Publicado 11/11/2023 00:00
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A crença na reencarnação de animais é uma questão complexa, que varia entre diferentes religiões e culturas. Abordamos, hoje, a visão de algumas religiões importantes sobre o tema, tema, aliás, muito caro para os brasileiros, já que o Brasil é o país em que mais existem animais de estimação.
No Hinduísmo, religião largamente praticada na Índia e no Nepal, a crença na reencarnação é profundamente arraigada. Acredita-se que todas as almas, incluindo as dos animais, passam por um ciclo de nascimento, morte e renascimento, conhecido como "samsara". Isso é influenciado pelo karma, que é um conceito central na religião hindu: cada ação numa vida afeta a próxima vida.
Para os hinduístas, uma pessoa que vive uma vida virtuosa pode renascer em uma forma superior, como um ser humano, enquanto uma pessoa que vive uma vida cheia de más ações pode renascer como um animal. Isso poderia ser classificado como uma involução do espírito.
Já no Budismo, praticado no Japão, China, Tibete e Tailândia, são compartilhados muitos princípios do Hinduísmo, incluindo a crença na reencarnação. No entanto, o objetivo final no Budismo é alcançar o "nirvana", que é a libertação do ciclo de reencarnação.
No Budismo, as ações de uma pessoa (karma) afetam sua reencarnação. Viver uma vida virtuosa pode levar a um progresso em direção ao "nirvana" (princípio abraçado pelo Hinduismo). Influenciados pelo Hinduísmo, os budistas tailandeses acham que, além da reencarnação como animais ou humanos na Terra, as almas também podem passar milhares de anos no céu ou no inferno, dependendo do karma acumulado.
O Jainismo, outra religião indiana pouquíssima conhecida, também acredita na reencarnação. Eles veem as almas como eternas, capazes de renascer em várias formas de vida, incluindo animais. A não violência (ahimsa) é um princípio central do Jainismo.
Na Doutrina Espírita e nas religiões afro-brasileiras, crê-se na constante evolução espiritual do ser humano através das reencarnações. Allan Kardec, o fundador da Doutrina Espírita, escreveu extensivamente sobre a reencarnação. Alguns acreditam que os animais podem ter lembranças de vidas passadas, enquanto outros veem a reencarnação como uma oportunidade para sua evolução espiritual.
Após morrer, o animal ficaria num estado errático, já que sua alma não está unida a um corpo. Ele não é considerado um espírito errante, contudo, já que esse tipo de espírito pensa e age por livre e espontânea vontade. Apesar de seguir tendo sua individualidade, o animal não tem consciência do seu eu, já que ainda não possui a evolução necessária para ter essa consciência.
No mundo espiritual, os animais seriam conduzidos quase que imediatamente para uma nova reencarnação pelos espíritos incumbidos desta função. Ou seja, ele fica pouco tempo na outra dimensão. Outras correntes, contudo, defendem que os espíritos dos falecidos podem reencarnar tanto em seres humanos como em animais.
Os defensores desse princípio invocam o comportamento típico de alguns animais domésticos como os cães, por exemplo. Esses animaizinhos se doam durante sua curta existência para seus donos, pouco se importando com sua condição socioeconômica ou raça. Os cães são capazes de doarem suas vidas pelos seres humanos. Isso seria a maior prova de que seriam espíritos evoluídos (e não involuídos) tamanha sua bondade.
Assim como os seres humanos necessitam da reencarnação para aprender e evoluir, também existe reencarnação de animais, obviamente mais complexa e particular que no ser humano. O que diferencia os animais dos seres humanos é a ausência de livre-arbítrio. Um cão, por exemplo, não tem poder de decisão sobre qual família reencarnar ou em que raça e linhagem.
Só que todo animal teria um princípio espiritual voltado para a evolução contínua. Um dia atingirá a complexidade necessária para estar habilitado a encarnar num corpo humano.
Átila Nunes
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