta dessa necessidade urgente: uma boa limpeza nos porões do passado. Só que a natureza não dá saltos, e como parte que somos dela, é preciso deixar o fluxo da mudança começar a fluir desimpedido. Essa ação libertadora inclui necessariamente o perdão. Perdoo, peço perdão, me perdoo.
Olho para o mar e penso em seres queridos que minhas imperfeições naturais acabaram por afastar temporariamente. Entretanto, se vivemos na Unidade, de fato, estamos juntos em alguma instância do Ser. Livres, libertos, pomos de uma mesma fruta. Prontos para um novo momento.
Perdoemos, soltemos, vivamos. Vamos!
Fernando Mansur
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