arte paulo márcioarte paulo márcio
Publicado 28/01/2023 06:00
Popularmente conhecida como incorporação, a psicofonia é a mediunidade que permite a comunicação do espírito através do médium pela palavra falada (via oral). No século XIX, quando Kardec iniciou suas pesquisas na França, ele denominou este tipo de mediunidade como mediunidade “falante”, ou seja, a faculdade que permite que os espíritos entrem em comunicação através da palavra, desenvolvendo conversas.

O termo “incorporação” pode sugerir uma falsa ideia de que o espírito comunicante penetra no corpo do médium, mas isso não ocorre. Enquanto nos centros umbandistas o termo mais comum continua sendo “incorporação”, nos centros espíritas baseados na doutrina de Kardec, psicofonia é o termo mais empregado. Pela psicofonia/incorporação, o médium chega a dizer coisas que jamais diria, seja por falta de conhecimento, seja por estar além da sua inteligência. Por isso, não é incomum vermos pessoas de pouca instrução se expressarem com eloquência, tratando com intimidade questões sobre as quais seriam incapazes de emitir uma simples opinião.
O papel do médium é sempre passivo. Ele é o responsável pela ordem do desempenho mediúnico. O médium é o intérprete nesse intercâmbio, devendo compreender o pensamento do espírito comunicante e transmiti-lo sem alteração. A psicofonia tem vantagens e desvantagens, por isso é fundamental analisar bem a origem e valor da comunicação. Até porque seu efeito é momentâneo, nem sempre bem compreendido, podendo a mensagem ser deturpada.

Por outro lado, nas práticas mediúnicas, a incorporação/psicofonia é a faculdade mais encontrada. É a porta mais acessível para a manifestação dos espíritos no plano material. A grande vantagem é possibilidade do estabelecimento de diálogo com o espírito, já que permite o diálogo direto, vivo e dinâmico com os espíritos. E mais: facilita o atendimento dos que precisam de ajuda ou esclarecimento.
Para entender melhor o fenômeno, em qualquer das formas de mediunidade de psicofonia/incorporação há, entre o médium e o espírito, uma afinidade fluídica. Combinam-se os fluidos perispíriticos de ambos,  ormando uma atmosfera fluídica. Na psicofonia inconsciente, o espírito atua diretamente sobre as cordas vocais – que permite a fala - do médium. Na psicofonia semiconsciente, o médium sente que uma impulsão é dada aos órgãos da fala, mas, ao mesmo tempo, tem consciência do que fala, à medida que as palavras se formam.
A incorporação/psicofonia inconsciente é rara. De cada 100 médiuns, só dois são inconscientes. Vinte e oito médiuns em cada 100 são semiconscientes. Já a psicofonia consciente é a mais comum (70 em cada 100). Nesta última categoria, o médium tem maior intervenção material, modificando estilo, gestos e entonação da voz do seu “instrumento” corporal. Nas incorporações semiconscientes e inconscientes, as mensagens do espírito não são guardadas pelos médiuns. E ao recobrar a consciência, o médium geralmente nada recorda das mensagens recebidas.
Existe uma categoria de médiuns conhecidos como poliglotas ou xenoglotas. A xenoglossia – o chamado dom dos idiomas – é surpreendente até mesmo para os que creem nos fenômenos espíritas. Os médiuns poliglotas ou xenoglotas são os que tem a faculdade de falar ou escrever em idiomas que lhe são desconhecidos, até mesmo em dialetos já extintos no mundo.
Para finalizar, é fundamental lembrar que os médiuns têm o dever de coibir os excessos da entidade comunicante. O médium deve controlar o espírito que se comunica para que este lhe respeite, até mesmo porque o espírito não “entra” no médium. A comunicação é sempre através do perispírito.
Mesmo médiuns inconscientes têm coparticipação no fenômeno mediúnico. Ao mesmo tempo exercem a fiscalização, o controle e devem impedir quaisquer abusos. Para que um médium se torne um médium seguro, um instrumento confiável, é necessário que evolua moral e intelectualmente.
Átila Nunes
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