Publicado 18/09/2022 07:00
Seguindo com as citações da excelente biografia de Tom Jobim, escrita pela irmã Helena Jobim, editora Nova Fronteira, trago hoje o relato de uma impressionante experiência vivida por Tom, em que ele vivenciou a unidade com todas as coisas. Veja como a autora narra o acontecimento, na página 103:
“A viagem era longa pela estrada de terra, a floresta quase fechando o caminho. Mário, dirigindo o carro, começou a correr. Tom, a seu lado, ia ficando cada vez mais tenso. Subitamente, alguma coisa aconteceu. Sentiu que dentro dele tudo se relaxava. Olhava o farol iluminando o barranco vermelho, uma árvore debruçada no caminho, as estrelas que brilhavam congeladas no céu azul-marinho. De repente não havia mais separação entre ele e tudo que o cercava. Ele era tudo – a luz do farol, o barranco iluminado, a árvore, as longínquas estrelas – e tudo era ele. Nesse momento cessou o medo. Todo e qualquer medo cessou em seu corpo e em seu espírito. Não havia mais o temor da morte, porque não havia morte. Ele estava em todas as coisas – mais do que isso, ele era todas as coisas. E continuaria sendo para sempre. Tom dizia que essa experiência tinha sido tão intensa, que era difícil coloca-la em palavras. Era incontável. Sentiu-se modificado depois dela. Havia experimentado uma outra dimensão.”
E para encerrar essa série de relatos, vamos saber para onde Tom gostaria de ir após desencarnar: “Toda vez que uma árvore é cortada aqui na Terra, eu acredito que ela cresça outra vez em outro lugar – em algum outro mundo. Então, quando eu morrer, este é o lugar para onde quero ir. Onde as florestas vivam em paz.” Muito obrigado, maestro brasileiro, cidadão do mundo, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim.
Fernando Mansur
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