Publicado 01/06/2024 00:00
Em nossa sociedade, riquezas convivem com a pobreza, fama com o anonimato, belezas com feiuras, saúde com doença, analisa o nosso irmão Ary Ramos, Doutor em Sociologia da Universidade do Estado de SP (Unesp). Para ele, o mundo é repleto de contradições, que acabamos achando naturais, devendo ser aceitas por todos.

Em nosso mundo encontramos riquezas materiais, poder e luxo, convivendo ao lado de pobreza, miséria e degradação. E é exatamente em contradições iguais a essa, que percebemos como o nosso planeta ainda se ressente de estruturas morais mais sólidas. E isso, apesar das novas tecnologias, máquinas e equipamentos, pontua Ary Ramos.
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Um por cento da população mundial possui mais de 25% de toda a renda mundial. Assim, notamos a existência de uma casta de pessoas que vivem em condições privilegiadas, enquanto outros grupos vivem em condições precárias, passando provações da mais variadas. Para essas pessoas, não há alimentação suficiente. Para elas, tem ausência de esperança e de perspectivas, onde a desesperança, o medo e as incertezas ganham espaços crescentes na coletividade.
Os espíritas não criticam a riqueza e a acumulação, mas acham que podem levá-los a adotar valores altamente materiais, deixando de lado os valores espirituais. Tudo que é excessivo não se deve estimular na visão espírita: excesso de dinheiro, excesso de trabalho, excesso de consumo ou excesso de gastos. Todos, continua Ary Ramos, são vistos como excessos materiais e devem ser evitados.

O dinheiro é positivo na sociedade e deve ser visto como um grande instrumento de geração de bem-estar social. O dinheiro auxilia na construção de um futuro digno para os indivíduos, melhora as condições alimentares da população e abre novas perspectivas para pessoas que vivem em condições em que até mesmo o sonho não lhe é possível. Usar o dinheiro de forma correta e equilibrada é algo fundamental e deve ser estimulado.

E por que Deus concedeu a uns riquezas e poder, e a outros, a miséria? Para experimentá-los de modos diferentes. Nesse mundo marcado pelo poder e pela força da matéria, muitos indivíduos desprovidos de recursos financeiros se revoltam contra Deus. Enquanto a miséria pode provocar a revolta com a Providência Divina, a riqueza incita aos excessos, salienta Ary Ramos.
Dispondo de maiores recursos financeiros e meios para fazer o Bem, o rico, não o fazendo, torna se egoísta, orgulhoso e insaciável, acumulando dívidas no retorno ao mundo espiritual. Se Deus experimenta o pobre pela resignação, o rico é experimentado pelo emprego que dá aos seus bens e ao seu poder econômico e financeiro. Muitos pobres não acreditam ou não o querem fazer, mas a prova da riqueza é mais difícil de ser superada com êxito do que a prova da privação.
Os recursos monetários e financeiros são importantes e não devemos negar sua relevância, mas devem ser vistos sempre como meios para que atinjamos o progresso de forma mais consistente. Nunca devem ser vistos como um fim em si mesmos. Como diz o Ary Ramos, quando o enxergamos assim, estamos nos desvirtuando dos verdadeiros valores da vida.
A riqueza e a pobreza que vivemos no mundo material deve ser encarada como uma etapa para nossa evolução. Muitos irmãos, dotados de grandes habilidades intelectuais e posses materiais, viveram apenas buscando prazeres materiais, deixando que seus talentos trouxessem benefícios apenas para si, ignorando os irmãos desamparados. Como destaca Ary Ramos, transformam suas vidas num eterno acúmulo de recursos monetários e prazeres materiais, num mundo marcado pela pobreza moral e pela indigência espiritual.
Muitos destes irmãos retornaram à matéria em situações degradantes, alguns em regiões pobres e miseráveis, outros sem a capacidade intelectual que anteriormente os caracterizavam. Tiveram encarnações de expiação e, quando desencarnaram, foram socorridos pelos bons espíritos. Assim, voltaram para o mundo espiritual de uma forma mais consciente, continua Ary Ramos.

É óbvio que evoluíram e estão em franco progresso espiritual. Outros sucumbiram ao desânimo e à desesperança, revoltando-se contra as leis divinas e postergando seu progresso espiritual. Ary afirma que muitos cultivam falas sofisticadas e passam a impressão de grandes conhecimentos. Aparentemente, tudo parece perfeito, mas internamente somos ainda muito pequenos e precisamos labutar muito em busca dos verdadeiros ideais da vida, nesta caminhada.
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